O romance “Travessuras da menina má” (Alfaguara, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht, 302 páginas, R$ 39,90), de Mario Vargas Llosa, saiu há cinco meses na Espanha e marca um momento especial na carreira do escritor peruano de 70 anos: sua obra completa começou a ser editada na mesma época e os rumores de que o Nobel de Literatura – que será anunciado mês que vem – tem lhe piscado um olho andam fortes como nunca desde que ele esteve este ano em Estocolmo, terra do prêmio, para participar de um monumental congresso de especialistas em sua obra. Assumido pelo próprio Vargas Llosa como sua primeira “história de amor”, o livro é divertido a seu modo ligeiro, distante da grandiosidade de, por exemplo, “Conversa na Catedral”. A paixão do protagonista Ricardo pela menina má do título se espalha no tempo – quatro décadas – e no espaço, passando por muitas das cidades em que o autor viveu, para esboçar um painel da segunda metade do século XX: Lima nos anos dourados, Paris no tempo do radicalismo estudantil, Londres quando ela era swinging, Madri na redemocratização. Em cada cidade o pobre Ricardo reencontra sua fria e impiedosa amada num novo…