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Começos inesquecíveis: Ernest Hemingway

01/10/2006

Robert Cohn fora campeão de boxe na categoria dos pesos-médios em Princeton. Não pensem que esse título me impressione. Mas significava muito para Cohn.

Os jabs em seqüência com que Ernest Hemingway (1899-1961) abre seu primeiro romance, “O sol também se levanta” (Bertrand Brasil, 2001, tradução de Berenice Xavier), são mais do que o começo de um livro. Desferidos em 1926, quando o autor tinha 27 anos, marcam a fundação de um mito pessoal e outro coletivo, o da “geração perdida” de escritores americanos que viveram em Paris nos anos 20.

Mas isso é marketing literário, não literatura. Importa mais reconhecer que a prosa do homem, tão seca que faz o adjetivo “seca” soar úmido, continua poderosa. Lamento que esteja meio demodê apreciá-la, mas sei que essas coisas de prestígio literário são cíclicas. Acho difícil que qualquer escritor, mesmo um de estilo barroco, diluvial, chegue muito longe se não tiver em algum momento da vida trocado com Hemingway uns golpes desses de quebrar o nariz – como Robert Cohn quebrou o dele.

10 Comentários

  • Djalma Toledo 01/10/2006em10:04

    Dessa ” geração perdida ” ficou o revolucionário Henry Miller.

  • lao 01/10/2006em11:00

    Encontrei, por um acaso, um post (”
    O machismo de Hemingway”) de Mino Carta sobre este escritor em http://blogdomino.blig.ig.com.br …interessante.
    abrs,

  • Sérgio Rodrigues 01/10/2006em11:49

    Djalma, Henry Miller é um escritor muito interessante, mas não é bem dessa turma. Chegou a Paris alguns anos depois, já nos anos 30 e com as lendas sobre a “geraçao perdida” circulando a mil. Se interessou muito mais pelo submundo, pela barra pesada – outra praia. Pode-se forçar a noção de “geração perdida” para incluí-lo, claro. O que não faz sentido é dizer que só ele “ficou”. Se Hemingway e F. Scott Fitzgerald não “ficaram”, então precisamos rever o sentido desse verbo.

  • Sérgio Rodrigues 01/10/2006em12:22

    Quanto a essa história bizarra a que o Mino Carta dá crédito, lao, o cheiro de cascata é forte. O jornalista não cita fonte. Provavelmente, embora sugira que se trata de notícia fresca, se baseou num certo site ongueiro, edição de 2003 (http://www.vho.org/News/GB/News1_03.html). Que por sua vez nos remete a um livro de cartas publicado em Nova York em 1981 (!!). E morre aí o assunto. Se Hemingway algum dia se gabou numa carta de ter assassinado 122 prisioneiros de guerra alemães (!!!), deve ter se expressado por meio de metáforas tão espessas – e contrárias ao seu estilo – que até hoje pouquíssima gente além do Mino Carta se deu conta disso. Agora, que ele era um tremendo machista nem se discute. Um abraço.

  • Djalma Toledo 01/10/2006em21:58

    Ao Sérgio Rodrigues. Obrigado pelo esclarecimento a respeito de Henry Miller.

  • Urariano Mota 02/10/2006em08:10

    “- O que é que vai ser? – perguntou George.

    – Não sei – disse um dos homens. – O que é que você quer comer, Al?

    – Não sei – disse Al. – Não sei o que quero comer.”

    De Matadores, ou Os Assassinos. Não é um romance. Mas é um conto, como se diz, seminal. Talvez a melhor coisa de Hemingway.

  • joao gomes 02/10/2006em12:51

    Tentei ler ess livo ai. Mas, nao consegui. Acho que esse cara nao tinha boa escrita nao. E a Bertrand vai quebrar a cara.

  • Kosmann 04/10/2006em21:26

    Hemingway. A loser. Writing about losers. For a bunch of losers. Probably.

  • joao gomes 05/10/2006em17:32

    Valeu Kosmann. …e eu pensando que era o unico a discordar de todos os resenhistas e criticos de arte… literaria.
    …voce me salvou.

  • Clarice 07/10/2006em15:13

    Lio “Por Quem os Sinos Dobram” na adolescência. O livro desapareceu da estante e nunca senti falta.