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Littell, o melhor estrangeiro

23/07/2008

Até o momento, não havia no Brasil nenhum prêmio que contemplasse os melhores livros estrangeiros. Eis um grande paradoxo no país da literatura “antropofágica”.

Cunhambebe (nome de canibal) é esse prêmio. Num mercado em que o fato de ser estrangeiro parece fazer qualquer autor largar com algumas voltas de vantagem sobre a indiada, a iniciativa – mesmo se levarmos em conta o caráter simbólico da premiação – é curiosa. O primeiro vencedor, escolhido por uma comissão julgadora de respeito, é As Benevolentes, de Jonathan Littell (Alfaguara).

23 Comentários

  • ricardo 23/07/2008em17:21

    essa dianteira dos autores estrangeiros de ficção aqui no Brasil se deve porque, além de qualquer outro fator, eles estão mais preocupados em contar histórias do que se mostrarem vanguadeiros ou pós-modernos.

  • Tomás 23/07/2008em17:25

    Parece pra lá de descabida e pretensiosa a iniciativa. Será que alguém lá de fora vai dar alguma pelota para a pobre opinião de Pindorama?

  • Sérgio Karam 23/07/2008em19:26

    Olha, Tomás (nome do meu filho!), meu palpite é que pelo menos o pessoal da Alfaguara vai gostar de saber. Ou eles nem estariam no Brasil. Abraço.

  • Tomás 23/07/2008em19:42

    É Sérgio, parece que o propósito do prêmio é mesmo estimular as editoras, o que não me tira o estranhamento.
    E tenho que dizer que o nome do seu filho foi uma excelente escolha, hehe.

  • Paulo 23/07/2008em19:49

    A inciativa é boa, o livro vencedor foi bem escolhido, mas o nome do prêmio…

  • andré 23/07/2008em22:07

    Claro que temos um prêmio para livros estrangeiros. Aliás, temos vários. Os mais importantes chamam-se Portugal Telecom e Jabuti.

  • Sérgio Rodrigues 23/07/2008em22:50

    André, posso estar enganado – são 286 as categorias do Jabuti, afinal – mas nunca soube que entre elas houvesse a de melhor livro estrangeiro. A de melhor tradução, sim, mas isso é muito diferente.

    Quanto ao Portugal Telecom, é hoje um prêmio para a língua portuguesa. O que é mais diferente ainda.

  • Dea 23/07/2008em23:10

    O nome do prêmio curiosamente combinará com qualquer premiado. gostei!!

  • Saint-Clair Stockler 24/07/2008em00:07

    O Littell vai ganhar o quê?

    Mais um prêmio pra ele esnobar. Ele é MESTRE em fazer isso. Vai dar uma boa esnobada de marketing quando souber desse prêmio… Já tô até rindo. Rsrsrsrsrsrsrs.

  • Saint-Clair Stockler 24/07/2008em00:12

    “Já que o prêmio Cunhambebe objetiva incentivar, divulgar e prestigiar o trabalho das editoras, em favor da divulgação da literatura estrangeira, a recompensa é meramente simbólica.”

    Quaquaquaquaquaqua! Putamerda, o General De Gaulle não disse, mas bem que poderia: o Brasil não é mesmo um país sério. Ai meu deus! onde é que a gente dá baixa na nossa cidadania, hein? Não quero mais ser brasileiro não… Será que o Irã me dá cidadania, se eu pedir? Alguém me ensina farsi?

    Me belisquem pra eu acordar desse pesadelo!!!

  • O Brasil deve ter muitos talentos desconhecidos. Falta incentivo e facilidade para ser reconhecido, ou melhor oportunidades. O próprio povo brasileiro não sabe valorizar as suas raízes. É hora de acordar e saber valorizar o que é nosso de direito. Acredito que muita criatividade deve existir por estes grande Brasil, mas só quem já tem um nome se destaca.
    Vamos apreender a ser mais brasileiros?………

  • Rodrigo R. 24/07/2008em10:53

    Acho interessante a iniciativa, mas seria melhor termos outros prêmios para autores nacionais.

  • Tomás 24/07/2008em13:05

    Há um outro detalhe que ficou de fora da discussão. Atualmente, boa parte das grandes editoras nacionais, antes de escolher o que vai publicar, presta mais atenção nas listas de mais vendidos lá de fora, do que nas possibilidades vindas dos teclados nacionais.
    Então de que forma a consagração de Littell pelo novo prêmio poderá influenciar na conduta de alguma editora?

  • Eric Novello 24/07/2008em14:19

    Mais interessante ainda os leitores comprarem os livros dos autores nacionais.

