É uma coincidência que “O animal agonizante” (Companhia das Letras, tradução de Paulo Henriques Britto, 128 páginas, R$ 29), lançado pelo setentão Philip Roth em 2001, saia nos próximos dias no Brasil, poucas semanas depois do lançamento nos EUA de seu novo romance, Everyman. Os dois livros, ambos novelas ou romances curtos (formato que representa uma novidade na carreira do prolífico autor), têm outro parentesco: mergulham de cabeça na consciência da morte. Pode-se encarar Everyman, que comentarei neste espaço em breve, como a seqüência natural – triste mas natural – de “O animal agonizante”. Neste, tão erótico quanto qualquer outro de Roth, o homem velho aproveita o que lhe resta de vida dividindo os lençóis com Consuela Castillo, uma deliciosa aluna de 24 anos que é dona dos seios mais belos que ele já viu, enquanto reflete sobre o fim inevitável: Você pode imaginar o que é a velhice? É claro que não. Eu não podia. Nunca consegui. Não fazia idéia do que era. Não tinha nem mesmo uma imagem falsa – não tinha imagem nenhuma. E ninguém quer outra coisa. Ninguém quer encarar a velhice antes de ser obrigado a encará-la. Como é que tudo vai terminar? Em relação…