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Philip Roth: ‘Everyman’
Primeira mão / 29/07/2006

O Primeira mão de hoje é diferente: traz trecho de um livro ainda não publicado no Brasil. Everyman, o último lançamento do americano Philip Roth (Houghton Mifflin Company, 184 páginas, US$ 16,32 na Amazon.com – a tradução é minha), é simplesmente a novela mais crua que já li sobre envelhecimento e morte. Por suas páginas sopra um vento frio, e sopra tão forte que me afetou o juízo e me fez ceder a este clichê. O título – tirado de um auto medieval sobre a visita da Morte a Everyman – sugere que Roth vai fazer de seu protagonista sem nome o Homem Comum, o cidadão médio. Parece ter sido essa a intenção, mas não é bem o que ocorre. O everyman aqui é por demais americano, urbano, agnóstico, sexualmente atraente e habituado aos confortos da classe média alta – enfim, um personagem de Roth – para se qualificar como homem universal. O fato de seu plano de saúde de primeira qualidade fazer inveja a 99% da população da Terra, porém, não tira pungência da meticulosa descrição dos problemas médicos em fila que vão roubando do personagem, naco por naco, a sua vida. Que essa vida já não fazia muito…