Clique para visitar a página do escritor.

Alain de Botton e a AAPC

16/05/2006

O escritor suíço (radicado em Londres) Alain de Botton, autor de “Como Proust pode mudar sua vida” (Rocco), praticamente inventou um novo gênero literário, a auto-ajuda podre de chique (AAPC). A AAPC permite ao cidadão fazer aquela leitura utilitária típica da auto-ajuda mais rasteira – “como este livro pode me melhorar?”, pensa, calculando o custo-benefício de cada volume – e ao mesmo tempo desfrutar de uma sensação de refinamento intelectual que apaga qualquer culpa que tal pedestrianismo pudesse causar. Em termos comerciais, a AAPC é coisa de gênio. Como leitura, há quem goste.

Não é o caso da crítica Rachel Aspden, da revista New Statesman (acesso livre, em inglês). O último livro do autor, “A arquitetura da felicidade”, um passeio pela história da arquitetura em busca daquilo que pode – claro – melhorar a nossa vida, é recebido por ela a golpes de marreta: “(O livro) é como um capuccino plastificado da Starbucks: consiste de 65% de banalidades acachapantes apresentadas sob uma espuma de polissílabos alatinados”.

9 Comentários

  • Daniela Abade 16/05/2006em11:57

    AAPC foi a melhor definição que eu já li do Botton. Que, aliás, já apareceu grafado na sua outra coluna “A Palavra é”.

  • Sérgio Rodrigues 16/05/2006em12:21

    Não entendi, Dani. Vai ver que aconteceu, mas juro que não me lembro de ter falado do Botton na Palavra É.

  • Gabriela 16/05/2006em12:22

    Finalmente alguém definiu o Alain de Botton como ele merece. AAPC é sensacional.

  • Daniela Abade 16/05/2006em13:07

    A piada foi minha, quando eu li Botton, na “A palavra é”, achei que fosse uma crítica ao moço. Nem me lembrava que a palavra era associada ao tal do broche. Se não me engano, comentei isso contigo.

  • Sérgio Rodrigues 16/05/2006em13:39

    Ah, é verdade. O ‘button’ que no Brasil virou ‘botton’…

  • Luis Antônio Escobar 16/05/2006em17:54

    Entre a cruz e a espada, ou seja, entre Lair Ribeiro e Botton, eu prefiro a espada, isto é, Botton.

  • Meg (sub Rosa) 16/05/2006em23:29

    Ah! Sérgio, todos os vivas para a Rachel.
    Quando eu penso que esse rapaz estudou filosofia setecentista francesa na Inglaterra, (Cambridge) escreveu pelo menos dois interessantes livros sobre o romantismo como corrente filosófica, e do nada, esquisitíssimamente me sai com o tal livro do “Proust…” eu realmente fiquei aturdida.
    Até fiz um post sobre isso.
    Mas o que é(ra) o Sub Rosa diante do Washington Post que o chamou de “Sthendal dos anos 90”!?
    Agora, veja, alastrou-se!
    Eu me pergunto que desvio esse rapaz terá tido. Ou o que causou esse desvio…
    Pode acrescentar à sua sigla um I final, que tanto serve para imbecil quanto para inútil.
    Um abraço
    M.

  • Sérgio Rodrigues 18/05/2006em08:57

    Meg, acho que o “desvio” a que você se refere é a velha glória, pode chamar de reconhecimento ou prestígio. Dinheiro, parece, não é o caso porque o Botton já tinha de sobra, confere?
    Abraços, apareça sempre.
    Sérgio

  • Ana Lúcia Rodrigues 19/05/2006em17:11

    …mas o A Arte de Viajar é bem interessante!