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Quando Machado não era rei
Posts / 17/08/2006

Embora fosse coisa assente, a grandeza de Machado não se entroncava na vida e na literatura nacionais (nas primeiras décadas do século XX). A sutileza intelectual e artística, muito superior à dos compatriotas, mais o afastava do que o aproximava do país. O gosto refinado, a cultura judiciosa, a ironia discreta, sem ranço de província, a perícia literária, tudo isso era objeto de admiração, mas parecia formar um corpo estranho no contexto de precariedades e urgências da jovem nação, marcada pelo passado colonial recente. Eram vitórias sobre o ambiente ingrato, e não expressões dele, a que não davam seqüência. Dependendo do ponto de vista, as perfeições podiam ser empecilhos. Um documento curioso dessa dificuldade são as ambivalências de Mario de Andrade a respeito. Este antecipava com orgulho que Machado ainda ocuparia um lugar de destaque na literatura universal, mas nem por isso colocava os seus romances entre os primeiros da literatura brasileira. O artigo “Leituras em competição”, do crítico Roberto Schwarz, é um dos destaques da última edição da revista “Novos Estudos”, do Cebrap. Schwarz – que fez minhas leituras preferidas da obra de Machado de Assis nos livros “Ao vencedor as batatas” e “Um mestre na periferia do capitalismo”…