Eu sei que livros (assim como filmes) sobre cachorros sempre tiveram um cantinho seguro no mercado, mas a lista de mais vendidos do “New York Times” (mediante cadastro gratuito) sugere que a cinofilia literária está atingindo uma espécie de apoteose. Em primeiro lugar na lista de não-ficção está Marley & Me, do jornalista John Grogan, que conta a história da atribulada – mas no fim das contas inspiradora e terna, é claro – convivência de sua família com Marley, um labrador neurótico e hiperativo. Na terceira posição da lista de auto(?)-ajuda surge Cesar’s way (“O jeito de Cesar”), em que o apresentador de um programa televisivo de sucesso chamado Dog whisperer (“Sussurrador canino”, aquele que sussurra com cachorros), Cesar Millan, dá lições sobre a psicologia dos totós. Talvez não seja exagero imaginar que a tendência chegará ao ponto de invadir a ficção e nos brindar com novelinhas bitch lit estreladas por poodles cor-de-rosa. Eu seria leitor garantido de um romance policial ultraviolento sobre um serial killer da raça pitbull.