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América II

15/11/2008

Na semana passada falamos sobre o hábito que têm os americanos de chamar de América um país que, em nossa língua, é conhecido como Estados Unidos. Sem pretender lhes negar o direito de se referir desse modo a seu país, o argumento usado aqui foi o de que o português tem sua história, seu próprio jeito sedimentado ao longo de séculos, e ao não respeitá-lo corremos o risco de resvalar no servilismo cultural.

Curiosamente, o raciocínio que recomenda evitar em nosso idioma a palavra América como nome do país de Barack Obama é o mesmo que nos incentiva a chamar seus nativos de americanos. Contradição? Num certo sentido, sim. Mas não se for levada em conta a tradição. Faz tempo que chamamos os americanos de americanos, um gentílico consagrado por, entre outros, o mais-que-canônico Machado de Assis.

Um exemplo: em seu famoso ensaio Instinto de nacionalidade, Machado, ao citar o poema épico Song of Hiawatha, chama seu autor, Henry Wadsworth Longfellow, de “cantor admirável” da “terra americana”, assim como Shakespeare o é da inglesa. Não se trata de dizer que está certo porque Machado escreveu, mas de provar que esse uso está enraizado em nossa cultura.

A crítica mais comum a esse sentido de americano não encontra sustentação lingüística alguma: a de que, como americanos somos todos os nascidos nas três Américas, tal uso está simplesmente “errado”. Uma lógica que deixa de levar em conta um princípio básico das línguas: palavras podem ter mais de uma acepção. Americano é uma coisa sem, naturalmente, deixar de ser a outra.

É claro também que a minoria de falantes que, quase sempre por razões político-ideológicas, prefere o sabor vagamente espanholado do termo estadunidense (ou estado-unidense), tem todo o direito de fazê-lo. Mas não o de acusar de vendido ou ignorante quem se atém à corrente principal da língua.

Publicado na “Revista da Semana”.

66 Comentários

  • Pedro de Oliveira 15/11/2008em01:23

    Chamo de norte-americano,nem um e nem o outro. Sou um cara orgulloso. Che che che che! Como diria o cara mais ráipe do momento, por ter sido o professor do tal do Barack, o sotaque tá na mente do falante.

  • Roberto 15/11/2008em02:02

    É impressionante como em apenas duas linhas o louco expõe todos os seus sintomas…

  • Roberto 15/11/2008em02:05

    Mas não saindo do tema do post: gente que fala “estadunidense” é sempre – invariavelmente – mala. Leitor de “Caros amigos” e, muito provável, proprietário de uma camiseta vermelha com o Che Guevara impresso em preto. Nos casos mais graves, a figura fazendo-se acompanhar da frase imbecil: “Hay que endurecer blá blá blá”.

  • Alexandre Lemke 15/11/2008em02:49

    “Eu tenho uma teoria”: antigamente o uso de estado-unidense era impossível. Havia os Estados Unidos do Brasil, e os Estados Unidos da América. O primeiro era brasileiro, o segundo era americano. Agora que o nome do nosso país mudou dá pra chamar os americanos de estado-unidenses de boa.

    Uma coisa que eu percebo (no meu meio, claro) é que os mais jovens não se referem ao país como “América”, só como “Estados Unidos”. “América é usado pelos mais velhos.

    Nada mais natural que com o tempo “estado-unidense” acabe ficando mais comum.

  • Hélio Jorge Cordeiro 15/11/2008em10:07

    Boa questão, Sérgio.

    Realmente, não é muito bom falar que seu pais se chama Municípios Unidos, Cooperativa de Estados ou União de Estados, Estados Confederados, Confederação de Estados ou Estados em União e, é claro, Estados Unidos. Eles estão certos em chamar aquele país de America, pega melhor, né não? Tudo por causa do Américo Vespúcio! Se o Vespúcio se chamasse Sebastião Vespúcio? Ou Severino Vespúcio, hein?

