Clique para visitar a página do escritor.

Malevolência

29/10/2007

Em que anda metido agora?

Em nada. Mal tenho tempo para me concentrar em coisas sérias com tudo isso.

Mas está escrevendo?

Não.

Não quer escrever outro romance?

Veremos. Passo o tempo todo envolvido em coisas ligadas a esse maldito livro, estou farto.

Maldito livro? Já o odeia?

Não, tê-lo escrito, não. Mas tudo isso. Repetir esta entrevista 30 ou 40 vezes…

Você não dá muitas…

Demasiadas, considerando as que eu gostaria de conceder. Não vejo sentido nisso a não ser que surjam coisas novas. É preciso fazer, é parte do seu trabalho também, devem vender jornais, é puro comercialismo, não tem nada a ver com outra coisa. Fiz algumas entrevistas interessantes em que surgiram alguns elementos novos, e nesse caso valem.

Nesta você disse algo novo?

Não.

Pois acrescente-o.

Não tenho mais nada a acrescentar.

Se fosse apenas pelo final amargo, que na rapidez das raquetadas lembra uma partida de pingue-pongue de competição, já valeria a pena ler a longa entrevista do Babelia, suplemento literário do jornal espanhol “El Pais”, com Jonathan Littell, autor de “As Benevolentes” (Alfaguara, tradução de André Telles). Mas há outros atrativos na entrevista, entre eles o de questionar Littell sobre um certo “excesso” do romance – uma crítica que eu, tendo cumprido até aqui um terço da jornada de 900 páginas, julgo procedente. Fica mesmo uma certa impressão de que o autor, após fazer uma pesquisa exaustiva sobre seu tema, teve dó de desperdiçar qualquer migalha de informação e tratou de despejar tudo no livro. Curiosamente, trata-se da mesma crítica que costuma ser dirigida a outro romance de 900 páginas que, como “As Benevolentes”, também vai se firmando como tema de debate entre os leitores à revelia de nossa brava imprensa literária: “Um defeito de cor” (Record), de Ana Maria Gonçalves.

Não quero me estender na crítica por enquanto. Com menos páginas, o efeito pretendido pelo autor teria ficado mais nítido ou, pelo contrário, se perdido? Aquela impressão de afogamento em detalhes factuais que acomete o leitor é intencional? Tudo isso é complexo demais para que um pitaco disparado do meio da leitura seja qualquer coisa além de irresponsável. Prometo voltar ao assunto na hora certa. (Que, infelizmente, acabo de atrasar em cinco dias, tempo que passei de cama profunda na companhia de uma gripe cuja malevolência faz Maximilien Aue parecer uma donzela – se bem que ele parece mesmo uma donzela… Em situações desse tipo, o inferno fica próximo demais para que um livro como “As Benevolentes” seja tolerável. Mas passou.)

43 Comentários

  • Marcus 29/10/2007em17:15

    Não li ainda o livro da Ana Maria Gonçalves, mas penso que às vezes o excesso de detalhes é um recurso estilístico sim, intencional.

    Não consigo deixar de pensar que quando Thomas Bernhard, em seu Extinção, passa dezenas de páginas refletindo sobre uma fotografia, esmiuçando todos os significados possíveis e imagináveis dela, ele o faz de propósito para que entendamos o seu fluxo de pensamentos.

    (não é exatamente a mesma coisa, mas acho que serve como comparação)

  • joao gomes 29/10/2007em17:54

    Bom retorno Sergio!

    Aqui rolou algumas malemolências sobre tuas ausencias.

    Mas como diria Al-Khayyam “Se não queres que te roubem sem clêmencia, esconda tua bolsa, tuas palavras e tuas ausências.” (mais ou menos. livre).

  • Tibor Moricz 29/10/2007em18:06

    “malevolências” por supuesto?

  • Claudio 29/10/2007em19:25

    Um dos direitos do leitor é o de pular páginas (li isso em algum lugar – não me lembro onde – a respeito de como lidar com o “Moby Dick”, de Melville).

