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Sobre o Nobel de Doris Lessing

12/10/2007

O leitor Pedro Santos me cobra uma palavra sobre o Nobel de Doris Lessing. Com razão. Nunca li a mulher, mas isso não é desculpa. Também nunca tinha lido Orhan Pamuk quando, há um ano, às 9h58 da manhã, comentei a notícia de seu Nobel.

Sobre Doris Lessing, mesmo atrasado: além de parecer uma mulher de fibra, batuta, é uma escritora-escritora, para ficar na definição luxemburguiana, e isso é legal. Não gosto quando o Nobel vai para dramaturgos búlgaros ou poetas dialetais das Ilhas Maurício. Prefiro que premiem escritores que as pessoas lêem. E, claro, dar uma guinada para a ficção científica ou fantasia espacial depois de velha – fase que ela considera sua melhor – é uma idéia muito divertida. O Nobel laurear isso, mais ainda.

Ah, sim: é uma mulher. A 11a.

Acho que sob um outro aspecto é um Nobel cômodo, pois vai para uma escritora que já teve o seu tempo – já entrou para a história, digamos – e cuja explosão inicial, com os contos africanos e o título de persona non grata na Rodésia do Sul e na África do Sul em 1956, se deu em meados do século passado.

Não sei se o fato de, sendo cidadã britânica, Doris Lessing ter nascido há 88 anos na Pérsia, hoje Irã, não será uma espécie de mensagem cifrada desse prêmio. Mas divago.

De resto, parabéns, dona Doris. Quem sabe um dia eu leio a senhora. Fiquei curioso sobre a série Canopus.

58 Comentários

  • Mr. WRITER 12/10/2007em01:49

    Fiqeui curioso também…
    Vai para a lista…
    Valeu a dica mais uma vez Sergio…

  • Claire 12/10/2007em05:15

    Enfim! Primeiro blog que encontro que está falando no Nobel da Doris Lessing, uma das raras vezes em que posso dizer que o prêmio é merecido. Embora eu discorde do ‘teve seu tempo’ (ué, escritor de qualidade tem moda que nem os oportunistas da mídia??) pelo menos ALGUÉM registrou num blog o fato. Uma escritora que nunca deixou de inovar e de arriscar (aliás, ela escreveu as séries de ficção científica há mais de duas décadas; a mídia se enganou dizendo que sua obra nesse gênero é ‘recente’ – a não ser que Doris Lessing tenha voltado a ele e ainda não tenha sido traduzido entre nós – seus últimos livros são autobiografias e revisões críticas romanceadas dos anos 60/70).
    Um dos melhores volumes de “Canopus em Argos: Arquivos” é “Os casamentos entre as zonas 3, 4 e 5”, na minha opinião, claro.
    Doris Lessing merece ser lida e relida.

  • Paulo 12/10/2007em06:08

    A premiação de Doris Lessing foi bastante criticada, especialmente por se acreditar que o vencedor seria Philip Roth.

    Mas, como notou Sérgio, ela é uma escritora-escritora, é alguém do ramo, e, mesmo com altos e baixos em sua obra, produziu pelo menos um dos grandes romances do século 20: “O carnê dourado”.

    Já pensaram se a academia sueca tivesse premiado J. K. Rowling?

  • BCK 12/10/2007em09:33

    Quem não gostou foi o Harold Bloom.

    “the academy’s decision was pure political correctness. Although Ms. Lessing at the beginning of her writing career had a few admirable qualities, I find her work for the past 15 years quite unreadable … fourth-rate science fiction.”

    Tenho quase certeza que o Philip Roth nunca vai ganhar o Nobel… Vai entrar pra lista de injustiçados pra ficar junto com o Nabokov, Borges, etc

  • Jonas 12/10/2007em11:24

    Parece que vai sair uma novela dela em novembro aqui. Uma chance de conhecer seu trabalho.

  • Sérgio Karam 12/10/2007em13:30

    “Uma chance de conhecer seu trabalho”?!?!?!?! Tá cheio de livros da dona Doris nas livrarias, inclusive nos sebos. Quanto ao Philip Roth não ganhar o Nobel, ele está em excelente companhia, como lembrou BCK. Aliás, acabei de ler HOMEM COMUM, que o Sérgio já havia comentado no blog. É do caralho, e muito deprimente, por Deus!