    Esses foram o meu dois centavos de real pra essa conversa

  • Agnaldo 15/11/2008em10:32

    Nunca concordei em chamar somente o povo dos Estados Unidos de Americanos. E nós brasileiros, o que somos?
    Temos que respeitar quem mora lá, mas lembrarmos que vivemos num país maravilhoso, cheio de oportunidades, basta valorizarmos a terra em que vivemos e trabalharmos honestamente para o crescimento do Brasil e dizer a todos que além de latinos, SOMOS TODOS AMERICANOS TAMBÉM.

  • F. S. Gontijo 15/11/2008em11:31

    Eu acho que existe apenas um continente Américano e não Três.
    Se o campeonato fluminense é chamado como campenato carioca devido a força da capital fluminense, porque não chamar de América os Estados Unidos?

  • Sirio Possenti 15/11/2008em11:40

    Sérgio:

    Matou a pau. É isso aí.
    Eu não sou americano: sou brasileiro. O que não dá é cada um inventar uma língua ou um dicionário para seu uso. Sentido decorre de usos, de tradição, não das “letras”. Se fosse assim, a gente nem poderia dizer que uma estrada “vai” de uma cidade a outra, por que sempre pode aparecer um cara que diz que a estrada não vai…

    Roberto: às vezes, uma linha basta.

  • Ricardo Cabral 15/11/2008em12:04

    Não adianta, não tenho paciência para escrever “estadunidense” para firmar qualquer tipo de posição ideológica. Mas também deixo o “América” para eles, os norte-americanos, pois prefiro o consagrado “Estados Unidos”. Êpa, eu disse “norte-americanos”? Ué, então falei dos mexicanos e dos canadenses também? Ah, vocês entenderam, não é?

    P.S. Brasileiro, sul-americano, latino-americano, tudo ao mesmo tempo. Mas americano, não…!

  • Wellington Santana 15/11/2008em12:23

    Olá, Sergio.

    Todos nós nativos do continente america é americano. É um ponto em comum, porem séculos de IMPERIARISMO ESTADUNIDENSE, onde os nativos desde continente aceitando a imposição e a força publicitária daquele país, o termo america acabou sendo incorporado nos vocábulos de pessoas menos informadas. Temos que lutarmos para que toda informação devidamente exposta e não deixarmos fatos como este ocorram e não só com este termo, mas com nossa lingua, que vem sofrendo uma ESTADUNIZAÇÃO ou com o povão diz americanização.

  • andre 15/11/2008em12:37

    A grande verdade e que os que se acham superiores se referem a si como únicos e os que se sentem inferiorizados são denominados como se todos fossem todos os mesmos. Isto não é culpa dos “americanos”, sempre ocorreu, na antiguidade havia os romanos e os bárbaros, e até aqui no Brasil isto ocorre, no sudeste temos cariocas, pulistas e mineiros, não há o termo sudestinos, porém os pernambucanos, cearenses, potiguares, paraibanos são chamados de nordestinos, ou pior de baianos ou paraíbas. Ninguém é santo!!!!!!!

  • Eli 15/11/2008em12:39

    Eu sou Latino americano , sul-americano. Os caras do mexico são Norte ameciano . agora chamar os estadunidense de americano é jogar sujo com a gente .srsrs

  • Isabel Pinheiro 15/11/2008em12:50

    Sérgio, você tá provocando… 🙂 Depois do turbilhão da semana passada, um Americanos II? Eu acho que a minoria (chata) partidária do “estadunidense” deveria se proclamar “republicofederativos”. E chamar os argentinos de “republicanos”. E os uruguaios de “republicoorientais”. Nessas horas eu acredito que o doidinho do Castro Lopes brinda sozinho em seu túmulo… Abs, bom fim de semana

