Clique para visitar a página do escritor.
Antônio Torres: ‘Pelo fundo da agulha’
Primeira mão / 09/09/2006

Com o romance “Essa terra” (1976), o escritor baiano Antônio Torres, nascido em 1940, conheceu uma coisa rara: o sucesso em dose dupla, de crítica e de público. Como um criminoso ou a vítima de um trauma fundador – ou um escritor, mistura de tudo isso? –, Torres nunca mais parou de voltar àquela terra, a cidadezinha de Junco. Foi em Junco que, abrindo a trilogia, chegou certo dia um tal de Nelo, filho pródigo de volta da cidade grande, para deslumbrar a numerosa família sertaneja com seus sinais exteriores de sucesso e em seguida se matar enforcado. Totonhim, o irmão que narra e tenta em vão compreender a trágica história, também se manda de lá, e muitos anos depois faz sua própria visita à terra natal, no romance “O cachorro e o lobo” (1997). Uma viagem diferente da de Nelo, rebaixada, esvaziada de toda dimensão heróica: “Agora sou eu o que volta, sem festa nem foguetório”, ele diz. “Pelo tempo em que estou à janela e pela rapidez com que as notícias correm neste lugar, já era para ter sido notado. Mas ninguém apareceu ainda para os rapapés de antigamente. Vai ver o ir e vir se tornou tão…