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Balanço da Flip
Posts / 13/08/2006

Ruth Lana, Mauro Munhoz e Liz Calder A 4a Flip, que está terminando hoje, custou 3,8 milhões de reais – incluindo apoios – e fez entre 12 mil e 13 mil pessoas circularem pela Tenda dos Autores, por onde passaram 37 escritores convidados. Os números foram divulgados hoje numa coletiva por Mauro Munhoz, diretor do evento. A Flipinha, programa educativo que encheu Parati de crianças, contadores de histórias e bonecos gigantescos inspirados – a maioria – na obra do autor homenageado Jorge Amado, foi um dos orgulhos da organização. Oito mil crianças de 36 escolas participaram da festa. A diretora de programação deste ano, Ruth Lanna, que participou da coletiva ao lado de Munhoz e Liz Calder, está de saída do projeto: acompanhará seu marido, o romancista Milton Hatoum, que vai passar todo o primeiro semestre do ano que vem na Universidade de Stanford, nos EUA, com uma bolsa de escritor. O nome do próximo diretor não foi divulgado. Para ouvir explicações de Munhoz sobre a sempre tumultuada venda de ingressos para a Flip, clique aqui; e sobre o espírito de um evento que faz questão de não crescer demais para não estragar, aqui. Talvez por ter sido realizada em…

Antologia flípica
Posts / 13/08/2006

CABEÇA “Interrompemos o fluxo das sentimentações agendadas, para que brote a visita de um afeto… Escrever é um combate para encontrar lugar no acolhimento. O acolhimento acontece quando o abismo recebe cidadania… Eu habito sempre entre o abismo e o clamor.” (Juliano Garcia Pessanha, autor de “Ignorância do sempre”, na mesa que abriu a Flip, quinta-feira.) MINEIRIDADE “Nó, mas o ser humano é miserável demais, gente!” (Adélia Prado, hoje de manhã, traduzindo sua descrença na espécie.) FOFURA “Eu não quero ter razão, eu quero ser feliz.” (Ferreira Gullar, ontem, irritando seu companheiro de mesa Mourid Barghouti.) CURTO E GROSSO “O que eu posso dizer para você? Existe uma coisa chamada ironia.” (Tariq Ali, em sua palestra de sexta-feira, quando alguém da platéia o acusou de ser homofóbico e anti-semita por ter citado um trecho de Proust em que o sionismo é criticado à luz da história de Sodoma e Gomorra.) CURTÍSSIMO E GROSSÉRRIMO “Aplaudam, seus f.d.p.! É Lilian Ross que está ali!” (Christopher Hitchens, aos berros na primeira fila da platéia da jornalista da “New Yorker”, exigindo que o público a reverenciasse no exato momento em que ela entrava no palco.) QUÍMICO “O cloridrato de fluoxetina me fez uma pessoa…

Lírico, delicado e… lamentável
Posts / 13/08/2006

O veterano Edmund White e a noviça Nicole Krauss, ambos americanos, acabaram encontrando pontos de contato suficientes entre eles para transformar a mesa que protagonizaram hoje na Flip em uma conversa agradável. A maior dessas afinidades foi a reflexão sobre como o establishment literário os categoriza, ele como gay assumido, ela como mulher. Nicole – que é mulher de Jonathan Safran Foer, também na Flip (veja nota abaixo) – queixou-se da grande incidência de adjetivos como “adorável”, “delicado” e “lírico” em resenhas sobre livros escritos por mulheres. “Talvez a escrita dos homens tenha mais chance de ser levada a sério”, disse ela, que veio ao Brasil no vácuo do lançamento de seu romance “A história do amor”. Um livro lírico, delicado e, por que não dizer, adorável. A observação de Nicole Krauss fez Edmund White se lembrar de um clichê associado a gays pelos produtores de Hollywood. “Quando estão discutindo nomes de roteiristas e alguém sugere um que seja gay, a reação é sempre a mesma: ‘Não, esse aí é muito bom no desenvolvimento de personagens, mas para construir uma trama não serve’”, contou White, um homem europeizado e afável, autor, entre outros, de “Um jovem americano” e “O homem…

