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A vida como ela voltou a ser
Posts / 31/08/2006

“Envelheçam depressa, deixem de ser jovens o mais rápido possível.” O conselho de Nelson Rodrigues (1912-1980) aos jovens deixa evidente a implicância que ele devotava a qualquer pessoa que não carregasse um bom número de décadas nas costas. No entanto, pelo menos num ponto – entre outros, claro – a juventude é invejável: quanto menos vivido, mais chances tem o leitor de receber como revelação a nova edição de “A vida como ela é…” (Agir, 606 páginas, R$ 59,90). E encontrar essas histórias pela primeira vez é um privilégio, uma dádiva. Convém, então, refazer aquele conselho: não envelheçam, jovens. Não enquanto não lerem isso aqui. Crônicas? Bem, pode-se dizer que sim, pois saíam no jornal. Por alguma razão parece melhor chamar de contos essas variações curtas e às vezes brutais em torno do tema do adultério. Como contos, aliás, elas já eram rotuladas em sua primeira edição em livro, nos dois volumes lançados em 1961 pela editora J. Ozon, que a Agir reúne agora num volume só. Contos populares, velozes, furiosos, magistrais em sua economia de meios. Fazendo as vezes de pano de fundo, um milagre: como é possível que textos de jornal, escritos diariamente – sim, com uma única…

Naguib Mahfouz (1911-2006)
Posts / 30/08/2006

O escritor egípcio Naguib Mahfouz, que morreu hoje no Cairo aos 94 anos, foi o único escritor do mundo árabe a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1988. Mahfouz fora internado há um mês e meio, depois de sofrer uma queda em casa. O declínio da saúde de Mahfouz começou em 1994, quando um homem o esfaqueou no pescoço – e fugiu sem ser preso. O atentado foi provavelmente praticado por um extremista islâmico: líderes fundamentalistas tinham acabado de declarar o escritor “infiel”. De fato, sua literatura era boa demais, humana demais, para descer pela goela do fundamentalismo. Muitos de seus livros foram proibidos em outros países árabes, e um deles, de 1959, no próprio Egito. Leia o obituário do “New York Times” (em inglês, mediante cadastro) aqui. E o do “Le Monde” (em francês, acesso livre), aqui. Mahfouz, que certa vez se definiu como um “escritor de quarta ou quinta categoria”, é autor de três dezenas de romances, além de volumes de contos, peças teatrais e roteiros de cinema, mas sua obra hoje é escassa nas livrarias brasileiras. Lançado em 1997, o romance “Noites das Mil e Uma Noites” (Companhia das Letras), fantasia baseada no maior clássico das…

O poeta, a amante, o biógrafo e o cafajeste
Posts / 29/08/2006

Os personagens são quase inteiramente desconhecidos por aqui, mas a história é tão boa que vale assim mesmo. Uma recente biografia do poeta inglês Sir John Betjeman – poeta “oficial” do Reino Unido de 1972 até morrer, em 1984 – trouxe como uma de suas maiores curiosidades uma derramadíssima carta de amor até então inédita endereçada por Betjeman a uma amante. O biógrafo, AN Wilson, acaba de reconhecer que o texto é falso e que alguém lhe armou uma cilada. A prova é incontestável: um jornalista descobriu que as iniciais maiúsculas de cada frase da suposta carta de amor formam a sentença “AN Wilson is a shit” (AN Wilson é um merda). Esse ambiente literário sabe ser inóspito às vezes.

Ficção é coisa de mulher?
Posts / 28/08/2006

Faz alguns anos que pesquisas no mundo anglófono vêm denunciando a insignificância do papel masculino entre os leitores de ficção: os homens respondem por cerca de 20% do mercado. Só. Não foi à toa que o inglês Ian McEwan, um dos maiores escritores vivos, declarou ano passado: “Quando as mulheres pararem de ler, o romance estará morto”. É sempre arriscado tirar conclusões muito ambiciosas em cima de estatísticas como essa. Faltam dados a respeito do sexo dos leitores de ficção em outros países – e em outras épocas, como quando Ernest Hemingway era rei com seus livros cheios de testosterona. Mesmo sendo difícil pôr em perspectiva números tão curiosos, já se começa a murmurar por aí que a dramática perda de prestígio cultural dos romancistas, ocorrida do último quarto do século XX para cá, está relacionada ao fato de os homens, os detentores do poder, estarem interessados mesmo é em livros de não-ficção. Obras sérias, sabe como? (Atenção: isso é uma ironia. O Todoprosa só se interessa por não-ficção quando ela fala de ficção.) O ótimo tema da feminilidade da leitura é discutido com graça em suas diversas implicações – políticas, culturais, filosóficas – num artigo (em inglês) publicado pela…

