A história de Kaavya Viswanathan, estudante de Harvard de 19 anos que foi do paraíso ao inferno editorial em poucos dias por conta de uma série de acusações – todas fundadas – de plágio, não comoveu a imprensa brasileira. Normal: Kaavya, que até poucas semanas atrás era festejada por seu primeiro romance chick lit (de literatura para moças, no estilo de Bridget Jones), não teve tempo de ser conhecida pelo leitor brasileiro. A autora que primeiro a acusou de copiar passagens de dois livros seus, Megan McCafferty, também não é ninguém por aqui. Se é normal que o caso, fora uma notinha ou outra, tenha passado em branco no Brasil, não deixa de ser, ao mesmo tempo, uma pena. Primeiro porque a história é pungente em si: Kaavya, garota linda, tinha fechado com uma grande editora um contrato para dois livros no valor de meio milhão de dólares – nada menos. Depois de recolher o livro sob suspeita, How Opal Mehta got kissed, got wild, and got a life, a princípio para “revisá-lo”, a editora Little, Brown & Company anunciou na semana passada que não haveria uma nova edição. Anunciou também que o contrato estava cancelado. Supõe-se que o meio…
Talvez seja exagero atribuir ao caso de Kaavya Viswanathan qualquer importância maior do que a de uma história triste sobre uma moça sem caráter, mas pelo menos um subproduto brilhante a polêmica já gerou: o texto humorístico de Larry Doyle publicado no último número da revista “The New Yorker”, intitulado How Fred Flintstone got home, got wild, and got a Stone Age life. Trata-se de uma alucinada colagem de pastiches de trechos famosos da literatura, tirados de autores como Poe, Dickens, Nabokov, com os versos da musiquinha de abertura dos “Flintstones” de entremeio. A graça do jogo (só para quem lê inglês, infelizmente) é desvendar o maior número possível das referências usadas por Doyle.