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Michel Houellebecq: ‘A possibilidade de uma ilha’
Primeira mão / 02/09/2006

O francês Michel Houellebecq, nascido em 1956, está completando meio século de vida, mas continua à vontade no papel de enfant terrible que o transformou, entre um livro escandaloso e outro, no romancista francês contemporâneo mais lido e comentado do mundo – papel, aliás, que andava vago há tempos no país. Admiro Houellebecq desde que li “Partículas elementares” (Sulina, 1999), mas devo acrescentar – embora isso seja tão pouco surpreendente que talvez cumpra direitinho o que o autor planejou desde o início – que se trata de uma admiração cada vez mais contrafeita, cercada de reservas que vão crescendo à medida que sua obra avança: depois do sucesso de “Partículas elementares”, a própria Sulina lançou seu livro de estréia, “Extensão do domínio da luta”. A Record tomou a frente em 2002, com o rumoroso “Plataforma”. Não está errado dizer que Houellebecq escreve romances de idéias, desde que essas idéias sejam entendidas como negativos dos clichês da esquerda – portanto, de certa forma, ainda clichês. Entre outros alvos mais casuais, “Partículas elementares” compra briga com os hippies e a contracultura da virada dos anos 60/70; “Extensão do domínio da luta”, com a liberação sexual; “Plataforma”, com os muçulmanos. O novo Houellebecq,…