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Começos inesquecíveis: João Ubaldo Ribeiro
Posts / 16/07/2006

Contudo, nunca foi bem estabelecida a primeira encarnação do Alferes José Francisco Brandão Galvão, agora em pé na brisa da Ponta das Baleias, pouco antes de receber contra o peito e a cabeça as bolinhas de pedra ou ferro disparadas pelas bombardetas portuguesas, que daqui a pouco chegarão com o mar. Vai morrer na flor da mocidade, sem mesmo ainda conhecer mulher e sem ter feito qualquer coisa de memorável. É certamente com a imaginação vazia que aqui desfruta desta viração anterior à morte, pois não viveu o bastante para realmente imaginar, como até hoje fazem os muito idosos em sua terra, todos demasiado velhos para querer experimentar o que lá seja, e então deliram de cócoras com seus cachimbos de três palmos, rodeados pelo fascínio dos mais novos e mentindo estupendamente. No início de “Viva o povo brasileiro” (Nova Fronteira, 1984), João Ubaldo Ribeiro anuncia de cara a morte (mas será mesmo?) do protagonista, como faz Gabriel García Márquez em “Cem anos de solidão”. Mas não fica nisso: baianamente, deixa claro que essa é só uma das vidas do sujeito. Fica apenas insinuada a sugestão de que vale a pena seguir cada uma delas. E vale mesmo. Não será…