  • Francisco 15/11/2008em13:22

    Graças ao canal do Panamá, hoje, a América do Sul é uma ilha. O nosso gentílico correto seria “ilhéus do sul”, consta que tem um municipio daqui da Bahia que já entrou com uma representação no STF. Como Daniel Dantas (que é da terrinha) é quem manda lá dentro, devem ganhar. Aliás, Doutor Daniel Dantas que o ômi tem doutorado nos istaiti. Saravá! Quando Bush tava cutucando os cabra macho do oriente (eu também sou macho, mas tenho noção de perigo) eu fiquei foi com medo dos árabes entrarem numas de que “é tudo América” e largarem bomba aqui também. Cruzes! Isso me fez lembrar de uma velha suspeita, uma teoria da conspiração afro-baiana de fabricação própria (yes, nós temos teoria da conspiração também). É o seguinte. Quando da formação dos EEUU Jeferson pediu pra amante dele (uma dona negra mui bela e mui fogosa e mui versada nas artes dos orixás e candonblés) pra fazer um trabalho de proteção pro país dele, de modo que todo o despacho contra a américa do norte resvalasse para a américa do sul. Tá tudo explicado! Os cabras do norte parecem uns êre de terreiro ficam atasanando a vida de todo mundo e a gente é que vive no miserê! Isso é trabalho feito misifio. Espie só, não é pra contar vantagem não, mas quase fizeram um “Arquivo X” com a minha teoria, daí pensaram melhor e, já que era pra falar de Brasil, resolveram fazer “Lost”. Sacanagem! É ou não é trabalho!

  • Yvy 15/11/2008em13:29

    Quem nasce na Austrália, é autraliano mas também um Oceânico.
    Quem nasce no Brasil, claro, brasileiro, mas também Sul-americano.
    Quem nasce no EUA poderia ser Estados-Unidense/Estadunidense (assim como canadense)
    Assim como exite Sul-africano, poderia também existir Norte-americano… enfim!
    Oras, se os “apelidos” foram criados por nós mesmo, porque protestar?!

  • Eli 15/11/2008em13:36

    Um amigo meu estava indo ao Estados unidos, estava levando uns pacotes de pequi (fruta do cerrado Brasileiro ) Na chegada os caras falou : essa fruta não tem aqui na america, deve ser coisa lá das arabias. Até explicar o brasil tambem fica na america já tinha levado uns bons catiripapos .

  • Dr. Penisgildo 15/11/2008em13:57

    Acho que todos que debatem aqui sao completos debeis mentais, inclusive o Sergio que so escreveu merda!

  • Sérgio Rodrigues 15/11/2008em14:45

    Sírio, obrigado. Se você que estuda essas coisas a sério gostou, devo ter acertado.

    Isabel, acho que o Castro Lopes inventaria um neologismo para “americano”. Consegue arriscar um?

    Abraços.

  • Daniel Brazil 15/11/2008em14:45

    Ó Brasil, florão da América…

  • Milton Santo 15/11/2008em15:06

    Na minha opinião ,deveriamos deixar o termo Americanos para les os nascidos nosestados unidose seus fãs mais fervorosos , já que brigar por isso agora parece querere receber o título de Americano como se fosse sinal de boa raça. Acho que um dia quando ,se eles não dominarem todos os países da OPEP,eles vão provavelmente tentar ficar para eles com a nacionalidade chinesa,porem se conseguirem preparem-separa arrumar um outro nome para os nascidos no planeta terra, pois só eles poderão ser chamados de terraquios e haverão brasileiros apoiando, podem ter certeza disso .

  • Juan Montesinos 15/11/2008em15:21

    Escrever e escreveu e não disse nada.

  • Raphael 15/11/2008em15:30

    Bah ,,, besteiras aos montes …
    Os Canadenses e Americanos , são Norte-Americanos .
    Os mexicanos , cubanos , nicaraguenses , dominicanos , portoriquenhos , panamenhos , são todos iberos-americanos .

    Braisileiros são sulamericanos , uruguaios , argentinos , chilenos , paraguaios, colombianos, venezuelanos, bolivianos são todos latinos-americanos.

  • cássio vitor 15/11/2008em15:49

    Quando eles chamam os Estados Unidos de “América”, isso traz em sua essência toda a ideologia de dominação e a mania de liderança dos americanos.