    Confesso que em “Santos Dumont Número 8”, eu possa ter tido “dó de desperdiçar qualquer migalha de informação”, como diz Sérgio a respeito de Littell e suas “Benevolentes”.

    Mas, depois de anos de pesquisas, é sempre muito complicado cortar. Meu romance, em laudas, ficou com mais de 800 páginas. A editora criou uma formatação alternativa e o livro ficou com 464.

    Hoje, analisando friamente, penso que talvez fosse melhor cortar sem dó, nem piedade (mas, como é difícil) e facilitar a legibilidade. Mas, certos livros cumprem seu papel dessa forma mesmo, no caminho tortuoso, na leitura não linear, na descoberta inusitada de um trecho aqui, outro lá, quase que ao acaso.

    No fundo, o escritor escreve é para si mesmo, mas o leitor, em seu processo de leitura, sempre reinventará um outro livro.

    Certos livros serão abandonados pelo caminho, sequer serão lidos, poderão ser resgatados décadas depois, deixados de lado novamente, e ainda assim cumprirão o seu papel.

    Ulisses, por exemplo, dificilmente é lido de “cabo a rabo”, mas cumpre o seu papel.

    Cortázar confessou que recuperou alguns capítulos “dispensáveis” de Rayuela, a partir da idéia de “oferecer” ao leitor a possibilidade de uma leitura não sequencial. E se não o tivesse feito isso, “Rayuela” seria “Rayuela”?

    Pensando bem, acho que em literatura, não faz muito sentido discutir o “e se…”, porque esse “e se” acontece o tempo todo.

  • gabriela 29/10/2007em19:58

    Eu achei que essa entrevista fosse do Sérgio com ele mesmo, pra justificar o sumiço!

  • Fabio Negro 29/10/2007em20:20

    Pôxa, eu adoo livros grandes, livros grandes me fazem vencer a morte!

    Acabei de ler – pela 5ª vez – Xógum, do James Clavell, e a sensação de tristeza, aquele gostinho ruim de “ah, tá acabando!” só aparece quando a gente lê livros grandes ou gibis grandes.

    Mas se o livro grande se prende em detalhes, em descrições de cenas estáticas… daí a sensação é tipo “mas eu gastei tanta grana nessa bosta?”

    Kavalier & Clay, por enquanto, é o maior livro do mundo na minha vida, não termino aquela chatice nem fodendo! E paguei mais de 50 paus…

  • Daniel Brazil 29/10/2007em22:44

    Quinta vez, Fabio? Eu entendi na primeira…

  • Saint-Clair Stockler 30/10/2007em00:18

    Fabio: se você estiver no Rio de Janeiro e quiser me dar o livro do Chabon de presente, eu aceito. Nunca li nada dele e sou louco pra ler… Considere sua doação assim como uma espécie de mecenato para um jovem (?) literato. Prometo citar seu nome na parte de “Agradecimentos” do meu livro.

  • Cássio 30/10/2007em08:22

    Sérgio, estou acabando agora de atravessar Les Bienveillantes. Realmente, a sensação é de que ele poderia ter contado uma história tão boa quanto com metade do número de páginas. Não que ele seja o tipo Proustiano que divaga sobre um perfume por cinco parágrafos – se fosse assim eu desistiria de cara. Tenho o costume de roteirizar na minha cabeça os livros que leio, como se fosse passá-los no cinema, reconstruindo a história como o autor conta. Com esse livro foi fácil, mas iria virar uma série daquelas de trinta capítulos, com muitos personagens secundários, apenas um protagonista e cinco mil acontecimentos que ficam com mais ou menos a mesma relevância, e três ou quatro passagens realmente memoráveis. Pode ser que eu esteja sendo um pouco cruel, mas não, Littell não é Dumas.

  • Fabio Negro 30/10/2007em08:29

    Daniel Brazil, você lê um romance para entender? Exótico.

    Saint-Clair, eu também sou um jovem literato. Mas sou teimoso e preciso terminar de ler esse livro, um dia.

    Neste dia, quem sabe, a gente faça umas trocas literárias via Correios.