Ferreira Gullar, o frasista
Posts / 13/08/2006

Ao lado do poeta palestino Mourid Barghouti, ontem, Ferreira Gullar enriqueceu com um bom punhado de frases de efeito o repertório da Flip. A última parece ter magoado Barghouti, que não luta por outra coisa senão o reconhecimento de que os palestinos têm razão. Mas o público aplaudiu delirantemente: A palavra não serve só para criar confusão. Ela serve também para esclarecer a confusão que a palavra cria. No fundo o que há é a linguagem coloquial, a palavra de todos nós. O poema é o lugar em que essa prosa vira poesia. Eu acho que nasci poeta. Há quem nasça ladrão, jogador de futebol… Essa história de ser lido daqui a duzentos anos, a gente não sabe. Se você não passa às pessoas alguma coisa de que elas necessitam, o livro não sobrevive. O povo carrega no colo as obras de arte. Depois de algum tempo, não tem mais o crítico amigo para dar uma notinha. Se o povo não gostar, dançou. Eu não quero ter razão, eu quero ser feliz.

Foer protesta contra excesso de política
Posts / 13/08/2006

A mesa “Nas fronteiras da narrativa”, ontem à noite, que reuniu dois dos mais festejados autores da nova literatura de língua inglesa, justificou as expectativas. O americano Jonathan Safran Foer (“Extremamente alto & incrivelmente perto”) e a escocesa Ali Smith (“Por acaso”) entabularam uma boa conversa focada nos bastidores do fazer literário, com direito a um protesto do primeiro sobre a politização excessiva da Flip: “Esse festival assumiu um ar político, o que eu acho um pouco triste. É a primeira vez que vou a um lugar cuja praça principal é devotada a fazer as crianças se apaixonarem pela leitura. Isso tem exatamente a mesma importância de qualquer coisa que façam políticos ou jornalistas”, disse Foer, um sujeito meio blasé que tem a maior cara de bom moço não apenas de Parati, mas de todo o litoral sul do Estado do Rio. Ali Smith (foto), que contrastava com seu parceiro de mesa esbanjando uma energia ao mesmo tempo elétrica e viajandona, o que contribui para seu jeitão de Björk das letras, preferiu trazer o tema da política para a conversa sobre o escrever: “A arte é inevitavelmente política, como tudo acaba sendo. O que não faz sentido é você ter…

Barghouti ataca Amos Oz
Posts / 12/08/2006

A mesa que o poeta palestino Mourid Barghouti dividiu com seu colega brasileiro Ferreira Gullar, hoje de manhã, não foi abafada por temas políticos – embora o traço de união mais evidente entre os dois autores seja o exílio, que Ferreira Gullar experimentou durante a ditadura militar nos anos 70 e Barghouti durante três décadas, ao fim das quais visitou sua cidade natal e escreveu sobre essa experiência em “Eu vi Ramallah” (Casa da Palavra). Apesar da mediação confusa de Alberto Mussa, a leitura de trechos de poemas e o bom debate que se seguiu acabaram por revelar mais afinidades entre Barghouti e Gullar do que se suspeitava – inclusive, quem diria, estilísticas. O momento de maior voltagem da mesa, porém, ocorreu quando pediram a Barghouti que opinasse sobre uma frase de efeito do escritor israelense Amos Oz: que palestinos e israelenses precisam aprendem a conviver como cônjuges divorciados que continuam dividindo a mesma casa. A resposta do poeta deixou claro que a paciência dos palestinos com Oz – que há duas semanas defendeu a intervenção militar no Líbano – anda em baixa: A situação na Palestina está muito além do alcance de declarações de escritores. Nós, palestinos, estamos desapontados…

O vingador
Posts / 12/08/2006

A agressividade de Christopher Hitchens (veja nota abaixo) lavou a alma de muita gente. Hoje de manhã – antes, portanto, da performance do inglês na Tenda dos Autores -, foi entreouvido na Praça da Matriz: “Está muito difícil ser judeu na Flip”.