  • Andrea 15/11/2008em15:59

    ALELUIA!!!! Alguém importante na Internet que discorreu com sobriedade sobre esta BOBAGEM de ‘estadunidense’ (arrepios), palavrório de DCE de faculdade regado a cerveja.

    E um abraço particular para o Roberto, que em poucas palavras formou a imagem perfeita desses malas que se acham superiores pseudo politicamente por usar essa sandice. Aposto que devem jogar lixo no chão, sentar nas cadeiras de idosos e chamar os porteiros de ‘paraíbas’.

  • Sérgio Rodrigues 15/11/2008em16:19

    Obrigado pela mensagem, Andrea. E, pessoal, olha só o progresso: já são mais de quatro da tarde e até agora não apareceu NINGUÉM para dizer que falar de língua e linguagem é a maior perda de tempo desde a invenção do jogo-da-velha, e que, com tanto assunto importante no mundo, um pobre-coitado como eu deveria arrumar alguma coisa que prestasse para fazer. Tocaiar uma celebridade na rua com minha câmera digital, por exemplo. Abraços!

  • Fábio Santiago 15/11/2008em16:30

    Sergio,
    Quando você falou da “america” me lembrei do livro de Kafka – A America – que infelizmente nunca tive oportunidade de ler. Essa questão de discutir quem é americano e quem não é, não vai dar certo. Tem brasileiros que denominam-se americano (tem direito) e tem outros “brazilian” que a unica America que conhece sâo os Estados Unidos. Isso é questão de geografia ou melhor, a falta dela. É melhor Sergio discutir as obras de Kafka do que forma uma bela opnião sobre isso. Abraço!

  • Leo 15/11/2008em17:22

    Eu sou AMERICANO .
    nasci em Americano do Brasil, certão de Goiás .

  • Nego 15/11/2008em17:25

    Andrea
    Acho que um frequentador do DCE, cheio de Mel num da conta de falar esse Palavrão : Estaduninindense,

  • Cecilia 15/11/2008em19:12

    Sergio, vc começou seu texto dizendo “…….os americanos de chamar de America ….”, como vc se refere a eles assim, existe uma aceitação coletiva. Não concordo. Todo e qualquer país, tem sua denominação prórpia, seu adjetivo pátrio, acho que é o certo.
    Concordo com André. Ninguém diz quando se refere a São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, como sulista, mas se coloca tudo num quilo quando é um estado do nordeste, nordestino ou todos são baianos. Quando se diz americano tem uma supervalorização, quando se diz tudo nordestino, um outro valor, a discriminação. Jogar o individual para o todo não é correto. O sentido é outro. É lógico que nos brasileiros já nos acostmamos com isso, chamar o norte-americano de amaricano, mas devemos mudar. É sódivulgar, alguém importante , num discurso ou uma boa reportagem e isso muda. A lingua é mutavel, ela inova mesmo. Seria um sinal de mudança, se voce iniciasse seu texto dizendo “….os norte-amaricanos …..”. Um sinal de mudança.

  • Tibor Moricz 15/11/2008em19:56

    Sérgio, sinceramente, falar de língua e linguagem é a maior perda de tempo desde a invenção do jogo-da-velha. Com tanto assunto importante no mundo, um pobre-coitado como você deveria arrumar alguma coisa que prestasse para fazer. Tocaiar uma celebridade na rua com sua câmera digital, por exemplo.
    Vê se te toca cara…

  • Sérgio Rodrigues 15/11/2008em20:31

    Tibor, não sei não, mas reparei que seu estilo nessa última mensagem melhorou muito, hehehe…

    Cecilia, e o que a faz pensar que norte-americano é mais “correto” do que americano? Canadenses e mexicanos não concordariam. Língua é uso.

  • wal 15/11/2008em20:46

    gente !!!!!! esse modo de falar surgiu qndo um ex- presidente americano -se nao me engano conhecido como ” tio san “- disse a celebre frase ameria para os americanos… ele se referia aos estadunidenses, americano s obviamente todos nos somos, mas se tornou um habito referir aos cidadaos estadunidenses como americanos e isso certamente nao mudará. E tem + se é assim usar o termo norte-americano tmb é errado pois os canadenses e mexicanos tmb sao….