  • Leandro Oliveira 30/10/2007em09:04

    Marcus, o problema dos dois livros, a meu ver, é que fatos históricos ocupam várias páginas, diferentemente de Bernhard que vai divagando. Numa analogia, trechos dos dois livros são como reportagens. Atrasar o andamento da ação, com informações, é um recurso muito bom, mas isso tem de estar bem amarrado à história. Citei um exemplo em minha resenha para a Copa de Literatura, sobre o livro da Ana, onde a narradora, num certo trecho, detalha o método de fabricação de charutos da época. Informações precisas, mas que poderiam ter sido cortadas sem nenhum problema.

  • joao gomes 30/10/2007em10:24

    E aí quem leu o Zodíaco de Graysmith?

    até o meio a coisa até que desenvolve bem, mas depois começa a cansar.

  • Bemveja 30/10/2007em10:55

    Edição é um elemento importante na produção literária. Muita gente que leu The Historian, da Elizabeth Kostova, ficou com a mesma impressão de excesso de pesquisa que, diga-se de passagem, tem apenas relação secundária com a qualidade do produto final.

  • Areias 30/10/2007em11:01

    Talvez, o que seja excesso para um leitor pode comprazer um outro. Muita pretensão querer que as vá lá 900 páginas de uma obra nos agradem de modo idêntico. Não gosto muito de ler como se fosse uma corrida de saltos sobre obstáculos, embora já o tenha feito sem a menor culpa. No mais, pelos tempos acelerados em que vivemos, admiro muito a arte do corte, que só o autor deve conceber.

  • Saint-Clair Stockler 30/10/2007em11:03

    Fabio, sabe aquelas sincronicidades junguianas? pois é… Amanhã chega aqui em casa o Garotos incríveis. Adoro o filme e resolvi comprar o livro porque há tempos estou curioso pra ler algo do Chabon. Você leu este livro?

  • vinicius jatobá 30/10/2007em11:17

    O Littell é um escritor regular que saiu muito caro. Genial é o seu agente literário. Esse é gênio, de verdade. E tem gente que celebrou a compra super-valorizada desse romance… O dinheiro que se pagou ali dava para trazer uma série de bons autores de verdade para o país. É um livro de moda que tem recebido um tratamento plastificado pela imprensa, que está com pudores de dizer que o livro não é o que foi anunciado… E não é, de verdade. Tem que arrebentar o livro, é soporífero, arrastado, não consegui passar da página 300, e segue uma fórmula, de tanto em tantos anos surge sempre um livro definitivo sobre a natureza do mal… E que em três anos ninguém mais leva a sério… O mundo tem grandes escritores em atividade que nunca foram publicados aqui, e se os editores querem oferecer estrangeiros que valem a pena devem buscá-los em catálogos e não nas boutiques… E vão pagar barato, não precisa pagar caro para fazer uma coleção de qualidade, é só fugir da moda porque a moda envelhece mesmo… E esse negócio de participar dos leilões internacionais é glamouroso, mas o Brasil tem que saber (e reconhecer) a limitação do seu mercado porque a acumulação de ano após ano pagando caro por livros regulares que não vendem apenas encarece mais e mais os outros livros… E quem paga a conta?

  • Claudio Faria 30/10/2007em11:48

    Pessoalmente achei “Garotos Incríveis” um saco. E concordo que “O Historiador” seria bem melhor se não se arrastasse tanto em alguns momentos. Não tenho preguiça de ler livros longos, mas eles precisam ser realmente MUITO bons para que eu não fique com a sensação de que “poderia estar lendo outra coisa”…

  • Claudio 30/10/2007em14:57

    Bookeen Cybook Gen3 (Off topic)

    8.000 page flips sem recarga, display de resolução 800 x 600, headphone stereo, 64MB de armazenamento, slot de expansão SD e conectividade USB. Preço US$ 350.

    Vejam um vídeo aqui: http://www.youtube.com/watch?v
    =dJzR5AXkR28 .

  • Claudio 30/10/2007em14:59

  • Bemveja 30/10/2007em15:30

    No Booken: “Demo: The Da Vinci Code”…

    O problema é que cada virada de página gera um flicker preto/branco que incomoda um pouco. O efeito cumulativo deve ser meio cansativo.