Hitchens, o fio desencapado
Posts / 12/08/2006

Christopher Hitchens fez hoje na Flip o que dele se esperava, não só ao defender Israel e atacar o Hezbolá, assim como todos os movimentos políticos muçulmanos de inspiração religiosa, mas também ao expor suas idéias com uma agressividade até então inédita em Parati. Entre vaias e aplausos, como ocorrera com Tariq Ali, o crítico, jornalista e ensaísta inglês (radicado em Washington) chamou membros da platéia de idiotas e chegou a brindar seu companheiro de mesa, Fernando Gabeira, com o rótulo de “terrorista”. A frase foi dita em tom meio brincalhão, a propósito do fato de Gabeira até hoje não poder ingressar nos Estados Unidos por ter participado do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick. Hitchens se ofereceu para hospedar o deputado brasileiro no dia em que ele conseguir derrubar esse veto. “Tenho um quarto lá em casa reservado para terroristas simpáticos”, disse. Gabeira não retrucou. Não satisfeito, Hitchens partiu também para cima do mediador, o jornalista Merval Pereira: “Você não vai fazer nenhuma pergunta sobre literatura e reportagem?”. Merval disse que não. Não mesmo. Talvez inevitavelmente, a invasão do Líbano por tropas israelenses virou o grande assunto da 4a Flip, com fortes aspirações a ser o único. Depois do…

Toni Morrison: e a Virginia Woolf, hein?
Posts / 11/08/2006

A palestra de Toni Morrison, que terminou há pouco, revelou uma mulher sedutora, brilhante e engraçada que, de forma evidente, poderia ter sido mais bem aproveitada pelo público se sua obra fosse mais conhecida no Brasil. Para compensar o pequeno número de perguntas enviadas pelo público, a mediadora Maya Jaggi, inglesa, conduziu boa parte da conversa com uma seriedade acadêmica que contrastou à beça com o calor de sulista americana da conferencista. Abaixo, uma seleção de frases de Toni, Nobel de Literatura e autora de Beloved, recentemente eleito o melhor livro americano dos últimos 25 anos pelo “New York Times”. Imaginando uma entonação musical e às vezes lânguida – como é a própria prosa da autora, aliás -, a leitura fica mais fiel: Eu entendo o elogio implícito em dizerem que estou acima de questões de gênero e raça. O problema é que nunca ocorreu a ninguém dizer isso de Virginia Woolf, por exemplo. Prefiro me identificar como uma escritora mulher e negra mesmo. A ficção pode falar de coisas que a história não pode nem deve (sobre a importância de reelaborar o passado em seus livros). Eu vivo num país que adora não se lembrar do que aconteceu 30…

Tariq Ali esquenta o balneário
Posts / 11/08/2006

A leitura do manifesto pró-Líbano com que Tariq Ali abriu sua conferência hoje na Flip acabou por dominar o debate até o fim – como estava previsto. Nenhuma das perguntas encaminhada ao escritor pela platéia teve como tema qualquer questão ligada à literatura. E a verdade é que não fez falta. Melhor ensaísta e debatedor do que ficcionista, Ali protagonizou uma mesa vibrante, marcada aqui por aplausos de pé, ali por vaias, num clima de happening que esquentou – muito – a temperatura do balneário. Tariq Ali começou falando das relações entre literatura e política, que são profundas – uma verdade inegável. “Não há uma muralha da China separando literatura e política”, afirmou, citando autores previsíveis como Stendhal entre aqueles cuja obra tem motivação política e outros surpreendentes – como Proust – entre os que, mesmo sem essa intenção, produziram livros que admitem uma leitura política. Para provar que toda literatura tem algo de político – e também que não é “anti-americano”, um rótulo que diz odiar -, Ali elogiou o autor Cormac McCarthy, dizendo que seu Blood Meridian é “uma descrição perfeita da brutalidade do Império”. Aproveitou para emendar num elogio efusivo de “Cidade de Deus”, de Paulo Lins,…