  • João 15/11/2008em22:32

    Alexandre Lenke disse bem. Estado-unidense é um termo que tende a ser cada vez mais empregado, em detrimento do termo “americano”. Estranho ver como os conservadores se revoltam com o novo, taxando logo aqueles que preferem o termo estado-unidense de fanáticos de Che, dentre outras besteiras. Como os alemães, por exemplo, se referem aos “americanos” ou “estado-unidenses”?

    É a velha dificuldade dos conservadores em aceitar o novo!
    Estado-unidense sim, por que não?

  • Tibor Moricz 15/11/2008em22:39

    Sérgio, o Nareba tem me dado umas aulas…

  • Fábio 15/11/2008em23:35

    Estadunidense
    Diz a revista engajada
    Do correligionário e do companheiro
    E do sem-terra politizado.
    Mas os brother e os mano (e até as mina)
    Brazuca mermo
    Dizem todo dia
    Deixa disso, cara,
    É americano.

  • Sérgio Rodrigues 15/11/2008em23:36

    João, o termo “estadunidense” não tem nada de novo e duvido bastante que tenha futuro como forma dominante. Como idiossincrasia e marca de postura ideológica, seu nicho deve estar garantido. A língua muda o tempo todo, mas raramente na direção em que o pessoal resolve empurrá-la. Um abraço.

  • Sérgio Rodrigues 16/11/2008em00:25

    Fabio, foi você que psicografou?

  • jacaré 16/11/2008em00:43

    Adore aquela do cara que disse que “gente que fala “estadunidense” é sempre – invariavelmente – mala. Leitor de “Caros amigos” e, muito provável, proprietário de uma camiseta vermelha com o Che Guevara”. Rárárá! Só faltou dizer que os outros é que são preconceituosos. Ele não. Eu chamo de americano porque é mais fácil. falar estadunidense ou norte-americano dá muito trabalho. Só isso.

  • Clara 16/11/2008em02:25

    Sergio, fico ainda mais irritada quando chamam os EUA de os USA. E cara, não é raro, não mesmo, e geralmente é ideológicamente carregado. Coisa cafona, isso sim…

  • Pedro Alcantara 16/11/2008em04:08

    Não acredito que alguém possa escrever tamanha besteira. A utlilização do termo americano nunca seria tão quista por habitantes de outros países se os E.U.A. não o tivesse difundido de tamanha forma. Somos um continente, às vezes dividido em três, com diferenças gritantes. Viva todos os grandes ideais desta terra.

  • Joubert 16/11/2008em09:18

    Em nome do bom senso e da observação de como funcionam as línguas, sou obrigado a concordar com o Sérgio Rodrigues. O fenômeno lingüístico é comum. Não há garantias de que na evolução do sentido das palavras elas assumam sempre sentidos que respeitem a lógica. Os sentidos são sociais. Chamar os norte-americanos de americanos não tem nada de errado, nem revela qualquer tipo de subserviência ou servilismo e coisas do gênero. Mesmo que um estudo da origem do uso dessa palavra mostre seus compromissos com certa ideologia imperialista, a história do uso da palavra se encarregou de apagar da memória esses compromissos. O Sérgio acertou em sua observação e o gentílico é adequado para uso.

  • Fábio 16/11/2008em10:22

    Sérgio,

    Tomei a liberdade de fazer a paródia porque o próprio Oswald usava esse recurso e achei os temas afins.

  • Sérgio Rodrigues 16/11/2008em11:06

    Fábio, a sacada foi muito boa e a realização, melhor ainda. Perguntei porque queria saber a quem dar os parabéns. Parabéns e abraço.

