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Ainda o Jabuti
Posts / 09/08/2006

Alguns outros resultados do Jabuti, em categorias que envolvem texto: Ruy Castro (“Carmen, uma biografia”) levou o prêmio de biografia; Marcelino Freire (“Contos negreiros”), o de contos e crônicas; Affonso Romano de Sant’Anna (“Vestígios”), o de poesia; Mamede Mustafá Jarouche (“Primeiro livro das Mil e uma noites”), o de tradução; Gabriel o Pensador (“Um garoto chamado Rorbeto”), o de infantil. Isso é só o começo da lista. E tem mais: cada categoria conta com um pódio de três ganhadores. O Jabuti é fortíssimo candidato a prêmio mais prolixo da literatura mundial.

Jabuti para Hatoum
Posts / 08/08/2006

O amazonense Milton Hatoum, com “Cinzas do Norte” (Companhia das Letras), ganhou hoje o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria romance. A escolha é justa e nada surpreendente. Para a lista completa (19 categorias ou quer mais?), clique aqui.

Wisnik substitui Piglia
Posts / 07/08/2006

José Miguel Wisnik, com a palestra ?Machado maxixe?, baseada no ensaio homônimo publicado em seu livro ?Sem receita? (Publifolha, 2004), vai substituir o crítico e ficcionista argentino Ricardo Piglia na mesa das 17h de sábado, dia 12, na Festa Literária Internacional de Parati. ?Machado maxixe? analisa o conto ?Um homem célebre?, de Machado de Assis. Piglia, que seria uma das maiores atrações da Flip 2006 na opinião do Todoprosa (veja nota abaixo), alegou motivos de saúde ? uma virose ? para cancelar o compromisso. Sua editora, a Companhia das Letras, entrou hoje em contato com a organização da festa para saber se, chegando a Parati no sábado, o autor argentino ainda conseguiria falar ao público numa mesa improvisada no domingo. Recebeu resposta positiva. Em todo caso, é improvável que isso venha a ocorrer.

Começos inesquecíveis: Fiódor Dostoiévski
Posts / 07/08/2006

Voltava finalmente depois de uma ausência de duas semanas. Os nossos estavam havia já três dias em Rulettenburgo. Pensava que eles, Deus sabe como, me estariam esperando, mas enganava-me. O general parecia o supra-sumo da indiferença; falou-me com altivez e enviou-me à sua irmã. Saltava aos olhos que, fosse como fosse, haviam arranjado dinheiro. A mim me pareceu também que o general se esforçava muito por não me olhar. Mária Filipóvna estava muito atarefada e falou-me muito à pressa; aceitou, não obstante, o dinheiro, contou-o e escutou meu relato até o fim. À hora da refeição esperavam Miezientsov, um francês e também certo inglês; assim costumavam fazer enquanto tinham dinheiro: em seguida davam jantares à moscovita. Polina Alieksándrovna, ao ver-me, perguntou: “Vai estar ali muito tempo?” E sem esperar resposta, foi-se para não sei onde. Naturalmente, fez aquilo de propósito. Precisávamos, não obstante, ter uma explicação. Haviam-se juntado muitas coisas. Muitas coisas, realmente. Coisas demais? O início de “O jogador” (Obra completa, volume III, tradução de Oscar Mendes, Nova Aguilar, 1995), novela escrita por Dostoiévski em apenas três semanas em 1866, a fim de pagar uma dívida com seu editor, leva ao limite do pandemônio a máxima de que os…

Quando a literatura abraçou o mercado
Posts / 06/08/2006

A editora inglesa Penguin está comemorando os 60 anos da coleção Penguin Classics. A festa é justificada: a empresa criada por Allen Lane em 1935 fez tanto sucesso com sua estratégia editorial revolucionária que se tornou a maior responsável por trazer a literatura – um tanto tardiamente – para a era da comunicação de massa. A idéia de publicar conteúdo de qualidade em brochuras industrialmente baratas – suporte reservado até então à subliteratura e a reedições sem cuidado de textos caídos em domínio público – estreou no mercado em 1935. Trazia textos de autores (então) contemporâneos, como Agatha Christie e Ernest Hemingway. Só na década seguinte os clássicos entraram na dança, e o público, para surpresa de muita gente, continuou comparecendo. “O amante de Lady Chatterley”, de D.H. Lawrence, lançado em 1960, chegou a vender o número até então inconcebível de 3,5 milhões de exemplares. Para comemorar a data, a Penguin preparou uma lista dos cem melhores títulos da história da coleção – leia a reportagem do “Times”, em inglês, aqui.