  • Black Jack 12/10/2007em14:44

    Doris Lessing? Mais um rostinho bonito se dando bem no cenário literário…

  • Clara 12/10/2007em15:28

    Não é que esperaram Doris Lessing fazer 87 anos para agraciá-la com o Nobel? O que podemos conjeturar, imaginando que havia uma alta probababilidade da escritora estar morta, sériamente doente ou incapacitada? Que a comissão do Nobel é gagá, já que a excelência da escritora inglesa é de há muito reconhecida? Que, em vez da escritora inglesa, vivinha e lúcida, quem morreu foi alguém da comissão de literatura do Nobel, para o vento soprar a favor de Lessing? Será que a consideram a pior dos escritores merecedores do Nobel? Orhan Pamuk, o maravilhoso escritor turco, foi agraciado em 2006, aos 52 anos. Eu só queria entender!!

  • Clara 12/10/2007em15:30

    Seu Roth, espere um pouquinho mais.

  • Clara 12/10/2007em15:32

    Seu Roth, mantenha a saúde como a dona Doris fez. Quem sabe o senhor ainda não ganha o seu Nobel?

  • Jonas 12/10/2007em16:34

    Sérgio Karam, pode ter certeza que eu que os livros da Lessing pululam em livrarias e sebos. Eu, como o Sérgio, sou jornalista, então o lançamento de um novo livro vem bastante a calhar, pois pode ser que eu acabe escrevendo sobre ele.

  • Cezar Santos 12/10/2007em17:08

    Desculpem a pretensão, mas vou repetir comentário que fiz no post anterior, por achar que aqui fica mais “encaixado”

    Putz…o Roth continua na fila… para desespero dos apostadores…
    Acho engraçadíssimo brasileirim ficar todo empombado quando Roth não leva o Nobel….
    Ou quando um desconhecido (pra ele) turco leva.
    O cara não se toca que os velhinhos da academia vivem noutra sintonia, que o menos lido deles já leu trocentos vezes mais que o mais lido daqui….rsssss…..
    Enfim…

  • Saint-Clair Stockler 12/10/2007em18:17

    Bem, Sérgio, acho a série Canopus em Argos nada menos que brilhante. Foi através dela que me iniciei na obra da Lessing. Acontece que o pessoal da FC não parece apreciar muito suas obras desse gênero. Agora mesmo estamos travando uma bela discussão a respeito da “Doris Lessing escritora de Ficção Científica” na principal comunidade brasileira do Orkut dedicada ao gênero FC. A maioria acha que os livros de Canopus em Argos são “estranhos”, pra dizer o mínimo. Eu – até o momento, solitariamente – venho defendendo a grandeza da série. Veja só algumas opiniões dos fãs de FC:

    “Olha, eu li a uns 20 anos o ‘Shikasta’, achei meio estranho; mais ou menos uma releitura do Novo Testamento, com Jesus Cristo como um ET, se fosse reler hoje acho que não gostaria muito. Já ‘Os Casamentos Entre as Zonas 3, 4 e 5’ eu até gostei, só fico até hoje na dúvida se as ‘zonas’ era num Mundo-Anel artificial (Ringworld) ou eram dimensões paralelas.

    No fundo, acho que a Lessing não faz muito o meu estilo.”

    Ou

    “Olha, no primeiro livro, ‘Shikasta’, a autora dá as referências: Esoterismo pseudo-oriental da linha Blavatsky e Gurdjieff, mitologia européia pagã, cristã e ‘espiritualismo’ e claro, deuses-astronautas: Nada que Paulo Coelho e Raul Seixas nao tenham cantado… 🙂

    Não achem que falo mal do livro: ele é legal, mas seus temas hoje sao mainstream do esoterismo-pop: deuses astronautas, planos milenares, conspirações secretas, e a mistura de aliens e anjos que ficou bem popular com Arquivo-X e afins.

