Passados setenta anos da publicação de “Angústia”, reafirmada sua excelência artística no âmbito da literatura brasileira, Graciliano Ramos parece ter-se enganado sobre seu livro mais polêmico. É conhecido o desconforto do escritor em relação ao romance que necessitava, segundo ele, ser revisto até chegar ao osso, sem as repetições e os excessos que julgava defeitos a serem sanados. A prisão em 3 de março de 1936 o impediu de realizar a revisão desejada, antes que o livro fosse editado com o autor ainda na cadeia. O “livro infeliz”, como Graciliano se refere a “Angústia” em “Memórias do cárcere”, vai aos poucos se impondo por meio de um processo de atração e repulsa, que marcará para sempre a postura do romancista diante da obra. Em artigo de capa no jornal “Rascunho”, o professor de literatura Wander Melo Miranda, autor de “Graciliano Ramos” (PubliFolha), comemora os 70 anos de “Angústia”, do autor preferido de Heloísa Helena.