Uma observação do lingüista Sirio Possenti (veja a caixa de comentários da nota abaixo) desviou o foco da discussão: de Monica Ali e o multiculturalismo para a importância cada vez maior que as informações biográficas de um autor – nacionalidade, cor, orientação sexual, psicopatologias variadas – assumem na agenda da imprensa literária, enquanto seus méritos de escritor vão recuando para o segundo plano. O assunto levantado por Sírio é bem-vindo. O fenômeno parece ser global e não poupar nenhum ramo de atividade: nunca o mundo foi tão obcecado por celebridades, com seu recheio de pastel de vento e sua consistência de holografia. Ou foi? Saiu há poucas semanas nos EUA um livro que joga luzes interessantes sobre a questão: The economics of attention – Style and substance in the age of information (“A economia da atenção – Estilo e substância na era da informação”), de Richard A. Lanham, professor emérito de inglês da Universidade da Califórnia. Lanham, 70 anos, um vetusto especialista em estilo e retórica, caiu na vida digital nos últimos anos. Primeiro lançou um livro chamado The electronic word (“A palavra eletrônica”). Agora amplia o quadro para refletir, entre outras coisas, sobre as novas estratégias que a superoferta…