Clique para visitar a página do escritor.

Literatura brasileira com merchandising

26/06/2006

“Fui dar em Budapeste graças a um pouso imprevisto, quando voava de Istambul a Frankfurt, com conexão para o Rio, mas a impecável companhia aérea, além de não ter culpa pelo transtorno, ainda nos hospedou em um hotel de primeira qualidade no aeroporto aquela noite – grande Lufthansa.”

***

“– Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Mas só comecei a acertar mesmo quando troquei o velho trabuco por esta Taurus aqui, arma de grande maravilha. O senhor espie. Ahã.”

***

“Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu
Viu outra lua no mar.

O doutor que a atendeu
Não tardou a receitar
Óc’los da Ótica Fiel
Pra vista dupla acabar.”

***

“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Se os tivesse, não hesitaria em escolher o conforto e a segurança da Maternidade Nossa Senhora do Bom Parto, que tem convênio com todos os planos de saúde.”

24 Comentários

  • fatjames 26/06/2006em14:20

    hilário…

  • Pedro Curiango 26/06/2006em16:49

    Hilariante !!!

  • Martina 26/06/2006em17:53

    Mas isso não é merchandising de verdade, né? Ou será que o velho Rosa ganhou umas armas em troca de citar a Taurus? 🙂

  • BCK 26/06/2006em17:59

    Excelente!

  • Kleber 26/06/2006em19:20

    melhor ler essas coisas do que ser cego…

  • Q.Zidane 26/06/2006em21:13

    “Fui dar em Budapeste” Mas precisava ser tão longe? Esse tipo de artifício não funciona, sempre tem um conhecido por perto…. O Kleber tá certo!

  • Peter Blake 26/06/2006em22:05

    Budapeste é o melhor romance que começa com “fui dar em Budapeste” da história da literatura brasileira. Diria da literatura mundial, mas não leio as linhas eslavas, então deixo barato.

  • Dave 26/06/2006em22:50

    Ficou faltando este aqui:

    “Meu pai

    meu pai foi
    ao Rio se tratar de
    um câncer (que
    o mataria) mas
    perdeu os óculos
    na viagem

    quando lhe levei
    os óculos novos
    comprados na Ótica
    Fluminense ele
    examinou o estojo com
    o nome da loja dobrou
    a nota de compra guardou-a
    no bolso e falou:
    quero ver
    agora qual é o
    sacana que vai dizer
    que eu nunca estive
    no Rio de Janeiro.”

    FERREIRA GULLAR

  • Pedro Curiango 26/06/2006em23:02

    Para Peter Blake: Este é o ÜNiCO romance brasileiro brasileiro – e também o pior – que que se passa em Budapeste.

  • Alfredo 27/06/2006em09:28

    Colunista, estou prestes a deixar de ler o blog por causa dessas pessoas que desconhecem tudo de e sobre literatura, como o Pedro do email anterior.

  • Rafael 27/06/2006em11:58

    Tô com o Pedro Curiango e não abro. E nem dou, em lugar nenhum. Muito menos em Budapeste.

  • Rafael 27/06/2006em12:00

    Alfredô! Não podes deixar de ler o Sérgio só porque alguns leitores dele têm opiniões divergentes das tuas. Nem mesmo se o Sérgio tivesse opiniões diferentes das tuas. Ora, cada um pensa o que quer. E independente do que o Sérgio ou os leitores dele pensem, o espaço é bom justamente por isso: diversidade de opiniões, sem grosserias e discussões bobas. Aproveitemos 😀 Grande abraço!

  • Bender 27/06/2006em14:09

    Excelente, mas essa frase pareceu mais irônica do que propaganda:
    “Se os tivesse, não hesitaria em escolher o conforto e a segurança da Maternidade Nossa Senhora do Bom Parto, que tem convênio com todos os planos de saúde.”

  • Sergio Ozeki 27/06/2006em23:58

    Eu não reclamaria se os livros tivessem propaganda e fossem distribuidos de graça ou a um preço simbólico.

  • Writing Ghosts 28/06/2006em03:20

    não é merchandising… não creio. Todas as citações a marcas se fazem (melhor que “se dão”, não? rs) em contextos visivelmente pouco simpáticos a elas… como bem notou o Bonder, ao citar a ironia expressa em uma delas.

    merchandising é o que se faz – estupidamente, aliás – nas novelas da Globo.

  • Peter Blake 29/06/2006em21:13

    Justamente, Pedro Curiango, justamente. Tô contigo.

  • thomas 30/06/2006em11:11

    pessoal, esse suposto trecho do guimarães rosa não existe. é uma piada. vocês são bobos pacas. nossa senhora.

  • Renato 04/07/2006em11:03

    Merchandising mesmo – quase propaganda – foi o maravilhoso Bandeira e as três mulheres do sabonete Araxá.
    O Chico que me perdoe. É maravilhoso nas músicas e no teatro. Mas Budapeste… Certamente já li coisas piores, mas até aí também já li cada coisa…

  • Renata 09/07/2006em00:15

    Isso me lembra o escritor Silas Flannery, que produz livros “como uma aboboreira faz abóboras” e sempre encaixa bem remuneradas referências à certas marcas… 🙂

  • Marco Polli 09/08/2007em14:18

    “o velho trabuco por esta Taurus aqui”, ótimo.

  • Fernando Molica 09/08/2007em16:42

    E aquela cadeira hein, citada naquele romance?

  • Sérgio Rodrigues 09/08/2007em17:27

    Poltrona, Molica. E rapaz, você está comentando numa nota de mais de um ano atrás. A nova é a outra. Abraços.

  • Olivia 09/08/2007em18:22

    genial, genial 🙂

  • fred 10/08/2007em14:45

    Comentário de Martina

    June 26th, 2006 at 5:53 pm
    Mas isso não é merchandising de verdade, né? Ou será que o velho Rosa ganhou umas armas em troca de citar a Taurus?

    (RISOS>>> MUITOS!!!)

    Estes leitores são uns pândegos.