    Ah, sobre o ‘casamentos das zonas’, ele trata de um ‘universo’ parecido com o utilizado pelos espiritualistas: cada planeta possui “aneis espirituais”, onde residem os espiritos, de acordo com sua natureza.”

    Ou

    “Este [Shikasta] eu não li. Mas li um outro, fininho [trata-se de’Os agentes sentimentais’], que parecia mais poesia em prosa, sobre um planeta gelado.

    Eu achei The Sirian Experiments o melhor livro da série. É árido, quase totalmente descritivo, praticamente sem diálogos. Usando termos de FC, eu diria que Shikasta é soft, TSE é hard. Mas pelo menos tem alguma história inteligível, tem até mesmo vilões, o que é importante para os tipos não-literários como eu.”

    “Embora a Doris Lessing tenha seu mérito, tendo a concordar com o pessoal da comunidade: ‘Shikasta’ não é mais ficção científica do que, digamos, a ‘Divina Comédia’ ou ‘Paraíso Perdido’, a não ser como rótulo conveniente para fins de mercado. Está mais para ficção esotérica, como um subgênero da fantasia.”

    Eu, Saint-Clair, achei e ainda acho a série Canopus em Argos uma das melhores coisas que já li na vida, em termos de Ficção Científica.

  • BCK 13/10/2007em14:58

    É, cezar, é ridículo mesmo os brasileiros torcerem pelo Philip Roth, que não é brasileiro. Nós brasileiros só temos direito de torcer por brasileiros, porque, afinal, toda a literatura se resume a nacionalidade. rssss

    (acho que não teve quem chamasse o Pamuk de desconhecido… o cara é super-traduzido, e depois daquela controvérsia com o governo ele ficou ainda mais conhecido)

    O Roth não tem muita pouca chance de ganhar o Nobel. Seus livros são muito politicamente incorretos, com toda a sexualidade explícita (mais prisão do que libertação, como “deveria ser”) seu humor cáustico e constante (não há humor no mundo politicamente correto) e seu egocentrismo indestrutível (que mesmo assim produz obras literárias de altíssima qualidade). Desculpe Roth, talvez no início ou meio do Século XX (vide Hemingway, outro egocêntrico politicamente incorreto que ganhou o prêmio) você teria mais chance…

  • vinicius jatobá 13/10/2007em15:38

    EUA: Edward Albee e/ou Cormac McCarthy.

  • Cezar Santos 13/10/2007em16:00

    BCK,
    No Brasil tem sim quem chame o Pahmuk de desconhecido, até hoje tem quem diga isso. E na verdade, no Brasil, ele era mesmo desconhecido, não concorda?Quando ele ganhou, então, foi um deus nos acuda…
    Quanto ao Roth, não fiz julgamente de valor sobre o trabalho dele. Acho que ele tem sim alguns livraços, e o conjunto da obra justifica um Nobel, evidente. Embora na minha humilíssima opinião haja um pouquinho de supervalorização em cima do homem, talvez até por ser politicamente incorreto, como vc nota, uma parte da midia julga que isso só justifica todos os encômios.
    A questão é que existem muitos outros que também merecem o prêmio… Acho que concordamos então que o Roth é um injustiçado pelo Nobel. Assim, como o Vargas-Llosa é, como Borges foi, o Joyce foi, o …, o… e por ai vai, né mesmo?
    Quantos aos brasileiros…sei não… Machadão nem teve como… Drummond já foi… Rosa já foi, Cabral já foi… Amado já foi (não gosto, mas ele era bem à feição pra receber aquele prêmio, que tem muito de político).
    Sinceramente, vc acha que tem algum brasileiro vivo ai que seja nobelizável?
    Ubaldo? Gullar? Talvez o Gullar, um tremendo poeta… mas …

  • vinicius jatobá 13/10/2007em16:29

    O Milton Hatoum daqui a alguns anos?

  • Cezar Santos 13/10/2007em21:05

    Puxa, Jatobá…
    Hatoum? vc é um pândego…

  • vinicius jatobá 13/10/2007em21:57

    Pode rir, pode achar graça, mas me responda: onde está o ‘Relato de um certo oriente’ do Philip Roth? E outra: e o ‘Sargento Getúlio’ e ‘Viva o povo brasileiro’ do Philip Roth? E mais: onde está o ‘Lavoura Arcaica’ dele? Estou sorrindo também, mas de orgulho.

