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Luciana Stegagno Picchio (1920-2008)

10/09/2008

Luciana nos deu uma “História da Literatura Brasileira”; o Brasil retribuiu com um silêncio ensurdecedor na hora de sua morte, em 28 de agosto. Soube da notícia por um leitor do blog de Luis Nassif e, na rede, há o emocionado texto da professora Vera Lúcia de Oliveira, que ensina na Itália. Em Portugal, o presidente Cavaco Silva pronunciou-se oficialmente lembrando seu papel para a cultura portuguesa.

E eu, mais atrasado ainda, só soube agora, por esse post no blog-por-um-mês que o editor e escritor Paulo Roberto Pires está tocando no site da revista “Bravo!”, que morreu a professora italiana Luciana Stegagno Picchio, apaixonada organizadora da poesia completa de Murilo Mendes e uma das maiores divulgadoras da literatura de língua portuguesa na Europa.

Sua “História da Literatura Brasileira”, lançada nos anos 70 na Itália e, revista, publicada aqui em 1997 numa bonita edição da Nova Aguilar, é um livro que vale a pena conhecer. Não por conter análises originais, que nunca foram seu objetivo, mas por uma ambição de dar conta de tudo, todos os séculos e escolas, em apenas 744 páginas – algo que talvez só um estrangeiro pudesse ousar.

O silêncio em torno da morte de Luciana no Brasil é de uma ingratidão que dá vergonha.

6 Comentários

  • Saint-Clair Stockler 10/09/2008em00:20

    Sim, vergonhoso. Conheço o livro da professora Stegagno, e posso dizer que ele é único em suas pretensões.

    Dá vergonha, assim como dá (imensa) vergonha observar que os franceses se interessam e valorizam mais Harry Laus do que nós mesmos; que a maioria de nós – aqueles que curtem literatura – nunca sequer nem ouviram falar dele.

    Descanse em paz, professora!

  • pedro curiango 10/09/2008em00:56

    Sérgio: recebi, de amigos aqui no Brasil, vários e-mails com a notícia da morte de Luciana, dia 28 de agosto. Ou seja, muita gente, que não tem acesso à imprensa, ficou sabendo. Agora, o que nos envergonha é que tenhamos um Ministério da Cultura que provavelmente nem sabe quem foi a erudita italiana que tanto amou e respeitou a cultura brasileira. Mas isto, realmente, não é novidade. Estamos passando por um dos períodos de maior anti-intelectualismo em nosso país e nada parece muito promissor para o futuro.
    MAIS UMA NOTA – Até agora não vi em nenhum jornal a notícia de que o Lobo Antunes acaba de ganhar o Prêmio Juan Rulfo.

  • joao gomes 10/09/2008em09:57

    …pois é. Isso é a verdadeira cara do Brasil. Quase tudo é feito para inglês ver. Será que o livro se encontra ainda disponível para compra, aqui?

    O ministério da cultura é mais uma sinecura do que um promotor da cultura.

  • C. S. Soares 10/09/2008em14:49

    Luciana (que era correspondente da ABL), realmente merecia ter sido lembrada pela imprensa nacional. Em Portugal, mereceu homenagem especial de Cavaco Silva.

  • Djabal 10/09/2008em15:28

    É uma ingratidão. Conversei com ela, uma ocasião, foi de uma gentileza e educação extrema. É vergonhoso mesmo. Pena.

  • Pingüim 11/09/2008em00:30

    A Folha deu no obituário, num pequeno e pungente texto. De todo modo, o silêncio sobre sua morte foi grande. Só não maior que o sobre sua vida.