Witold Gombrowicz: ‘Ferdydurke’
Primeira mão / 05/08/2006

“Comece pelo título. Que significa… nada. Não há no romance nenhum personagem chamado Ferdydurke. E isso é apenas um aperitivo da insolência que virá depois.” Assim começa o prefácio – reproduzido na edição brasileira – que a ensaísta americana Susan Sontag, fã de Witold Gombrowicz (1904-1969), escreveu para a primeira edição americana de “Ferdydurke” a ter tradução direta do polonês: antes, vergonhosamente, o francês servira de intermediário. A correção da falha histórica se deu outro dia mesmo, em 2000. E o romance do autor polonês (mais tarde exilado por 24 anos na Argentina) saíra em seu país-natal em 1937. Seis décadas de atraso na metrópole fazem parecer menos grave – ou no mínimo mais compreensível – que só agora essa obra-prima de iconoclastia, anarquismo e nonsense, narrada por um adulto que se vê arrastado de volta à adolescência por um professor, seja lançada aqui na periferia (Companhia das Letras, tradução de Tomasz Barcinski, 352 páginas, R$ 49). Os leitores do mineiro Campos de Carvalho, aquele que matou seu professor de lógica (leia mais aqui), não devem se surpreender com o estilo de Gombrowicz. Em compensação, ficarão felizes de lhe descobrir esse brilhante precursor. O príncipe dos mais gloriosos sintetistas de…

De Cervantes a Joyce, segundo Piglia
Posts / 03/08/2006

Finnegans Wake é um laboratório que submete a leitura a sua prova mais extrema. À medida que nos aproximamos, aquelas linhas nebulosas se transformam em letras e as letras se amontoam e se misturam, as palavras se transmutam, se alteram, o texto é um rio, uma torrente múltipla em contínua expansão. Lemos restos, pedaços soltos, fragmentos, a unidade do sentido é ilusória. A primeira representação espacial desse tipo de leitura já está em Cervantes, sob a forma dos papéis que ele recolhia na rua. Essa é a situação inicial do romance, seu pressuposto, melhor dizendo. “Sou aficionado a ler até pedaços de papéis pelas ruas”, afirma-se no D. Quixote. Poderíamos ver nesse trecho a condição material do leitor moderno: ele vive num mundo de signos; está rodeado de palavras impressas (que, no caso de Cervantes, a imprensa começou a difundir pouco antes); no tumulto da cidade, ele se detém para recolher papéis atirados na rua, deseja lê-los. Só que agora, diz Joyce em Finnegans Wake – ou seja, na outra ponta do arco imaginário que se abre com D. Quixote – esses papéis amassados estão perdidos numa lixeira, bicados por uma galinha que cavouca o chão. O trecho – e…

Geração agora é Ediouro
Posts / 02/08/2006

Para quem gosta de acompanhar os movimentos – nos últimos tempos, todos concentradores – do mercado editorial, é imperdível a reportagem do jornal “Valor Econômico” de hoje sobre a transformação da editora paulista Geração, fundada há 14 anos por Luiz Fernando Emediato, no nono selo da gigante carioca Ediouro.

Poupe a vida de Harry Potter, JK!
Posts / 02/08/2006

Num evento literário beneficente de que participaram ao lado de JK Rowling ontem à noite, no Radio City Music Hall, em Nova York, John Irving e Stephen King fizeram um apelo à autora para que poupe a vida de Harry Potter no sétimo e último livro da série sobre o jovem mago, que ela está escrevendo – notícia completa, em inglês, aqui. Ela não prometeu nada. “Estou cruzando os dedos pelo Harry”, disse Irving. Parece bobagem, e é. Mas muitas piscinas de lágrimas estão em jogo.

Salman Rushdie espanca Germaine Greer
Posts / 01/08/2006

A história dos protestos contra a filmagem do livro de Monica Ali sobre a comunidade bengalesa de Londres, apresentada na nota “Queimem Monica Ali!”, aqui embaixo, ficou muito melhor depois que Salman Rushdie chutou o balde. O autor de “Os versos satânicos”, nascido na Índia, escreveu uma carta para o “Guardian” (em inglês, aqui) atacando o movimento contra o filme. Até aí, normal. O que esquenta tudo é o ataque de Rushdie à intelectual feminista Germaine Greer, uma radical do “relativismo cultural” que, habituada a tomar o partido errado em qualquer discussão, defendeu os que querem inviabilizar o filme. Com a palavra, o autor: Seu (de Germaine Greer) apoio aos que atacam o projeto desse filme é filistino, santimonial e deplorável, mas não é surpreendente. Ela já fez isso antes, lembro-me bem. No momento culminante dos ataques ao meu romance “Os versos satânicos”, Germaine Greer declarou: “Eu me recuso a assinar petições em favor daquele livro dele, que é sobre os problemas pessoais dele”. Gentil, Rushdie preferiu não mencionar que, na mesma entrevista, de 1992, Germaine Greer defendeu a prisão de escritores dizendo que a cadeia é um bom lugar para eles porque lá “eles escrevem”. Se brigas desse tipo…