  • Jonas 13/10/2007em22:05

    Ahn.

  • Clara 13/10/2007em23:18

    Pamuk era já muito conhecido na Europa e Estados Unidos, e no Brasil, muito menos, já que sua obra começou a ser publicada aqui em 2006.

    Todas as traduções do Pamuk vem não do original, mas da tradução inglesa.

  • Clara 13/10/2007em23:20

    Tradução da língua inglesa para o português, mais precisamente.

  • Saint-Clair Stockler 13/10/2007em23:35

    Eu acho que Lygia Fagundes Telles é uma autora bastante Nobelizável. Querem outro? Autran Dourado.

  • BCK 14/10/2007em21:06

    Brasileiro que talvez mereça o Nobel, acho que só o Gullar. Talvez a Nélida Piñon (que eu não gosto). Temos grandes escritores, mas que não têm projeção internacional.

    Esse papo é meio ridículo, na verdade. Como diz o Sérgio Sant’Anna (cuja obra é do mais alto nível que se pode exigir, mas não faz o estilo da Academia): “Esse negócio de brasileiro discutir quem de nós merece o Nobel cheira ao provincianismo mais baixo, faz lembrar os saudosos concursos de Miss”.

    Quanto ao Roth, é só ler Sabbath’s Theater para ver que se trata de um escritor incrível. Na verdade eu torço mesmo é pro Lobo Antunes, que não merece “ficar abaixo” de Saramago (já que os portugueses também sofrem desse complexo de inferioridade nosso).

  • Brabcaleone 14/10/2007em22:25

    Na verdade todos esperavam este ano que o Nobel fosse para Eleanor Dorstein por conta do livro “Punjab Triste”. Quase autobigráfico, dos tempos de médica acompanhando o agora ex-marido hindú.
    Alguem aí já leu Eleanor?
    Punjab Triste ?
    Cães e Elefantes?
    Sãndalo?
    São o Quê São?

  • Livreiro 14/10/2007em22:32

    Dela eu só li “O verão antes da queda”. Foi tão insignificante pra mim que nem me lembro do que tratava a história…

  • Magnificat 14/10/2007em23:06

    Esclarecendo:

    O “dela” aí de cima não se refere a Eleanor Dorstein, e sim a própria Doris Lessing.

  • monica maia 15/10/2007em10:01

    Caro Saint Clair,
    De Doris, leia Canção da Relva, o livro definitivo dela, de 1950, atualíssimo!
    Disponível em sebos.
    A série de ficção científica não traz o melhor da autora.
    Aquele abraço,
    Monica Maia

  • Milton Ribeiro 15/10/2007em10:27

    Escrevi mais longamente sobre o Nobel e também sobre Doris Lessing aqui: http://www.verbeat.org/blogs/miltonribeiro/arquivos/2007/10/o_nobel_de_dori.html .

    Li mais de vinte de seus livros. Gosto dela, mas acho a série Canopus medíocre.

    Abraço.

  • joao gomes 15/10/2007em11:07

    Penso que Gullar merece. “Poema sujo” é um verdadeiro legado. Além de seu trabalho, Gullar tem uma história de outside que acredito faz bem o “tipo” político pelo qual nos últimos cinquenta anos (+ ou -) pode ser obsevado por uma análise de tendência. A característica de Lessing ter nascido lá na Pérsia e sua trajetória pela África e sua insurgência contra o stablishment do patriarcado e das políticas raciais a coloca bem dentro do “script” dos nobelizáveis, tais como o nobre colosso brasileiro da Última Flor do Lácio da atualidade — Gullar.