  • Rafael 30/10/2007em16:25

    Confesso que não li as “Benevolentes”. Concedo que talvez seja uma dessas obras-primas que somente os pósteros saberão apreciar. Chi lo sà?

    A entrevista, no entanto, revela um sujeitinho bem arrogante, daqueles que fingem desprezo das realizações alcançadas para humilhar o interlocutor. A falsa modéstia é uma das vestes com que a fatuidade costuma se paramentar.

    Dá para acreditar na sinceridade de quem chama “maldito livro” à mina de ouro que encontrou no seu quintal literário? Esse livro deu ao Littell fama e dinheiro, bens que os deuses da literatura raramente agraciam aos seus cultores. O cara hoje é bajulado, tem uma gorda conta bancária, sua obra tem sido objeto de incontáveis comentários — será que ele está mesmo “farto”?

    O azedume final (“não tenho nada mais a acrescentar”) é epílogo ensaiado do teatro dramático que o autor concebeu para si mesmo.

    Goethe, o octogenário Goethe, reservava ainda, mesmo próximo da morte, doces palavras para o “Werther”. O fiel Eckermann registrou-as em seu belo relato. Havia, então, obra tão comentada e influente que o “Werther”? Para onde ia, Goethe era cercado por entusiastas do “Werther”. O verdadeiro gênio sempre tem coisas novas a dizer sobre suas obras, mesmo a mais comentada delas.

  • Claudio 30/10/2007em16:28

    Bemveja, este efeito (flashing) entre páginas pode ser desativado. O mundo é outro, entende? O “livro” agora é totalmente configurável. As histórias, em breve, também o serão, como nos games.

  • Fabio Negro 30/10/2007em19:02

    Comecei a ler um livro do John Cheever, “A Crônica dos Wapshot”.
    Os engulhos já começaram.

    Saint-Clair, a vontade era taaaanta, assim? Meu primeiro livro do Chabon foi mesmo Kavalier & Clay.
    Mas fui na onda de alguns blogs, por quê eles destacavam algo que me fisgou pelo nariz: o surgimento dos quadrinhos de super-heróis nos EUA.

    Lá pelas tantas (dizem) aparece Stan Lee, Kirby e outros pioneiros do gênero. E que um dos protagonistas é muitissíssimo baseado em Jim Steranko, meu ídolo, ÍDOLO.

    Essas partes são interessantes (embora não tão bem escritas), mas são tipo o glacê que te ajuda a engolir um bolo que não desceria de outra forma.
    Imagina vocÊ vencendo , sei lá, 200 páginas com um certo esforço, e o capítulo seguinte começar com duas páginas inteiras só descrevendo um quarto em que algumas pessoas estão dormindo. É sair DEMAIS do assunto.

    É como se minha namorada quisesse ir ao cinema enquanto eu tô assistindo a Copa do Mundo.

  • Sérgio Rodrigues 30/10/2007em19:17

    Saint-Clair: você vai se divertir com Garotos Incríveis, uma ótima comédia – com toques autobiográficos – sobre como meter os pés pelas mãos ao escrever um romance debaixo da expectativa do mercado. Deixa o filme no chinelo. Kavalier & Clay eu já recomendei aqui e expliquei por quê, imagino que você tenha lido na época. Gosto de Chabon, que não tem nada de genial mas é talentoso e trabalha com dedicação rara a velha forma do romance. Se ele fosse menos dotado de senso de humor – e auto-ironia, a medida suprema da inteligência – seria praticamente um neoconservador do romance. Um abraço.

  • Fabio Negro 30/10/2007em20:03

    Sérgio, já leu alguma coisa escrita pelo James Clavell?

  • Saint-Clair Stockler 30/10/2007em21:41

    Fabio:

    Sim, eu estava há tempos curiosíssimo para ler algo do Chabon. Fiz um trabalho pro meu irmão e ao invés de receber em dinheiro, pedi que me pagasse em romance. Rsrsrs.