Começos inesquecíveis: Italo Svevo
Posts / 27/08/2006

Sou o médico de quem às vezes se fala neste romance com palavras pouco lisonjeiras. Quem entende de psicanálise sabe como interpretar a antipatia que o paciente me dedica. Não me ocuparei de psicanálise porque já se fala dela o suficiente neste livro. Devo escusar-me por haver induzido meu paciente a escrever sua autobiografia; os estudiosos de psicanálise torcerão o nariz a tamanha novidade. Mas ele era velho, e eu supunha que com tal evocação o seu passado reflorisse e que a autobiografia se mostrasse um bom prelúdio ao tratamento. Até hoje a idéia me parece boa, pois forneceu-me resultados inesperados, os quais teriam sido ainda melhores se o paciente, no momento crítico, não se tivesse subtraído à cura, furtando-me assim os frutos da longa e paciente análise destas memórias. Publico-as por vingança e espero que o autor se aborreça. Seja dito, porém, que estou pronto a dividir com ele os direitos autorais desta publicação, desde que ele reinicie o tratamento. Parecia tão curioso de si mesmo! Se soubesse quantas surpresas poderiam resultar do comentário de todas as verdades e mentiras que ele aqui acumulou!… O pequeno prefácio que abre “A consciência de Zeno” (Nova Fronteira, tradução de Ivo Barroso),…

Margaret Atwood: ‘O conto da aia’
Primeira mão / 26/08/2006

“O conto da aia” (Rocco, tradução de Ana Deiró, 368 páginas, R$ 48), da canadense Margaret Atwood, é uma curiosa fantasia futurista na linha conhecida como “distopia”, ou utopia às avessas, a mesma de “1984”, de George Orwell, e “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley. O adjetivo “curiosa” se deve ao fato de que a obra soa, em muitos momentos, como uma resposta direta à paranóia americana pós-11 de setembro, embora tenha sido lançada em 1985. Num país que já foi conhecido como Estados Unidos da América, hoje chamado de Gilead, um golpe militar que teve como pretexto a ação de “fanáticos muçulmanos” aboliu os direitos civis em geral – e os das mulheres ainda mais. Não é a primeira vez que o livro sai no Brasil. Com o título de “A história da aia”, foi publicado pela editora Marco Zero em 1987. Mas é inegável que hoje soa mais atual do que na época. O romance é narrado pela aia (categoria social inferior, destinada exclusivamente à procriação) chamada Offred, que no trecho abaixo encontra uma colega chamada Ofglen. Infelizmente, ao optar por manter os nomes originais, em vez de adaptá-los como fez a tradução da Marco Zero, a edição…

Sete décadas de ‘Angústia’
Posts / 24/08/2006

Passados setenta anos da publicação de “Angústia”, reafirmada sua excelência artística no âmbito da literatura brasileira, Graciliano Ramos parece ter-se enganado sobre seu livro mais polêmico. É conhecido o desconforto do escritor em relação ao romance que necessitava, segundo ele, ser revisto até chegar ao osso, sem as repetições e os excessos que julgava defeitos a serem sanados. A prisão em 3 de março de 1936 o impediu de realizar a revisão desejada, antes que o livro fosse editado com o autor ainda na cadeia. O “livro infeliz”, como Graciliano se refere a “Angústia” em “Memórias do cárcere”, vai aos poucos se impondo por meio de um processo de atração e repulsa, que marcará para sempre a postura do romancista diante da obra. Em artigo de capa no jornal “Rascunho”, o professor de literatura Wander Melo Miranda, autor de “Graciliano Ramos” (PubliFolha), comemora os 70 anos de “Angústia”, do autor preferido de Heloísa Helena.

O que lêem os presidentes
Posts / 23/08/2006

O último número da revista “New Yorker” traz uma boa gozação de Adam Gopnik com a lista de “leituras de verão” de George W. Bush, uma tradição americana tão forte que mesmo um dos presidentes mais notoriamente broncos a passar pela Casa Branca acha de bom tom não dispensá-la. A piada maior é que, brilhando na lista de Bush, aparece “O estrangeiro”, de Albert Camus. E por que isso é engraçado? Bem, como se sabe, o narrador do maior clássico do existencialismo, Mersault, mata um árabe sem motivo – não, o sujeito não era acusado de esconder armas químicas no quintal. Entende-se o interesse do presidente americano, então? Claro que sim, mas apenas quando se leva em conta que listas desse tipo cumprem sobretudo um papel marqueteiro. Não é preciso que Bush leia Camus. Basta que ele diga que está lendo. E que depois agüente as gozações. Passada a zoeira, o que sobra é, por via das dúvidas, a imagem de um homem um pouco mais pensante do que imaginávamos – e se quisermos ser muito, muito crédulos, um verdadeiro estadista. Estamos bem longe disso no Brasil. O colunista Ancelmo Góis, do “Globo”, publicou no último fim de semana uma…

