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A hora dos desenraizados
Vida literária / 06/08/2010

A mesa “Chá pós-colonial” reuniu hoje à tarde dois escritores britânicos assumidamente desenraizados: Pauline Melville, nascida na Guiana, e William Boyd, nascido na África (no que mais tarde seria Gana), concordaram sobre o valor que tem para quem faz literatura a sensação de não pertencer a lugar nenhum. “Quando me perguntam de onde eu sou, dá vontade de responder: ‘Bem, de quanto tempo você dispõe’?”, disse Boyd, autor de “Tempestades comuns”. “Meus pais são escoceses, nasci na África, morei na França, não me sinto inglês. Isso é uma benção para um escritor, porque você olha para o mundo com mais distanciamento, mais curiosidade e talvez com mais desconfiança também.” Além disso, o elogio do humor e da sátira como ingredientes legítimos e desejáveis na receita da chamada literatura séria contribuiu para aproximar os dois autores. Mesmo assim, a mesa transcorreu morna – para o que certamente contribuiu o fato de ambos serem pouco conhecidos do leitor brasileiro – até Pauline, ex-atriz e autora de “A história do ventríloquo”, contar, a pedido do mediador Ángel Gurria-Quintana, o episódio real em que foi atacada por um psicopata em sua casa, em Londres, passando cerca de três horas de mãos amarradas e sob…