Manifesto de Parati defende o Líbano
Posts / 11/08/2006

Tariq Ali abriu sua palestra hoje na Flip pedindo licença para ler um manifesto, assinado por vários autores reunidos em Parati, pela imediata retirada das tropas israelenses do Líbano. Destaca-se entre os nomes o de Toni Morrison, americana e ganhadora do Prêmio Nobel. A seguir, a íntegra do documento: Nós, autores abaixo assinados, reunidos em uma festival literário na idílica cidade brasileira de Parati, não podemos deixar de pensar nas vítimas das guerras no Oriente Médio. A invasão israelense do Líbano é apenas o episódio mais recente de uma série de guerras e ocupações. A destruição deliberada da infra-estrutura social do Líbano e os massacres de Marwahin, Qana e Srifa devem despertar a consciência do mundo. Na ausência de qualquer apoio por parte da “comunidade internacional” ao povo libanês e àqueles encurralados no gueto de Gaza, conclamamos todos os cidadãos dotados de consciência a levantar a voz contra esses crimes, especialmente nos EUA, onde as redes de televisão censuraram as imagens de vítimas civis. O plano cínico de utilizar uma força internacional da ONU ou da OTAN para favorecer os objetivos bélicos de Israel não trará qualquer solução. Para que se possa chegar a uma paz duradoura na região, são…

Enfim, uma ótima conversa sobre literatura
Posts / 11/08/2006

O debate de alto nível sobre o fazer literário desembarcou em Parati com um dia de atraso, mas compensou a demora com a qualidade da conversa. Aconteceu na primeira mesa de hoje, que reuniu o francês Olivier Rolin, o peruano Alonso Cueto e o gaúcho Luiz Antonio de Assis Brasil. A erudição articulada do português Mario de Carvalho (“Um deus passeando pela brisa da tarde”), ontem à noite, havia brindado a Flip com frases antológicas como esta: “Os livros não acabam. Nós os abandonamos”. Mas, no caso da mesa de Carvalho, dividida com o mexicano David Toscana, não chegou a haver propriamente um bate-bola. Os dois são distintos demais, faltou uma base comum de referências. Hoje foi diferente. O tema eram as relações entre “Prosa, política e história”. Podia ter dado em nada, ou em bem pouco, como costuma acontecer nos casos em que o tema é tão genérico que deriva para clichês vazios como “por que escrever?”, “de onde vêm suas idéias?” e coisas do gênero. Podia, mas não foi o que ocorreu. Graças principalmente a Rolin, autor de “Tigre de papel” (Cosac Naify), apresentado no Primeira Mão mão aqui do Todoprosa, e a Cueto, cujo “A hora azul”…

Hatoum e o silêncio do escritor
Posts / 10/08/2006

Em Parati a passeio, o romancista amazonense Milton Hatoum conversou com o Todoprosa sobre o prêmio Jabuti que acabou de ganhar com “Cinzas do Norte” e sobre a própria Flip, de que participou como autor convidado no primeiro ano e coordenando uma oficina de texto no segundo. Surpreendentemente, o tímido Hatoum afirma gostar dessas oportunidades de contato pessoal entre autor e leitor. “A presença física é importante, pela gestualidade, pela dicção… Às vezes até pelo silêncio você conhece um escritor”. Ouça a entrevista clicando aqui.

Hitchens: “Temos que aprimorar nossa capacidade de matá-los”
Posts / 10/08/2006

Como no ano passado, quando as bombas no metrô de Londres sacudiram a calma da Flip, a notícia sobre o plano dos atentados descoberto na capital inglesa fez a política internacional ocupar novamente o primeiro plano das conversas. O que é “obsceno”, segundo o inglês Christopher Hitchens, mas inevitável. Hitchens, que no sábado dividirá com Fernando Gabeira a mesa “Profissão repórter: na linha de frente”, teve que interromper hoje seus planos de uma sesta reparadora, que o deixasse novo em folha para novas rodadas de uísque com água mineral gasosa – a cachaça da terra não lhe fez a cabeça – a fim de escrever às pressas sobre o caso para a imprensa inglesa. Obscenidade é uma idéia precisa, principalmente quando se leva em conta o contraste entre a fisionomia carregada de Hitchens e as dezenas de crianças de uniforme escolar que corriam à sua volta na Praça da Matriz, entre contadores de histórias e bonecos de papel machê, dando à cena um jeitão comovente de utopia social. Ex-estrela da esquerda britânica que hoje não tem medo de ser chamado de direitista, Hitchens falou ao Todoprosa sobre as idéias que vai expor em seu artigo. Idéias fortes como esta: “Vai…

