A polêmica sobre o fim anunciado do livro ganha a adesão de duas vozes de peso. Umberto Eco comparece com a transcrição de sua palestra Da internet a Gutenberg, de 2003, traduzida para o português pelo professor catarinense João Bosco da Mota Alves (o link é uma contribuição do leitor Francisco Gonzalez). Comentando as infinitas possibilidades de “leitura ativa” que o meio eletrônico propicia, aquelas que seus propagandistas saúdam como o fim do “livro fechado” – hipertexto, interatividade, edição, colagem de fragmentos –, Eco defende o livro tradicional com sobriedade e elegância, apresentando um singelo argumento filosófico: Você é obrigado (como leitor de um livro) a aceitar as leis do destino, e constatar que não pode mudar o destino. Um romance hipertextual e interativo nos permite praticar liberdade e criatividade, e espero que tal tipo de atividade inventiva seja praticada nas escolas do futuro. Mas “Guerra e Paz” escrita não nos confronta com possibilidades ilimitadas de Liberdade, mas com as leis severas da Necessidade. Para sermos pessoas livres, precisamos também aprender esta lição sobre Vida e Morte, e apenas os livros ainda nos presenteiam com esta sensatez. A outra contribuição tem peso intelectual equivalente: vem do historiador francês Roger Chartier,…