  • C. S. Soares 24/07/2008em14:34

    1] “Esse projeto vai não somente reforçar a credibilidade do Brasil, como também vai lhe permitir participar mais plenamente do debate literário internacional.” Até aqui, a idéia faz sentido, mas como é operacionalizada lá fora? É uma dúvida.

    2] “Pretende-se com isso valorizar o trabalho realizado pelas editoras brasileiras que divulgam a literatura estrangeira de qualidade.” Olha, aqui, tem um ditado antigo que se aplica com enorme aderência: “farinha pouca, meu pirão primeiro”.

    Desenvolva-se (e consolide-se) em primeiro lugar, um mercado de livros escritos por brasileiros!

    Quem contará as nossas próprias histórias? Os estrangeiros?

  • Cezar Santos 24/07/2008em15:12

    Ainda vou ler esse livro…. mais um tijolão que a média tupiniquim deslumbrada incensa de forma meio acrítica…mas tudo bem…

  • andré 24/07/2008em15:28

    Mais ou menos como disse o C.S., a minha sensação é de que os romances brasileiros ainda são os mais estrangeiros.

  • Isabel Pinheiro 24/07/2008em20:29

    Tenho acompanhado essa e outras discussões de longe, e respeito a opinião de todos. Mas fico com a impressão de que assuntos como prêmios, novos autores, incentivos etc sempre descambam pra uma velha “guerra” brasileiros X estrangeiros, como se houvesse uma enorme conspiração editorial pra desprezar os novos autores nacionais em função dos gringos. O que me intriga é que ninguém parece levar em conta a qualidade literária (e se o gringo X for mesmo melhor que o brasileiro Y?) e, o mais óbvio, as regras do mercado. É claro que as editoras vão procurar pelos mais vendidos lá fora (esse prêmio Cunhambebe, aliás, é promovido por uma agência literária, certo?). É claro que querem os livros que têm maior potencial de venda – brasileiros ou estrangeiros. Não sei, me desencanta um pouco essa certa ingenuidade…

  • Max Aue 25/07/2008em01:31

    Não sei quem é mais retardado: se quem inventa um prêmio inútil como este, ou se o jornalista que dá divulgação a essa idiotice.

  • Sérgio Rodrigues 25/07/2008em10:38

    Isabel, entendo sua exasperação com o nacionalismo literário. Também acho que a briga por leitores tem que ser enfrentada na base da competência, e não de reservas de mercado ou coisa parecida. Mesmo assim, não lhe parece meio esquisito um prêmio que procura incentivar o que obviamente não precisa de incentivo?

  • Marcelo Lopes 25/07/2008em14:50

    Boa observação, Sérgio. Um incentivo a quem não precisa. Só duas notinhas de rodapé:
    1) Quero ver que escritor virá ao Brasil receber um prêmio simbólico por um livro já editado, se bobear escrito há anos – talvez o Saramago, mas para ele qualquer coisa é motivo para vir ao Bananão. Se os organizadores não tratarem de associar o prêmio a uma FLIP da vida, vai ficar no discurso, no website e na irrelevãncia.
    2) A essa altura do século XXI, ainda recorremos a antropofagia de 22 para nomear prêmios? Chamem o cara que batiza as operações da Polícia Federal da próxima vez.

    Abs!
    Marcelo.

  • Hefestus 25/07/2008em15:45

    Acho que o grande problema hoje com relação aos prêmios é que eles assumiram um papel equivocado no mecanismo de divulgação cada vez mais desumanizado da literatura. Quantidade é o problema. Tem muita coisa, muito livro sendo publicado em muitos lugares diferentes e os prêmios hoje parecem uma ferramenta de divulgação literária – e estou considerando isso à parte o mérito ou não da obra, o que é sempre relativo em se tratando de prêmios dados por colegiados de jurados, não tem por que o vencedor ser tão melhor que outros finalistas.
    Acho que o nó está, outra vez, em como peneirar o que é demais, em como se achar na selva caudalosa de informações, o que é um tema que passa pelo sujeito que se informa comprando livros que saem em listas de mais vendidos, vencedores de prêmios quaisquer e até pelos que entopem a prateleira de livros de auto-ajuda. Acho que autodeterminação e cabeça própria não estão mais servindo como antídoto para a angústia da maioria nessa turbilhão informacional de hoje..

  • Isabel Pinheiro 25/07/2008em15:52

    Ah sim, Sérgio. Eu não estava nem falando do prêmio. Foi mais uma reação à reação comum das pessoas… 😉