  • Ed 16/11/2008em11:39

    Como eles não conseguiram criar exatamente um nome, mas uma sigla de uma federação, algumas vezes usurpada de outros, ficaram sem opção (assim como não conseguem expressar, em sua língua, a shakespeariana e fundamental diferença entre “ser” e “estar”). Se quiserem, poderiamos chamá-los de “EUAnos” ou no original, “USAnos’ (“useans”), hehe

  • João Daltro 16/11/2008em12:42

    Não vou repetir aqui os palpites que dei sobre o assunto no tópico anterior, não quero dar uma de chato. Mas o exemplo fornecido pelo Sérgio Rodrigues nada tem a ver. Machado não estava se referindo ao país Estados Unidos ao falar de “terra americana”, mas sim ao continente. Terra americana como é terra americana o Brasil ou qualquer outro país da América, incluídos os EUA. Como o Sérgio deve conhecer bem a literatura brasileira da época de Machado, sabe que a consciência de ser América calava fundo em nossos autores de então, principalmente nos indianistas – basta ver a Iracema, do José de Alencar, que todos nós aprendemos desde os bancos do primário ser um anagrama de América. Então, embora ele esteja certo em defender que cada um chame os EUA e seus nativos do jeito que quiser, o exemplo utilizado é mais do que fajuto.

  • Carlos Pereira 16/11/2008em12:43

    Vamos para de procurar cabelo em ovo – é somente uma América dividida em três partes – NORTEAMERICANOS – CENTROAMERICANOS E SULAMERICANOS e pronto ai cada pais tem a sua denominação, (mexicano, gaualtemalteco, estadunidense, canadense, brasileiro, argentino etc.) não tem nada de ideológico de ser contra ou a favor é só seguir a regra formal e pronto – o resto é falta de assunto.

  • Sérgio Rodrigues 16/11/2008em12:58

    João Daltro: desculpe, mas fajuto é o seu “raciocínio”. No ensaio “Instinto de nacionalidade” (atenção para o título!), Machado usa a palavra americano como gentílico para nativo dos EUA mesmo. “Terra americana e inglesa”, com Longfellow como exemplo de uma e Shakespeare da outra. Você acha que Machado era tão mau escritor que propusesse uma simetria entre um continente, de um lado, e um país do outro? Não, não era.

    O que me leva à conclusão de que isto aqui virou um diálogo de surdos. Existe mais de uma acepção de americano, o que há nisso que seja tão difícil de entender?

    Aliás, em resposta a um monte dos comentários acima e como eu já disse no texto da semana passada, vale observar que o nome do país dos caras é América mesmo. Espertíssimo branding: eles são os Estados Unidos da América como nós já fomos os Estados Unidos do Brasil. Tem arrogância imperialista em “americano”? Claro que tem. Sem deixar de ter também uma derivação irretocável. Mundo complicado, não?

    No mais, como eu disse no texto acima, buscando um equilíbrio democrático, quem quiser usar estadunidense (forma pernóstica, mas isso é apenas o meu gosto) tem todo o direito de fazer isso. Só não vale inventar argumentos “científicos” toscos para tentar dirigir a língua. Ela não se deixa dirigir tão facilmente, ainda bem – e acreditar no contrário é prova de ingenuidade ou coisa de gente autoritária, que só consegue encarar um debate na base da desqualificação do outro.

    Abraços.

  • Lombardi Mancin. 16/11/2008em13:06

    O problema não é a língua ou a palavra pronunciada seja estado-unidense ou americano, o problema é como esta palavra pode ser usada para afirmar ou não um continente sem fronteiras onde existam estados com pessoas consideradas de primeira e de segunda classe.
    Onde para uns existam fronteiras intransponíveis e para outros, não.
    Onde uns sejam considerados libertadores e catequistas e outros sejam considerados terroristas e malfeitores.
    Se um dia o homem chegar a conclusão de que suas verdades nem sempre são as verdades do outro e houver respeito mútuo sobre tudo, aí sim as fronteiras poderão ser extinguidas sem traumas.
    Até lá sempre haverá resistência nem que seja interior e contida e esta é a mais perigosa sendo uma ferida aberta.
    Existem exemplos de feridas abertas em outros continentes que sempre serão contestados, mesmo porque os interesses são enormes e quem sempre pagará por isso são os inocentes que fecharão os olhos.
    Vou apontar só uma ferida e sei que serei contestado se alguém ler o texto.
    POVO BASCO na Espanha.

