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Livros à mão vazia
Posts / 22/08/2006

Reportagem de ontem do jornal “Valor Econômico”, assinada por Tainá Bispo, fala do alarme geral provocado pela apresentação de Fábio Godinho, diretor da Larousse do Brasil, no 34o Encontro de Editores e Livreiros, em Fortaleza. Tentando entender por que o mercado de livros no Brasil encolheu, segundo seus números, 26% nos últimos dez anos, com venda de 270 milhões de exemplares e receita de R$ 2,5 bilhões em 2005, Godinho apontou, além da desorganização do setor, razões econômicas. Destacou o fato de o preço do livro ter subido acima da inflação nesse período, o que faz sentido. Por outro lado, comemorou “a universalização do ensino médio”. Aí, acho que já não faz tanto. Que ensino é esse? O Brasil jamais terá um mercado leitor saudável enquanto insistir na sua educação de mentirinha. Considerando que qualquer medida nessa área só surtirá efeito a longo prazo, e que não se vê nenhuma medida decente no horizonte, não será surpresa para este blog se o mercado continuar murchando. Apertem os cintos.

A incrível história da ‘História de O’
Posts / 22/08/2006

“História de O”, romance publicado em 1954 com a assinatura de Pauline Réage, costuma ser considerado um dos maiores clássicos da literatura erótica de todos os tempos, e talvez a única obra do século XX a levar o tema às alturas – ou profundezas? – atingidas pelo Marquês de Sade. Conta a história da submissão voluntária de O a seu amante, num crescendo de provas psicológicas e castigos físicos que ela encara – eis o escândalo – cada vez mais feliz e realizada. Sim, o livro pode ser lido como um poderoso libelo antifeminista, embora, convenhamos, isso o empobreça terrivelmente. Tendo lido “História de O” já faz uns vinte anos, posso garantir que não é fácil apagar da memória algumas de suas imagens, como a que encerra o livro: a linda O, nua e com uma enorme máscara de coruja, finalmente despersonalizada, endeusada, cercada de homens devotos numa festa. Estranhíssimo. Deve-se reconhecer que essa insistência em permanecer na memória é mais do que se encontra na maior parte da literatura, erótica ou não. A verdadeira identidade da autora de “História de O” foi um grande mistério literário na França durante quarenta anos. Albert Camus chegou a garantir que o livro…