Quem, como eu, já estava vivo quando Pelé marcou seu milésimo gol deve entender minha sensação de que esse número redondíssimo estará para sempre associado ao futebol. Daí eu me lembrar agora, quando o Todoprosa completa mil posts – o que não é nenhum feito de craque, claro, mas ainda assim merece comemoração – de como tudo começou, em maio de 2006: com uma discussão sobre o velho tema futebol & literatura, um dos mais recorrentes em nossa imprensa literária. A coisa toda parte de uma pergunta simples, embora talvez enganosa: por que nunca produzimos um romance sobre o esporte nacional que lhe faça justiça? Aquele era um ano de Copa do Mundo, como este também é. Alguém quer apostar que a pauta vai ser ressuscitada nos próximos meses?
8 Comentários
Rui Castro se pergunta sobre isso em seu “O Leitor Apaixonado”.
Acho que nunca teremos uma resposta satisfatória sobre isso…
Bem vindo a 2010!
Sérgio, sempre me pareceu que não temos vocação ficcional para a epopéia. E um grande livro sobre este tema teria que ser escrito por esse caminho. Conflitos psicológicos, ou coisas desse ramo, resultariam em grande erro. Temos alguns bons livros, sim, é claro, mas quase todos questionando os conflitos. É o caso do livro de contos “Maracanã, Adeus”, de Edilberto Coutinho. No ensaio já temos exemplos melhores. O livro sobre Garrincha talvez pudesse ser tomado como início de pesquisa, não é? Abs de Raimundo Carrero
Caro Carrero, também acho que uma certa vocação para o intimismo joga de beque nessa história. Curiosamente, a palavra “epopéia” aparece numa antiga resenha minha sobre o livro do Mario Filho, que acabo de republicar para jogar lenha nessa discussão. Abraços.
Qual o romance americano sobre baseball? O romance canadense sobre hockey? O romance australiano sobre rugby?
Não eixstem romances sobre esportes. Nem o Infinite Jest que tem centenas de páginas sobre tênis pode ser chamado de “um romance sobre tênis”.
Sérgio,
onde ia dar esse último link do “Futebol, literatura e caneladas”?
João Paulo, ia dar num texto meu, que acabo de republicar. Obrigado por me chamar a atenção para o link quebrado. Abs.
Sérgio: Parabéns pela merecida marca.
Breno: ‘Shoeless Joe’, de W. P. Kinsella (canadense, de Alberta), adaptado para as telas como ‘Field of Dreams’ (Campo dos Sonhos).
Carrero: Já que não nos faltam boas (e dramáticas) histórias sobre futebol, penso que o ‘psicológico’ deveria ser considerado, assim como a fatalidade, a fantasia, o fantástico, etc.
Feliz 2010 ao Sérgio e comentaristas do TP.
Passo essa bola…