  • Isabel Cristina Antônia dos Santos Moura 16/11/2008em14:01

    Acho que tudo isso passa pela política da educação. Já não sabemos quem somos e nem quem são os outros. Perdemos referências. Somos viciados em coca-cola e adoramos hamburguer. O que é de fora, é sempre melhor. Não gostamos de filmes brasileiros, nâo valorizamos a nossa cultura. As escolas comemoram o Halloween todo ano, mas ninguém se lembra do dia 22 de agosto. As nossas vitrines, em época de natal, são decoradas com neve, pinheiro e um velho branco de bochechas avermelhadas, uma roupa de frio vermelha e superquente conduzido por renas. Portanto, não há como falar de uma coisa, sem falar de outra. Tá tudo embutido, ligado, efeito cadeia. De quem é a culpa? A propósito, o que você acha da educação no Brasil?!!! Isabel Cristina

  • kall da atlantida 16/11/2008em16:25

    Percebo que a discussão é irrelevante e o que devemos é trabalhar para um futuro melhor em nosso país, hoje o Brasil é respeitado, fruto do trabalho árdua dos seus filhos. Vamos sim, ficar orgulhosos de ser chamados de brasileiros, os deixem serem chamados de americanos, afinal, devem ter vergonha do nome “deles”.

  • Tibor Moricz 16/11/2008em17:34

    O que tem no dia 22 de agosto?

  • Outro Sergio 16/11/2008em17:41

    A maioria dos paises sao divididos em estados (inclusive paises da America do Norte, Central e Sul). Usar o nome do continente americano e colocar o nome “estado” parece estranho. Que tal fazermos uma peticao para o governo dos EUA mude de nome ou melhor ainda podemos mudar o nome do nosso pais. Que tal mudarmos o nome do Brasil paral Estados Unidos do Mundo (EOM) ou Estados Unidos do Planeta (EUP). Sera que fariamos os cidadaos dos outros paises invejosos?

  • Isabel Pinheiro 16/11/2008em18:31

    Adorei quando alguém disse que Tio Sam foi um presidente americano.

    Olha, neologismo pra “americano” acho que ele não criaria, não, mas talvez usasse mesmo o “estadunidense”. Agora, pra brasileiro tenho certeza de que ele arrumaria uma forma de latinizar a coisa: brasinatus, ou algo do gênero. 🙂

  • Tibor Moricz 16/11/2008em19:23

    Não. Disseram San, Tio San. Tio Sam todos sabem que se trata daquele vovô simpático da série The Waltons. Ou será Bonanza? Minha memória anda me pregando peças ultimamente.
    Good night Jonh Boy…

  • Zimmermann 17/11/2008em00:53

    22 de agosto?

  • DIEGO RJ 17/11/2008em11:58

    Sera que os habitantes da Africa do Sul não podem ser chamados de sul-africanos, porque existem outros paises no sul da Africa.
    Tremenda bobagem essa de “estadunidense”, se o termo “americano” ja foi popularizado, ele sim é o correto, sem por isso deixarmos de ser todos cidadãos americanos, no sentido de nascer no continente americano.

  • fred 17/11/2008em12:10

    Estadunidense é um termo tão carregado -e fétido- quanto americano, simples e puramente…sendo assim, continuo com “norte-americano”, o mais neutro, ao meu ver, de todos os termos em discussão…

  • aiaiai 17/11/2008em14:10

    Tem razão, o blogueiro. Eu mesma já tentei usar estadunidense e reclamar de quando eles se referem aos EUA como américa, mas esse texto, assim como argumentos sensatos de amigos e outros, já me fizeram mudar de idéia. Tudo isso é bobagem. Deixa eles se chamarem de américa e deixa a gente chamar eles de americanos. Não muda nada trocar palavras…é chato!

