Se o Todoprosa falasse de poesia, seria o caso de me declarar surpreso e decepcionado com o dogmatismo exposto pelo escritor e agitador cultural paulistano Nelson de Oliveira em artigo para o jornal curitibano “Rascunho”. Oliveira não deixa escolha aos poetas aspirantes: exige que eles… …inventem sua própria métrica, evitem o verso de medida fixa, fujam da rima. O poema regularmente metrificado e rimado pertence ao passado glorioso. Hoje seu ritmo mecânico e engessado (cafona até à medula) só faz sentido na música popular e no canto lírico de baixa qualidade. Pensando bem, nem mesmo aí. A literatura não deve ser tratada como passatempo de burocratas afetados e pedantes. Se o Todoprosa falasse de poesia – mas não fala, não fala –, eu diria que, obviamente, metro fixo e rima são apenas recursos, não têm valor intrínseco para o bem ou para o mal. Vetá-los é tão absurdo quanto declará-los obrigatórios. Principalmente num momento em que, tendo sido tratados com um certo desprezo pelos bem-pensantes por décadas, eles oferecem enorme potencial para o drible na expectativa do leitor, para a obtenção do efeito que não se espera – função básica de qualquer boa literatura, pois não? O artigo é desalentador…