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João Gilberto Noll: ‘A máquina de ser’
Primeira mão / 30/09/2006

O escritor gaúcho João Gilberto Noll chega este ano à categoria dos sessentões tendo uma obra vasta e coerente para mostrar. Nela predominam os romances: “A fúria do corpo”, “Bandoleiros”, “Harmada”, “Berkeley em Bellagio” e outros. Essa predileção pelas narrativas longas – ou relativamente longas, pois a verborragia aqui não tem lugar – sempre me pareceu intrigante. Meu livro preferido de Noll continua sendo o primeiro, de contos, “O cego e a dançarina”, lançado em 1980. O estilo marcante do autor, com sua indeterminação crônica instalada no coração mesmo das frases, das palavras, torna aflitivamente fugidios, estranhos, esgarçados, personagens e cenários. O que me parece bem menos adequado à narrativa longa que à curta, que pode prescindir com mais facilidade de uma arquitetura precisa, de um enredo calculado – ainda que calculado para confundir. Por tudo isso é muito boa a notícia de que, após publicar o volume de minicontos “Mínimos múltiplos comuns” (Francis, 2003), Noll já está de volta ao gênero, e dessa vez em tamanho mais suculento, com as 24 histórias de “A máquina de ser” (Nova Fronteira, 144 páginas, R$ 22), que chega às livrarias no próximo fim de semana. Abaixo, um conto inteiro, um dos melhores…