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Ficção, internet, salões de beleza – um debate
Posts / 17/10/2006

…a muitas outras pessoas, as possibilidades de se tornarem leitoras foram decididamente vedadas por nosso mundo volúvel e cínico – um mundo aturdido pelo botão de fast-forward, um mundo que iguala o estar quieto no seu canto com o não-ser, um mundo cujos habitantes sentem uma raiva lancinante de alguma coisa sem nome que lhes falta. “Eu não leio ficção”, as pessoas me dizem, normalmente num tom que beira o acusatório. “Isto é, nos dias de hoje, não é só um punhado de sujeitos usando a linguagem para tentar parecer inteligentes?” Sim, é exatamente isso! “Mas eu encontro a mesma coisa, e com mais rapidez, num blog. Ou no meu cabeleireiro.” O trecho acima faz parte de uma das respostas do escritor russo-americano Gary Shteyngart ao seu colega, este americano por inteiro, Walter Kirn, no bom debate encomendado aos dois pela revista eletrônica Slate sobre “O Romance, 2.0” – ou seja, o futuro da forma por excelência da literatura de ficção na era da internet. Ambos são jovens ou quase isso – Shteyngart na casa dos 30, Kirn na dos 40. Cada um escreveu três artigos curtos, em forma de carta dirigida ao outro, e a coisa toda tem momentos…