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Orhan Pamuk: ‘Neve’
Primeira mão / 12/10/2006

O Nobel conquistado hoje pelo escritor turco Orhan Pamuk será comemorado no Brasil com o lançamento, dentro de duas semanas, de “Neve” (Companhia das Letras, tradução de Luciano Machado, 488 páginas, preço a definir). Trata-se do oitavo romance de Pamuk e, em suas palavras, “o primeiro e último político”. A história é realmente política do início ao fim, embora nada tenha de panfletária. O autor cria um microcosmo isolado por uma nevasca, a pobre e decadente cidadezinha de Kars, para encenar ali os conflitos étnicos, religiosos e ideológicos que agitam a Turquia de hoje – sobretudo o abismo que se abre num país dividido entre a modernidade ocidental e o tradicionalismo islâmico. A princípio uma testemunha perplexa do conflito, do qual acaba por se tornar peça-chave, Ka é um jornalista e poeta turco que passou os últimos anos exilado na Alemanha por razões políticas e visita a cidadezinha com dois objetivos: escrever sobre uma estranha epidemia de suicídios entre jovens muçulmanas e propor casamento à bela Ipek, sua colega dos tempos de universidade. No trecho abaixo, Ka reencontra Ipek pela primeira vez e tem com o editor do jornal local uma conversa que traça as linhas gerais da guerra que…

Pamuk ganha o Nobel
Posts / 12/10/2006

O prêmio Nobel de literatura para o romancista turco Orhan Pamuk só é surpreendente porque não foi surpresa alguma. Pamuk, de 54 anos, era o favorito este ano e vinha aparecendo entre os principais candidatos há algumas edições do prêmio, mas o Nobel, que gosta de uma surpresa, raramente premia favoritos. Embora o presidente da Academia Sueca tenha negado o caráter político da premiação (leia a notícia do “New York Times”, em inglês, mediante cadastro), é difícil desvinculá-la da recente controvérsia que cercou o nome de Pamuk, submetido a um processo (já encerrado) na Turquia por crime de opinião, após afirmar em entrevista que o país massacrou 1 milhão de armênios na Primeira Guerra Mundial – veja nota da época no Todoprosa aqui. Pamuk devolve o prêmio, digamos assim, a um país majoritariamente muçulmano, depois que o egípcio Naguib Mahfouz morreu em agosto deste ano. Como a de Mahfouz, pode-se ver sua literatura como uma rica fusão cultural entre Ocidente e Oriente. O autor turco é conhecido dos leitores brasileiros. Esteve no país ano passado, como convidado da Festa Literária Internacional de Parati, e tem seu romance “Neve” chegando às livrarias nos próximos dias – sim, a Companhia das Letras…