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Você pensa que sabe abrir um livro? Pense de novo

14/05/2012

O primitivo infográfico ao lado, chamado “Como abrir um livro novo” e pinçado em velhos arquivos da imprensa americana pela revista The Atlantic, funciona como piada pronta – e de época, ou seja, pronta faz tempo – para quem, ao defender os livros de papel diante dos digitais, argumenta que sua tecnologia é insuperável, intuitiva, descomplicada, perfeita. Não para o consciencioso encadernador que deu as dicas para o passo-a-passo ao lado, pelo qual ficamos sabendo que o simples ato de abrir um livro recém-encadernado oferece perigos inimagináveis: “Apoie o livro numa mesa, com a lombada para baixo. Abaixe a capa. Em seguida, a contracapa. Abra então algumas folhas na parte da frente. Agora abra algumas folhas na parte de trás, e siga alternando a abertura de folhas entre a parte da frente e a parte de trás, pressionando-as suavemente para baixo, até atingir o centro. Repita a operação duas ou três vezes para flexibilizar a costura”. Ligar um iPad não é muito mais fácil?

4 Comentários

  • André Alvarez 14/05/2012em20:52

    E sabe o que mais? Isso aí funciona mesmo 🙂 Livros ficam como novos, sem quebras na encadernação.

  • Pedro David 15/05/2012em11:09

    Lembra disso que você certav vez postou aqui, Sérgio ?

    No mais, parece instrutivo o “primitivo infográfico”, sobretudo pela sugestão de que livros devem ser tratados com carinho. Nunca consigo deixa-los bom estado ao final de uma leitura, mas isso, hoje, me exaspera menos.

    Também lendo o gráfico lembrei de um amigo que relatou com brilho nos olhos o prazer que sente ao “abrir” um livro, daqueles vêm com as páginas fechadas. Ele ainda os encomenda pela internet em sebos. Bom, a analogia aqui é fácil e não precisa ser feita. De todo modo, qualquer dia valia um post sobre a relação de leitores/escritores famosos e o onanismo. Andei lendo relatos que me fizeram constatar que foi desse jeito que muita gente boa pôs as mãos na profissão.

  • Cristina Kawahara 16/05/2012em11:48

    Esse infográfico é quase um ritual, como a leitura de todo bom livro deveria ser. Soa distante, e chega a ser risível hoje em dia, pensar em ler com tempo para incorporar as ideias de um livro, em vista da rápida tecnologia dos iPads. Mas, particularmente, nada melhor que ler uma obra em papel – e o ritual de leitura a que me referi nada tem de complicado: uma poltrona, uma xícara de café, um marcador de página. E mais nada.
    O tipo de encadernação visto nas figurinhas é raro de se ver em publicações novas atualmente. No entanto, num país em que muitos compravam livros por suas belas capas, para servir de enfeite na estante de suas casas, é uma dica que pode ser utilizada ainda hoje. Quantas páginas de livros antigos, perdidos em bibliotecas (já folheei uma infinidade deles), pouco ou nunca viram a luz do sol depois de confeccionadas! O risco de encontrá-las deterioradas, vítimas de toda sorte de infortúnios decorrentes do tempo e do abandono, é sempre grande. Péssimo sinal para um país que pretende alfabetizar digitalmente seu povo, um povo que nunca deu valor ao conhecimento que o precedeu.
    No fim das contas, escolher entre papel ou iPad, é o que menos importa – isso é apenas suporte, um canal, e não fim em si mesmo. Bem… não deveria ser.

  • Elizabeth 16/05/2012em17:55

    Olá, Sérgio. Sempre tive cuidado com os livros, mas não conhecia essa maneira de abri-los. Acabei de realizar esta simples e prazeirosa cerimônia com o muito aguardado livro, recém-chegado em casa. Adorei! A impressão que tive é a de que ele, antes mesmo de ser lido, já iniciou sua história na família, só por ser manuseado desse jeito. Bem que as editoras poderiam colocar um encarte com essas instruções neles, não é mesmo? Muito obrigada, pela informação. um abraço.