  • Saint-Clair Stockler 30/10/2007em21:45

    Sérgio:

    NUNCA li o Chabon. Mas estava curiosíssimo. Como adoro o filme, resolvi ler o livro. Me lembrei que você até o recomendou entusiasticamente (digo, ao Chabon). E eu gosto – por motivos óbvios – de histórias de escritores. Apesar das opiniões do Fabio Negro estarem me deixando apreensivo, ainda vou dar um voto de confiança ao Chabon… Quem consegue ler Proust, consegue ler uma descrição de duas páginas de um quarto. Rsrsrsrs.

    Só espero que o livro chegue a tempo para o feriadão…

  • Daniel Brazil 30/10/2007em23:17

    Calma, Fabio, foi só uma velha piada de boteco.
    Nos tempos de estudante, adorava provocar as universitárias que diziam “adoro tal filme, assisti vinte vezes!” Resposta automática: “Entendi na primeira”.
    Que não perca o amigo pela risonha e tola reminiscência!

  • Sérgio Rodrigues 31/10/2007em00:39

    Fabio: não li nada do James Clavell.

  • Jonas 31/10/2007em01:31

    Que coisa, Fábio, eu achei que a grande qualidade do Kavalier era justamente que ele flui demais. Lembro que eu lia umas 150 páginas por dia, isso trabalhando 8 horas. Não achei brilhante ou fora do comum, apenas uma história muito bem contada. Nem notei o tamanho do livro.

  • Tibor Moricz 31/10/2007em11:55

    “Desvario laborioso e empobrecedor o de compor extensos livros; o de espraiar em quinhentas páginas uma idéia cuja perfeita exposição oral cabe em poucos minutos. Melhor procedimento é simular que esses livros já existem e oferecer um resumo, um comentário.” – Jorge Luis Borges

  • Rafael 31/10/2007em12:18

    Tibor,

    Nesta frase, Borges está justificando sua técnica narrativa. Digamos que é marketing pessoal.

    “Dom Quixote”, “Tirant lo Blanc”, “Guerra e Paz” são, com certeza, frutos de “desvairo laborioso” dos seus autores, mas não são leituras empobrecedoras. Ademais, tamanha é a diversidade temática desses livros que a exposição oral completa de todas as idéias que abarcam levaria dias e dias para terminar.

  • Claudio 31/10/2007em13:18

    Pessoal, fico admirado com vcs. Quantos romance INTEIROS vcs conseguem ler por semana? As citações são diversas e com tanta propriedade que me nego a acreditar que vcs não os tenham lidos da primeira à última página. É realmente impressionante.

  • Fabio Negro 31/10/2007em15:03

    Jonas, cê leu na versão original? Porquê a tradução da editora Record (que sempre tem traduções porquinhas) é bem truncada.

    Eles traduzem todos aqueles “you, know?” e traduzem “really bad” como “realmente ruim” em vez de um “péssimo“.

    Não é ilegível, mas é como ver o rascunho por baixo de um desenho pronto. incomoda.

    Mas nem a tradução estraga Xógum, do James Clavell. E é por isso que eu recomendo este livro ao Sérgio Rodrigues. Best-seller em sua expressão máxima, mas numa época em que o pop ainda não tinha conseguido absorver as técnicas literárias de James Joyce.

    Acho que o Clavell foi um dos melhores utilizadores da voz interior + cadeia de pensamentos.
    Se bem me lembro (e porra, já li o livro CINCO VEZES!) tem uma hora em que até um falcão de caça “dá sua opinão” sobre uma estratégia de guerra.

    Pra mim James Calvell é o Garrincha dos romances bestsellers.

    ADVERTÊNCIA: termos náuticos podem encher o saco dos leitores menos esforçados.

  • Cezar Santos 31/10/2007em16:17

    Fábio Negro, não li o Clavel, mas vou cobrir a lacuna assim que possível, confiando em seu vaticínio.
    Eu tenho um Garrincha dos best-sellers, que é o Grisham… acho o cara sensacional. Oferece diversão de primeira em livros bem-escritos, tramas articuladas, etc.