  • vinicius jatobá 15/10/2007em11:25

    Um dos argumentos mais estranhos é de atribuir um prêmio por motivos políticos. Qual grande romance, poema ou peça teatral que não é política? Digo: se a literatura lida com a vida, e dentro da vida cabe também a política, não seria estranha uma literatura sem teor político? Se pegarmos nossos dois maiores narradores, Machado e Rosa, eles não são autores políticos? Não consigo entender a resistência das pessoas com o lado político do trabalho dos escritores, quando a política é uma parte essencial da nossa existência. As experiências religiosas, políticas e sexuais são as mais profundas, e como fazer uma literatura que não as atravesse e não as tematize? Mesmo um conto sobre o vazio é um conto sobre a política dos afetos, do desejo, e se nosso corpo e nossa relação com ele é construída socialmente como ignorar que ele é uma arena tensa e ruidosa de todo debate político ao seu redor? Não entendo o escândalo das pessoas ao redor da política em certo trabalho literário porque, muitas vezes, a grandiosidade de um autor nasce da forma como ele enfrenta a sociedade e transforma material de reportagem em literatura.

  • joao gomes 15/10/2007em11:36

    Vinicius Jatobá,

    nao afirmei que o premio foi concedido por motivos politicos. Mas declarei que uma analise de tendencia nos últimos cinqüenta anos das escolhas do Nobel de Literatura aponta para esse lado.

    De resto devo acrescentar que concordo contigo e que até quando alguem se declara apolítico está exercendo um direito e uma posição política. Aprecio deveras acompanhar os desdobramentos da política e da criacao literária através de leituras em livros, jornais e blogs. Tais como: Todoprosa e Pedrodoria. Mas, tudo depende do tempo que anda sempre curtissimo.

  • Cezar Santos 15/10/2007em15:06

    Jatobá,
    então pra que vc não fique tão “estranhado” assim, vamos retificar: o Nobel é um prêmio em que o caráter geopolítico tem falado mais alto em aguns anos… mera questão de compensação geográfica em tributo a certo multiculturalismo em que a América do Sul, pela insignificância de sua literatura aos olhos do Primeiro Mundo, não é contemplada.

    A propósito, vc pergunta onde está o ‘Relato de um certo oriente’ do Philip Roth? O ‘Sargento Getúlio’ e ‘Viva o povo brasileiro’ do Philip Roth? Onde está o ‘Lavoura Arcaica’ dele?
    Ok, ok… talvez eu pudesse perguntar onde está o “Complexo de Portnoy” do Hatoum; onde “A marca humana” do Ubaldo; onde o “Pastoral americana” do Nassar….mas não vou perguntar..acho tão despropositado isso. Cada autor tem a própria obra, né não?

    Continuo achando que vc é um pândego em relação a Hatoum ser nobelizável, não que eu consiedere a obra do manauara ruim, mas me parece que falta a ele escrever mais. Talvez eu até ache que falta a ele escrever mais e melhor. Mas posso estar equivocado, quase sempre estou nessas questões…

  • Ney Alexandre 15/10/2007em16:44

    Li “As Prisões que escolhemos para viver” há uns 8 anos. Foi meu primeiro e mais marcante contato com a Doris Lessig. Fiquei satisfeito com o prêmio nas mãos dela.

    Arbaços, Ney

  • Cezar Santos 15/10/2007em16:47

    Brancaleone,
    “Na verdade TODOS esperavam este ano que o Nobel fosse para Eleanor Dorstein por conta do livro “Punjab Triste”. “…
    Puxa, Brancaleone, vc disse TODOS?
    Que coisa, não?
    O nível de decepção que tomou conta de TODOS ao ser anunciado que a Lessing e não a, como é o nome mesmo? Dorstein.. isso, Dorstein, chegou à beira da calamidade, né não?

  • persia 15/10/2007em17:13

    doris lessing tem qualidades. era lida no brasil pelo público não-acadêmico, na época (ou logo depois) de sucessos de público (da forma como são ou ou costumavam ser no br.) hesse ou garcia marques. bem mais lidos.

  • vinicius jatobá 15/10/2007em18:25

    Caro Cezar, Você está certo, estou errado, o Roth é o máximo, o romance mudou depois dele, e nós brasileiros somos titica mesmo, não sabemos pensar quanto mais fazer romance, você é uma pessoa cheia de propósitos, passar bem, seja feliz. Abs,

  • Brabcaleone 15/10/2007em18:52

    O golpe da Eleanor Dorstein poderia ter dado certo. Já peguei muito intelectual assim: Chuto um nome e um ou outro morde o engôdo.
    A turma aqui tá esperta!!

