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Ainda a Turquia
Posts / 10/07/2006

Uma reportagem do jornal inglês “The Guardian” (acesso livre, em inglês) traz novas informações e contextualiza a situação de precária liberdade de expressão que tem atazanado a vida de escritores e jornalistas turcos – veja a nota “A Turquia ataca outra vez”, ali embaixo. A propósito da reabertura do processo contra uma romancista popular no país, Elif Shafak, por “ofender a turquidade” (na falta de palavra melhor), o jornal informa que mais de 60 pessoas foram processadas sob alegações semelhantes de um ano para cá, desde que se introduziu na lei um certo “artigo 301”. A maioria dos processos acaba girando em torno da questão do massacre – há quem prefira chamar de genocídio – dos armênios pelas tropas turcas durante a Primeira Guerra Mundial, que o país nega oficialmente. No caso de Elif Shafak, bastou que a palavra “genocídio” fosse pronunciada por um de seus personagens, aliás armênio, para que a autora fosse acusada. Algo como prender Flaubert pela morte de Emma Bovary. O jornal registra ainda uma interessante tese de Sarah Whyatt, diretora do PEN Internacional que acompanha o caso: mais do que um vício autoritário que a Turquia precisará abandonar em sua campanha para ingressar na União…

Olivier Rolin: ‘Tigre de papel’
Primeira mão / 10/07/2006

O romance “Tigre de papel” (Cosac Naify, tradução de José Bento Ferreira, 286 páginas, preço a definir), que chegará às livrarias no fim deste mês, é o passaporte do escritor e editor francês Olivier Rolin para a Festa Literária Internacional de Parati – onde ele estará dia 11 de agosto, ao lado do peruano Alonso Cueto e do gaúcho Luiz Antonio de Assis Brasil, na mesa “Prosa, política e história”. Trata-se de um belo passaporte. Estruturado como uma caudalosa falação de Martin, que foi militante maoísta na Paris de 1968, para a filha de Treize, um correligionário já morto, “Tigre de papel” é o acerto de contas de Rolin, nascido em 1947, com seu próprio passado politicamente ativo naquele tempo e lugar – ambos lendários. É também uma tentativa de traduzir as motivações da geração 68 para a jovem que o escuta e, com intervenções esparsas mas precisas, ajuda a evitar que o relato descambe para o puro saudosismo melancólico. Se este resumo apressado deu a entender que “Tigre de papel” é um romance pesado, denso, cabeçudo – ou seja, “francês” no mau sentido –, esqueça o resumo. Ambicioso, o livro tem uma verborragia atropelada e suja que o situa…