  • Cezar Santos 31/10/2007em16:21

    Agora, esse Litlell ai tá com viadagem. A frescura do sujeito tá estampada na cara.
    Atenção, Saint-Clair, digo “viadagem” no mau sentido da palavra…rsssss…..

  • Felipe 31/10/2007em16:56

    Eu e minha mulher lemos a primeira página de As benevolentes, numa livraria aqui de Floripa, e ficamos impressionados. O texto é realmente muito bom. Deu vontade de comprar. Pena que é caro.

  • Fabio Negro 31/10/2007em20:43

    Nunca li Grisham nem aquela Barbara Delinsky, mas recebo tantas boas indicações. Que livro do Grisham você diria que é acima do bem e do mal, prauqela pessoa que quer sentir toda a emoção e sabor (uau!) deste escritor já na primeira leitura?

    Porquê do James Clavell eu recomendo Xógum, assim, de olhos fechados, aposto meu joelho direito nesse livro.
    Os outos, tipo Tai-Pan e Casa Nobre eu só recomendaria pra quem virou fã do cara. São livros alguns graus inferiores a Xógum.

    Mas, realmente, acho que só consigo ler livros gigantes de anglo-saxões.

    Americanos e franceses se perdem em descrições de vacas no pasto, brasileiros parecem que não se esmeram em personagens que queiram MESMO atingir um objetivo. Todo mundo é meio largado, colhido pelo destino, um lance meio broxa.

    MAS, ESPEREM: na Americanas.com tem um livro do Clavell, um tijolaaaaço, chamado “Turbilhão“, a 10 reais. O livro se passa no Irã, durante a ascensão do Aiatolá Khomeini e o motivo do preço baixo é que eles só têm o primeiro volume, o segundo vocês precisam encontrar no sebo.
    O meu chegou hoje, comecei a ler e já vi que não é nível Xógum mas, puxa, tem alguma coisa especial nesse livro.

  • Saint-Clair Stockler 01/11/2007em10:49

    Cezar,

    Não precisa ser politicamente correto por minha causa, não. Rsrsrs. Afinal, eu mesmo não sou…

    Comecei a ler ontem (chegou com um dia de antecedência!) o Garotos incríveis e estou adorando! É narrado na primeira pessoa – coisa que gosto muito – e o narrador, Grady Tripp, é ótimo. Humor e ironia destilados praticamente a cada parágrafo.

    Vejam essa sobre escritores: “De qualquer modo, agora que penso nisso, ele foi o primeiro escritor de qualquer tipo a atravessar o meu caminho, real ou não, numa vida que, no todo, tem sido um pouco apinhada demais de representantes dessa raça amarga e excêntrica.”

    hihihi

  • Fabio Negro 01/11/2007em14:03

    PRIMEIRA PESSOA!
    Isso deve fazer uma diferença abissal. Geralmente o narrador onisciente é quem gosta de emrolation.

    Acho que um dia eu compro Garotos Incríveis em algum sebo.

  • Cezar Santos 01/11/2007em16:03

    Fábio,
    Pode começar por qualquer livro do
    Grisham, mas já que me pede uma dica, recomendo “Tempo de matar” e “A intimação”…
    Se vc gosta de triller, de drama de tribunal, de policial, os livros do cara têm tudo isso. É diversão na certa.
    Boa leitura!

  • Fabio Negro 01/11/2007em18:41

    Beleza, Cezar, se eu realmente comprar (vai entrando na lista, vai entrando) dou uma dica aqui pra futuros visitantes.

    Ei, peguei uma opinião numa loja eletrônica sobre o livro “Tempo de Matar”.
    Vejam só:

    Acho que qualquer crime passa menos o estupro, muito menos quando se trata de uma criança de 10 anos… Acho que uma pessoa desta tem que sofre muito, e depois ser morta!!!
    Amanda Totino (amanda@fox2000.com.br)

  • Jonas 02/11/2007em14:40

    E voltando ao Jonathan Littell: o livro ainda não foi lançado nos Estados Unidos, né? Então imaginem a sobrevida da repercussão quando sair por lá. Se ele já está de saco cheio, que se prepare..