  • Daniel Brazil 15/10/2007em21:47

    Ferreira Gullar é um cara supervalorizado. Poema Sujo é bom, mas o conjunto de sua obra é bem irregular. E as suas colunas semanais na imprensa são sofríveis, para dizer o mínimo. Rasteiras, contraditórias, muitas vezes mesquinhas. Falta grandeza no cara, e isso pesa na balança.

  • joao gomes 16/10/2007em09:39

    Daniel a “irregularidade” não vejo como problema, se no conjunto, apresenta trabalhos relevantes. Não tenho lido as suas colunas semanais.

    Observando os queridinhos da mídia, eu particularmente, encaro F.Gullar como um dos maiores poetas do brasil. Falar de supervalorizado? Não creio que ele seja supervalorizado, pelo contrário.

    Gullar tem uma obra temática onde apresenta frequentemente:
    -a dialética da vida;
    -é uma arte de vanguarda ao romper com estruturas pré-formatadas (daí a real criacao literária);
    -há uma boa dose de humor em seus escritos;
    – confrontos constantes entre: Existências X Experiência;
    -confrontos constantes entre:
    -Essência X Excelência;
    -a poética dele apresenta um ritmo por vezes lúdico;
    – a poética dele resgata o saber popular e estabelece ligações/resgate com o folclore nacional.

    Vale lembrar que Ms. Doris Lessing tambem nos últimos anos tem escrito textos autobiográficos, e no entanto isso nao tira sua qualificacao numa avaliacao geral de seus trabalhos.

    Além disso tenho observado um certo desdém por obras de Ficcao Cientifica em alguns comentarios realizados por aqui e até mesmo em algumas resenhas (sobre livros de D. Lessing) que li.

  • Cezar Santos 16/10/2007em15:15

    Quer queiram quer não, a ficção científica é tida como gênero menor, menos “qualificada”…
    Embora P. K. Dick tenha uma obra simplesmente maravilhosa, que eleva o gênero à altura de Literautra com L maiúsculo mesmo. Asimov também… Clark também…, obviamente que não são todos os livros desses autores que são bons. Na ficção científica, me parece, é mais fácil surgir embustes e contrafações.

  • Tibor Moricz 16/10/2007em15:35

    Gênero menor é a puta que o pariu. Isso serve pra todos que a consideram assim.
    Alguém aqui já leu André Carneiro ou João Barreiros? Creio que nem os conhecem…
    (Tibor em entrada triunfal… rsrsrs)

  • joao gomes 16/10/2007em16:03

    Tibor e seu lança-chamas !

    cuidado que o metanol podi si acaba
    muito rapidu !

  • Cezar Santos 16/10/2007em16:59

    Quem são André Carneiro e João Barreiros?

  • Rafael 16/10/2007em17:52

    Cezar,

    Conviria antes perguntar: quem foram José Echegaray y Eizaguirre, Frans Eemil Sillanpää, Gerhart Hauptmann, Jacinto Benavente y Martínez e Carl Gustaf Verner von Heidenstam?

    Alguém tem alguma idéia?

  • joao gomes 16/10/2007em18:41

    os cavalos do épico Ben-Hur
    Hihihihihih!

  • Cezar Santos 16/10/2007em20:28

    Então tá, Rafael, eu pergunto então: quem foram Joseph Saeñz, Christoph Elsheibrow e Tagliut Henzerrifst….
    Ha, quase me esqueci: quem foi o bravo cearense Onorino da Mata?

  • Saint-Clair Stockler 16/10/2007em20:56

    Oi Monica

    Obrigado pela dica! Vou procurar, sim, o livro.

    Abração!

  • Saint-Clair Stockler 16/10/2007em21:14

    Pessoal, estou com dificuldades em escrever aqui. Escrevi um texto IMENSO mas o sistema do site barrou ele, sei lá a razão.

