Faz alguns anos que pesquisas no mundo anglófono vêm denunciando a insignificância do papel masculino entre os leitores de ficção: os homens respondem por cerca de 20% do mercado. Só. Não foi à toa que o inglês Ian McEwan, um dos maiores escritores vivos, declarou ano passado: “Quando as mulheres pararem de ler, o romance estará morto”. É sempre arriscado tirar conclusões muito ambiciosas em cima de estatísticas como essa. Faltam dados a respeito do sexo dos leitores de ficção em outros países – e em outras épocas, como quando Ernest Hemingway era rei com seus livros cheios de testosterona. Mesmo sendo difícil pôr em perspectiva números tão curiosos, já se começa a murmurar por aí que a dramática perda de prestígio cultural dos romancistas, ocorrida do último quarto do século XX para cá, está relacionada ao fato de os homens, os detentores do poder, estarem interessados mesmo é em livros de não-ficção. Obras sérias, sabe como? (Atenção: isso é uma ironia. O Todoprosa só se interessa por não-ficção quando ela fala de ficção.) O ótimo tema da feminilidade da leitura é discutido com graça em suas diversas implicações – políticas, culturais, filosóficas – num artigo (em inglês) publicado pela…