A musa era musa mesmo
Posts / 10/08/2006

“Para namorar. Quando comecei, era para namorar.” A resposta do poeta Carlito Azevedo à pergunta encaminhada por um espectador, “por que escrever poesia?”, na mesa “Vozes em verso”, hoje de manhã, foi provavelmente a mais desconcertante ouvida até agora na Flip. A falta de pose também é uma pose? Claro que é. Mas é impossível negar o que há de verdade profunda na confissão de Carlito. “Eu via as minhas limitações, não sou o Marcos Siscar, louro, alto, de olho azul”, disse ele, referindo-se ao poeta com quem ele e Astrid Cabral dividiam a conferência na Tenda dos Autores. “Precisava que prestassem atenção em mim por três minutos, que em geral é o que dura um poema.” E hoje, passada essa necessidade juvenil de impressionar namoradas, por que continuar a escrever poesia? “Para mantê-las”, responde Carlito.

Começou, está começado
Posts / 09/08/2006

Pronto, deu-se a mágica. Parati virou a capital brasileira da literatura do dia para a noite. Nessa hora importam muito pouco as críticas, que nunca estiveram em falta, às imperfeições do evento: começou, está começado. Enquanto as ruas de pedras irregulares são pisadas por exércitos de sapatos, sandálias e tênis fabricados nos quatro cantos do mundo, num assustador desafio à resistência de milhares de tendões, as quedas de luz na sala de imprensa fazem jornalistas experimentados perder de dez em dez minutos o trabalho escrito nos últimos dez minutos. Mas ninguém reclama. A prometida rede wi-fi? Amanhã, quem sabe, murmura-se nessa sucursal fluminense da Bahia. E daí, se você entra num botequim e encontra Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, ainda triste com a desistência de última hora de Ricardo Piglia? “O livro dele (‘O último leitor’) é a melhor obra de não-ficção publicada pela editora este ano”, avalia Schwarcz. Na mesa ao lado, o jovem autor angolano Ondjaki conta suas primeiras experiências com uma especialidade da terra: virou várias doses de cachaça e ficou de pé, garante. A voz firme e o equilíbrio passável confirmam a história. É pouco provável, porém, que a resistência do rapaz ao álcool…

Flip: Política & Cia
Posts / 09/08/2006

Roubei o nome do blog do amigo Guilherme Fiuza para enfeitar o título acima, mas tenho uma boa razão. Isso não é necessariamente um defeito – embora possa ser, dependendo do gosto do freguês –, mas a desistência do argentino Ricardo Piglia parece ter sido o que faltava para fazer a balança da 4a Festa Literária Internacional de Parati, que começa hoje à noite com um show de Maria Bethânia, pender de vez para o lado dos temas políticos, deixando a literatura em segundo plano. A inclinação não deixa de ser condizente com um evento em que o autor homenageado é Jorge Amado, que em sua fase realista-socialista foi o escritor brasileiro que mais resolutamente subordinou sua ficção a diretrizes político-partidárias em toda a história. Não é este o melhor Jorge Amado. Também não é o melhor desta Flip, em termos literários, o paquistanês-britânico Tariq Ali, que na sexta-feira, às 15h, estará sozinho na mesa intitulada – justamente – “Literatura e política”. Romancista pouco inspirado, Ali goza de reputação melhor como ensaísta militante e porta-voz da cultura muçulmana. Tem tudo para dominar a cena, especialmente enquanto as bombas israelentes caem no Líbano. No outro extremo do arco ideológico – se…