    De novo:

    André Carneiro é, simplesmente, o maior e o melhor escritor de FC brasileiro. Reconhecidíssimo e bastante traduzido fora do Brasil, completo desconhecido (como pode-se observar até mesmo aqui) por estas bandas. É lamentável. Ele também é poeta, fez parte da Geração de 45, e foi amicíssimo do Oswald de Andrade, que falava muito bem dele.

    Quem tiver curiosidades, há um conto dele chamado “A escuridão”, escrito bem antes de “O ensaio sobre a cegueira” do Saramago, mas que guarda com este estranhas semelhanças.

    Graças aos deuses o André ainda está vivo, embora tenha passado por uma cirurgia séria há pouco tempo.

    Uma pequena, mas muito bem-feita, biografia de André Carneiro:

    http://www.terra.com.br/planetanaweb/348/materias/mago_da_palavra.htm

    João Barreiros é o maior e melhor escritor de FC português. Autor, em parceria com Luis Filipe Silva, de um romance de FC que já é considerado clássico: “Terrarium”. Gosto muito dos seus textos, que têm um humor negro e uma virulência que aprecio muitíssimo.

    Duas sugestões de leitura:

    “Uma noite na periferia do Império” – conto brilhante sobre… bem, sobre a periferia do Império no futuro. Tem muito a ver conosco (brasileiros), por incrível que pareça e “Disney no Céu entre Dumbos”, novela de FC das melhores e mais curiosas que já li (e muito bizarra também).

    Eu ia dar o link dos dois textos, mas acabo de descobrir que eles não estão mais disponíveis on line. Se algum de vocês estiver interessado em lê-los, basta me mandar um e-mail (saintclairstockler@gmail.com) que eu mando pra vocês. Possuo-os aqui no meu computador.

    ESTOU CHOCADO COM O FATO DE VOCÊS NUNCA TEREM OUVIDO FALAR DE JOÃO BARREIROS E, SOBRETUDO, DE ANDRÉ CARNEIRO!

  • Saint-Clair Stockler 16/10/2007em21:18

    Tenho os textos tanto do André Carneiro quanto do João Barreiros aqui comigo (o post acima deu a entender que tinha só os textos do Barreiros). “A escuridão”, do André Carneiro, pode ser achado on line. Os do Barreiros, não mais.

    Repetindo: se quiserem, é só me escreverem (saintclairstockler@gmail.com) que mando os 3 pra vocês. Acreditem: vale muito a pena lê-los. Literatura de primeiríssima categoria.

  • Rafael 17/10/2007em08:14

    José Echegaray y Eizaguirre: Prêmio Nobel da Literatura de 1904.

    Frans Eemil Sillanpää: Prêmio Nobel da Literatura de 1939

    Gerhart Hauptmann: Prêmio Nobel da Literatura de 1912

    Jacinto Benavente y Martínez: Prêmio Nobel da Literatura de 1922

    Carl Gustaf Verner von Heidenstam: Prêmio Nobel da Literatura de 1916

    Aposto que a esmagadora maioria dos que freqüentadores deste site não ouviu falar de nenhum desses nomes, embora sejam de autores laureados com o Nobel.

    Por isso, é para mim um mistério todo esse frisson que o Nobel provoca a cada ano que passa, como se o prêmio fosse suficiente para levar o Mundo a desvendar os incultos mistérios da literatura brasileira. Alguém acredita realmente que a nossa literatura terá mais audiência se a Academia Sueca lançar a migalha do prêmio a algum brasileiro? Philip Roth não precisa do Nobel, pois já angariou algo muito mais valioso que vários Nobels juntos: o reconhecimento do público leitor.

    Saramago, por exemplo, ganhou o Nobel de 1998 e a literatura portuguesa continua sendo uma ilha quase que totalmente ignota. Eça de Queirós, apesar de ser um artista superior, continua sendo muito pouco lido fora do universo lusófono. O mesmo pode-se dizer de Fernando Pessoa.

    Um prêmio desses não melhorará a literatura brasileira – apenas engordará a conta bancária do autor que for laureado.