Livros à mão vazia
Posts / 22/08/2006

Reportagem de ontem do jornal “Valor Econômico”, assinada por Tainá Bispo, fala do alarme geral provocado pela apresentação de Fábio Godinho, diretor da Larousse do Brasil, no 34o Encontro de Editores e Livreiros, em Fortaleza. Tentando entender por que o mercado de livros no Brasil encolheu, segundo seus números, 26% nos últimos dez anos, com venda de 270 milhões de exemplares e receita de R$ 2,5 bilhões em 2005, Godinho apontou, além da desorganização do setor, razões econômicas. Destacou o fato de o preço do livro ter subido acima da inflação nesse período, o que faz sentido. Por outro lado, comemorou “a universalização do ensino médio”. Aí, acho que já não faz tanto. Que ensino é esse? O Brasil jamais terá um mercado leitor saudável enquanto insistir na sua educação de mentirinha. Considerando que qualquer medida nessa área só surtirá efeito a longo prazo, e que não se vê nenhuma medida decente no horizonte, não será surpresa para este blog se o mercado continuar murchando. Apertem os cintos.

A incrível história da ‘História de O’
Posts / 22/08/2006

“História de O”, romance publicado em 1954 com a assinatura de Pauline Réage, costuma ser considerado um dos maiores clássicos da literatura erótica de todos os tempos, e talvez a única obra do século XX a levar o tema às alturas – ou profundezas? – atingidas pelo Marquês de Sade. Conta a história da submissão voluntária de O a seu amante, num crescendo de provas psicológicas e castigos físicos que ela encara – eis o escândalo – cada vez mais feliz e realizada. Sim, o livro pode ser lido como um poderoso libelo antifeminista, embora, convenhamos, isso o empobreça terrivelmente. Tendo lido “História de O” já faz uns vinte anos, posso garantir que não é fácil apagar da memória algumas de suas imagens, como a que encerra o livro: a linda O, nua e com uma enorme máscara de coruja, finalmente despersonalizada, endeusada, cercada de homens devotos numa festa. Estranhíssimo. Deve-se reconhecer que essa insistência em permanecer na memória é mais do que se encontra na maior parte da literatura, erótica ou não. A verdadeira identidade da autora de “História de O” foi um grande mistério literário na França durante quarenta anos. Albert Camus chegou a garantir que o livro…

Começos inesquecíveis: Leon Tolstoi
Posts / 21/08/2006

Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira. A frase de abertura de “Ana Karenina”, obra-prima do romance que Leon Tolstoi começou a publicar na imprensa em 1875 (Editora Nova Aguilar, Obra Completa, volume 2, 2004, tradução de João Gaspar Simões), conseguiu virar aquilo que a maioria dos escritores só ousa perseguir em sonho: máxima, aforismo, provérbio, dito popular, pérola de sabedoria que parece não ter dono, mas brotar diretamente do inconsciente coletivo.

‘Bufo & Spallanzani’, museu da informática
Posts / 20/08/2006

Liguei o TRS-80. Primeiro o printer, Epson FX-80, conectado no computador. Depois, no drive 0 coloquei o Superscripsit e no drive 1 um floppy disk, para arquivo. A luz vermelha em cima dos drives acendeu e apagou quando o TRSDOS foi carregado. Mês, dia e ano, ENTER, hora, minutos, segundos, ENTER, luz vermelha acendendo e apagando, nos dois drives. READY. Escrevi: SS. ENTER. O menu do programa apareceu na tela. Bati 0. Name of document to open? Escrevi Bufo. ENTER. Na tela, Open Document Options: Document name: Bufo: 1 Author: Gustavo Flávio. Operator: GF. Comments: Romance Printer type: LP 8 Lines per page: 54 Pitch: P Line spacing (to 3 +, “+” = ½): 1 1st page to include header: 1 1st page to include footer: 1 Apareceu a screen page: a tab line, com o ghost cursor e a status line e as especificações de impressão do documento. No alto da “página” o cursor piscava. Tudo pronto para escrever. Pronto mesmo? Ufa. Perto do fim de seu bom romance “Bufo e Spallanzani” (1985), pouco antes de o narrador, que é um escritor de sucesso, apagar o livro em que vinha trabalhando, Rubem Fonseca capricha no informatiquês da época. Que…

