A efeméride dos vinte anos da morte de Jorge Luis Borges, na semana que passou, foi marcada pelo bordão de sua “influência crescente” – expressão que está na capa da revista “Entrelivros”, por exemplo, que dedica 19 páginas ao gênio argentino. Isso não existe, acredita o escritor brasileiro que mais gastou páginas para fazer de sua ficção um espelho borgiano do legado de Borges. Antonio Fernando Borges é autor de uma trilogia tão obsessiva quanto corajosa: “Que fim levou Brodie?” (Record, 1996), “Braz, Quincas e Cia.” (Companhia das Letras) e o recente “Memorial de Buenos Aires” (Companhia das Letras, 224 páginas, R$ 41,50) acertam contas, respectivamente, com Jorge Luis Borges, Machado de Assis e, por fim, os dois juntos. Os três são livros de leitura prazerosa se você aprecia um jogo de referências literárias – é o meu caso. Mas deixam no ar uma pergunta inevitável: quando Borges, o Antonio Fernando, vai sair da biblioteca que Borges, o Jorge Luis, jamais deixou? Ele garante que já saiu, e que seu próximo romance, em andamento, trabalhará sobre “as referências impuras da realidade”. Tem se falado muito que a influência de Borges é cada vez maior. É indiscutível que o velho virou…