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Ainda a decadêndia da leitura: zapping
Posts / 04/10/2006

O que ainda pode haver de tão impressionante num fenômeno que todos sabemos que marca o nosso tempo – o do encontro de atenções cada vez mais dispersas com fluxos de informação cada vez mais acelerados? É uma obviedade que, por alguma razão, nunca nos ocorre quando somos jovens: há livros demais, cada vez mais, e tempo de menos, cada vez menos. Solução não há, mas o zapping não deixa de ser uma digna resposta humana a essa perversidade de Deus. Zapear, eu também zapeio. Mas não vou ficar surpreso se, exatamente porque o tempo anda tão curto e nossa atenção, tão impaciente, o romance longo vier a ganhar cada vez mais importância como santuário, como refúgio contra a tirania da velocidade. Os trechos acima são de Zap não pula por boniteza, um artigo que publiquei aqui no NoMínimo há pouco mais de dois anos, logo após fazer a mediação de uma mesa na II Flip em que Sérgio Sant’Anna declarou que já não tinha tempo para ler: agora, disse, apenas zapeava entre os livros. Tudo a ver com as observações de Daniel Galera sobre o, digamos, “rebaixamento do horizonte” da leitura como uma marca do nosso tempo (nota abaixo)….