Depois de uma Flip encharcada de política, o Todoprosa gostaria muito de mudar a chave da conversa, mas brigar com notícia não dá. Os meios literários alemães estão em tumulto desde que Günter Grass, Nobel de Literatura de 1999, revelou ao jornal “Frankfurter Allgemeine” que foi nazista e chegou a pertencer às tropas da SS em 1945, no final da Segunda Guerra, quando tinha 17 anos. Grass, autor de “O tambor”, é – ou era? – um dos principais nomes do movimento artístico que ficou conhecido como Vergangenheitsbewaeltigung (algo como “acertando as contas com o passado”). Seu papel de consciência moral de uma geração, desempenhado ao longo de décadas, torna a revelação de agora mais chocante. Joachim Fest, biógrafo de Hitler, é uma das vozes que criticam mais duramente o escritor. “Não entendo como alguém pode se colocar numa posição de superioridade por 60 anos e só então admitir que também esteve envolvido. Para usar um dito popular, eu não compraria um carro usado dessa pessoa.” O livro de memórias em que Grass fala de sua adolescência durante a Segunda Guerra, “Descascando a cebola”, sai em setembro. Para justificar o longo silêncio, o escritor disse que sentia vergonha do passado….