Roberto Bolaño: ‘Os detetives selvagens’
Primeira mão / 19/08/2006

Ainda não terminei de ler “Os detetives selvagens”, do chileno Roberto Bolaño (Companhia das Letras, tradução de Eduardo Brandão, 624 páginas, R$ 59,50), mas o humor selvagem do que li dá e sobra – sobra muito – para recomendá-lo aqui no Primeira mão. O estranho romanção desse autor estranho, que morreu há três anos na Catalunha, onde viveu a metade de seus cinqüenta anos trabalhando em empregos modestos, é uma (falsa?) história de detetive radicalmente (anti?) literária: os detetives são poetas, a mulher desaparecida que eles procuram também é, e todas as conversas giram em torno do assunto, um tanto absurdamente, como se nada mais no mundo tivesse importância. E tem? “Os detetives selvagens” foi um dos muitos livros que Bolaño escreveu de forma caudalosa depois de ser “descoberto” tardiamente, aos 40 anos, com “A literatura nazista na América do Sul”. Lançado em 1999, o romance que sai agora no Brasil ganhou o prêmio Rómulo Gallegos, o mais importante da língua espanhola. Mais do que isso, foi saudado por muita gente boa – como Enrique Vila-Matas em artigo publicado no “Mais!” há dois meses – como a obra que finalmente tirou a literatura latino-americana do beco sem saída em que…

Quando Machado não era rei
Posts / 17/08/2006

Embora fosse coisa assente, a grandeza de Machado não se entroncava na vida e na literatura nacionais (nas primeiras décadas do século XX). A sutileza intelectual e artística, muito superior à dos compatriotas, mais o afastava do que o aproximava do país. O gosto refinado, a cultura judiciosa, a ironia discreta, sem ranço de província, a perícia literária, tudo isso era objeto de admiração, mas parecia formar um corpo estranho no contexto de precariedades e urgências da jovem nação, marcada pelo passado colonial recente. Eram vitórias sobre o ambiente ingrato, e não expressões dele, a que não davam seqüência. Dependendo do ponto de vista, as perfeições podiam ser empecilhos. Um documento curioso dessa dificuldade são as ambivalências de Mario de Andrade a respeito. Este antecipava com orgulho que Machado ainda ocuparia um lugar de destaque na literatura universal, mas nem por isso colocava os seus romances entre os primeiros da literatura brasileira. O artigo “Leituras em competição”, do crítico Roberto Schwarz, é um dos destaques da última edição da revista “Novos Estudos”, do Cebrap. Schwarz – que fez minhas leituras preferidas da obra de Machado de Assis nos livros “Ao vencedor as batatas” e “Um mestre na periferia do capitalismo”…

Literatura de mulherzinha: quem vê cara…
Posts / 16/08/2006

Esta é imperdível para editores e diretores de arte, mas não só para eles. Qualquer um que se divirta em desmontar clichês vai gostar de conferir o que a revista Print inventou: uma espécie de mapa (via Gawker) que organiza as capas dos livros, digamos, canônicos da tendência literária conhecida como chick lit, ou “literatura de mulherzinha” – uma das maiores minas de ouro descobertas pelo mercado editorial nos últimos anos. A organização das capas se dá por temas (saltos altos, drinques), cores (rosa, rosa e umas outras lá) e mais alguns elementos. Não muitos.

Abóbora gigante: Harry Potter x Tony Blair
Posts / 16/08/2006

Uma pesquisa conduzida nos Estados Unidos pelo Instituto Zogby (em inglês, aqui) descobriu que Harry Potter é reconhecido por um número maior de pessoas (57%) do que, por exemplo, Tony Blair (50%). E que muito mais gente consegue citar o nome de dois anões da Branca de Neve (77%) do que de dois juízes da Suprema Corte (24%). E era preciso fazer pesquisa para descobrir isso? Bom, a conclusão do pessoal que encomendou o levantamento, produtores de um reality show, é que a cultura de massa tem uma comunicação poderosa mesmo, puxa… Poderosa é a capacidade dos institutos de pesquisa de vender água da bica engarrafada.

Bomba, bomba: Günter Grass foi nazista militante
Posts / 15/08/2006

Depois de uma Flip encharcada de política, o Todoprosa gostaria muito de mudar a chave da conversa, mas brigar com notícia não dá. Os meios literários alemães estão em tumulto desde que Günter Grass, Nobel de Literatura de 1999, revelou ao jornal “Frankfurter Allgemeine” que foi nazista e chegou a pertencer às tropas da SS em 1945, no final da Segunda Guerra, quando tinha 17 anos. Grass, autor de “O tambor”, é – ou era? – um dos principais nomes do movimento artístico que ficou conhecido como Vergangenheitsbewaeltigung (algo como “acertando as contas com o passado”). Seu papel de consciência moral de uma geração, desempenhado ao longo de décadas, torna a revelação de agora mais chocante. Joachim Fest, biógrafo de Hitler, é uma das vozes que criticam mais duramente o escritor. “Não entendo como alguém pode se colocar numa posição de superioridade por 60 anos e só então admitir que também esteve envolvido. Para usar um dito popular, eu não compraria um carro usado dessa pessoa.” O livro de memórias em que Grass fala de sua adolescência durante a Segunda Guerra, “Descascando a cebola”, sai em setembro. Para justificar o longo silêncio, o escritor disse que sentia vergonha do passado….