    Acho que a questão toda é uma raiva histórica, mas isso é outra bobagem num mundo que está prestes a dar uma virada também histórica. Somos todos do planeta terra, isso é que importa.

  • Hefestus 17/11/2008em19:01

    Senhor… Como o pessoal que contraiu a gonorréia juvenil do esquerdismo é chato…

    Belo texto, Sérgio.

  • Alexandre Lemke 19/11/2008em05:20

    Eu ainda falo americano, mas aposto que estadunidense vai crescer ainda. Esse negócio de tentar estereotipar o falante é ridículo em ambos os lados da discussão. Eu sou de esquerda e falo americano. Conheço gente que tá bem longe de esquerda que fala estadunidense.

    O pessoal tem que entender que usar termos fortes como “fétido” e tentar imaginar um oponente pra bater pode ser muito divertido e gratificante, mas é ridículo pra quem vê.

  • Norman Chap 21/11/2008em11:58

    Parabéns Sérgio pela exposição precisa e equilibrada do tema, que não é um detalhezinho sem importância, no mínimo pelas manifestações exacerbadas que provoca, se não pelas profundas implicâncias que carrega. A impressão que tenho é que são justamente essas pessoas que se ofendem com a idéia de chamar os americanos de americanos as mais afetadas pelo complexo de inferioridade em relação aos Estados Unidos. Uma mistura crassa de provincianismo, xenofobia e ignorância.

  • Alexandre Gomes 29/11/2008em16:41

    Bela questão levantada, mais acredito que o mais tolo dos inferiores é aquele que se sente. Vivemos a base de uma falsa subordinação “Americana” que esquecemos que fim demos aos verdadeiros “Americanos” os nativos.

  • Andre 09/12/2008em20:50

    Quem nasce no BRASIL eh brasileiro
    Quem nasce na Guinea FRANCESA eh frances
    Quem nasce na Korea do NORTE – eh note-coreano
    Quem nasce nos Estados Unidos ***DA AMERICA*** (usA) – EH AMERICANO! PQ ESTA NO NOME DO PAIS (leia dnovo.. tem america no nome caso vc nao tenha percebido )! vcs referem a Estados Unidos da America como somente Estados Unidos.. por isso nao faz sentido para vcs. Mas eh o nome… doa quem doer.

    http://www.cloezcorner.com/americano-ou-estadunidense

  • Junior 09/12/2008em20:53

    Na sigla USA (EUA).. no nome do pais…. o que eh a letra A mesmo?

  • Andre dnovo 09/12/2008em20:59

    “Na semana passada falamos sobre o hábito que têm os americanos de chamar de América um país que, em nossa língua, é conhecido como Estados Unidos” (escrito por sergio)

    P.S. O nome do pais eh Estados Unidos DA AMERICA! o fato de vc ter escrito o nome errado no comeco, faz perder completamente o sentido de tudo o q vc escreveu… por outro lado tem bons argumentos que suportam sua teorioa…. te dou um 10 por isso.. =)

  • Antônio 06/03/2010em21:11

    Mas qual o motivo para que se tenha tornado tão comum o uso do termo norte-americano? O mais provável, é que esse costume deva ter começado através da tradução de conteúdos técnicos e assimilação com origem nos países hispânicos ou de fala portuguesa da América do Sul, América Central e Caraíba, ao quererem distinguir-se, enquanto do mesmo continente denominado de América, dos outros americanos ao norte deles.
    Mas, analisemos essa informação: “Em 2010, os norte americanos terão que sustentar mais de seis milhões de desempregados”. Isso quer dizer o que? Que são os canadenses, os mexicanos, os povos da Groenlândia, ou só os americanos dos EUA? Ou são todos do mesmo continente?
    Os europeus nem sequer sentem necessidade de fazer tal distinção, pois para eles, é com naturalidade com que se referem a americano, como termo oriundo do nome abreviado da dita nação e não ao nome do continente da América do Norte. Como a opinião é pessoal, creio que o termo mais correto seja estadunidense.