  • persia 17/10/2007em11:22

    ih, saint-clair, pode ficar CHOCADÍSSIMO em maiúsculas, que continuamos agradecendo as dicas, embora realmente, essas só online, não gosto de fc.

    bom, rafael, pra saber se este ou aquele ganharam o nobel, só se, ouvindo falar de/ ou lendo um autor, pescassemos a informação do nobel; o contrário, não é conhecer literatura, mas a história do nobel. percebi as datas. e aí, vale a pena os tais serem minimamente conhecidos?

  • Tibor Moricz 17/10/2007em13:05

    Sérgio, enviei-lhe dois contos de João Barreiros (outros daqueles citados pelo Saint) e o conto Escuridão, de André Carneiro. Espero que sirvam para divertí-lo.

  • Saint-Clair Stockler 17/10/2007em13:13

    Ah, persia, por que você “não gosta de fc”? É literatura como outra qualquer. Há boas e más ficções no gênero.

    Como disse, os contos e novelas do João Barreiros não estão mais disponíveis on line. Se você tiver a bondade de me dar um alô no e-mail saintclairstockler@gmail.com , vou lhe enviar APENAS o conto. Leia como uma “experiência”. Acho que você vai gostar.

  • joao gomes 17/10/2007em15:52

    Pois o cinema tem bebido na fonte de pelos menos 4 escritores de FC que me lembro agora: F.Dick (muitos filmes dos últimos tempos); Isaac Asimov; A. Clarke; R.Bradbury.

    Já li materia sobre o Carneiro (o brasileiro citado aqui) numa Revista da SBPC. E nesta, afirmam que um conto de Carneiro influencio Clarke.

    Um cântico para Leibowitz de (esqueci o nome do sujeito) e Os 9 Bilhoes de Nomes de Deus (de A.Clarke) sao muito bons.

    experimente:
    http://z001.ig.com.br/ig/61/35/147299/blig/cavernadeplatao/2007_06.html#post_18864913

  • persia 19/10/2007em19:23

    saint-clair, não será por bondade, mas por prazer. obrigada.

  • Saint-Clair Stockler 19/10/2007em22:55

    persia,

    Tô esperando seu contato 🙂

    Abraços!

  • Ana Luisa 30/11/2007em14:30

    Shikasta foi um dos livros mais interessantes que já li. Ironicamente, eu que adoro ler e tenho muita facilidade com isso, emperrei na metade do livro, deixando-o de lado por quase 8 anos, quando voltei a questionar a raça humana, as religiões, o mundo e o universo. Com a certeza que que há algo muito além da nossa compreeñsão, lembrei-me novamente de Shikasta e voltei a ler o livro, desta vez para enfim terminá-lo.
    Shikasta é uma leitura difícil, tanto pela estrutura em si (em forma de relatórios e arquivos) quanto pela sua subjetividade. Para que se tenha total aproveitamento das idéias de Doris Lessing é preciso sempre fazer analogias com a história da Terra e do Homem e estar naquela fase onde questionamos profundamente a nossa existência.
    Recomendo demais. Respire fundo e boa leitura.

    Gente não é um livro viagem… o que acontece é que vc tem que estar questionando tudo ao seu redor, se não vc perde o interesse e acha a maior papagaiada…

    Alguns exemplos:
    – Em Shikasta ela fala sobre a civilização de gigantes, que estavam em Shikasta (Terra) para ajudar na sua colonização, ensinando técnicas aos nativos a fim de acelerar sua evolução. Esses gigantes viviam em cidades geométricas, arquitetonicamente perfeitas, construídas de tal forma a harmonizar as energias e fluídos. Daí vem a analogia com civilizações inteiras que desapareceram (maias e astecas por exemplo), as pirâmides do Egito que ninguém sabe como foram construídas… Doris Lessing não afirma nada, apenas te deixa pensando no assunto…

    Outra idéia que eu achei demais é em uma passagem do livro onde ela cita a estranheza de um ser quando encarna em Shikasta…. a sensação de estar presa em um corpinho, puxado pra baixo (gravidade), se pensarmos há uma força gigante em nossas cabeças, uma força negativa que nos empurra pra baixo…

    doideira da melhor qualidade.

    Não conheço ninguém que já tenha lido Shikasta… queria muito trocar algumas impressões, então se alguém aqui já leu, por favor, escreva pra mim!
    aninhabeall@hotmail.com