Clique para visitar a página do escritor.
Martin Amis vai ao inferno
Posts / 04/09/2006

O conto “Os últimos dias de Muhammad Atta”, do inglês Martin Amis, que acompanha ficcionalmente – do ponto de vista do próprio Atta – as últimas horas de um dos terroristas mortos no atentado ao World Trade Center, foi publicado ontem pela revista do jornal “Observer”, de Londres, e pode ser lido aqui (em inglês, acesso livre). A história não é inédita: em abril deste ano saiu na “New Yorker”, mas, por razões contratuais, não deu as caras na versão online da revista. Se o conto é bom? No máximo interessante – e olha que eu gosto de Amis. Mas não dá para negar seu valor, digamos, histórico: de todas as abordagens ficcionais do 11 de setembro que começam a pipocar, esta é a que ousou chegar mais perto do centro do horror.

Flaubert, o arroz-de-festa?
Posts / 04/09/2006

Muitas das alegações de Flaubert devem ser entendidas com uma dose de ceticismo. A certa altura, por exemplo, ele expressou o desejo de escrever “un livre sur rien”, um livro sobre “nada” – livro ideal que ficaria de pé por meio da pura força do estilo e da estrutura, sem qualquer preocupação com o tema. Essa metáfora da criação desapegada de um artífice parecido com um deus foi muito citada por críticos ansiosos em arrolar Flaubert entre os primeiros pós-modernistas. Mas permanece o fato de que “Madame Bovary”, firmemente plantado na realidade cotidiana de sua Normandia nativa, continha uma carga precisa de matéria temática suficiente para fazer seus conterrâneos normandos urrarem de fúria. A resenha (em inglês, acesso livre) que Victor Brombert assina na última edição do “Times Literary Supplement” sobre o recém-lançado tijolo Flaubert – a biography, de Frederick Brown, faz foco nas meias trapaças que Gustave Flaubert (1821-1880) semeou sobre sua própria pessoa: o famoso eremita que desprezava o convívio social e se devotava inteiramente à arte não era tão misantropo assim, teve uma vida interessantíssima e exultou quando se tornou amigo e conviva habitual da Princesa Mathilde Bonaparte. O que, pensando bem, ameniza a traição representada por…