Devo à conjunção de um espelho e uma enciclopédia o descobrimento de Uqbar. A primeira frase de ?Tlön, Uqbar, Orbis Tertius?, o primeiro conto da coletânea ?O jardim de caminhos que se bifurcam?, lançada em 1941, resume Jorge Luis Borges. Ou pelo menos o Borges dos labirintos, da erudição absurda, lúdica e ardilosa, dos tempos paralelos ? tudo aquilo que daria origem ao borgianismo. O livro ganhou três anos depois o acréscimo de outros contos fundamentais, entre eles ?Funes, o memorioso?, e o nome de ?Ficções?. O melhor título do escritor argentino, na minha opinião. (Cito aqui a tradução que consta das ?Obras completas?, editora Globo, 1998, mas com uma liberdade: no título do livro, prefiro ?caminhos? a ?veredas?, que pode até ser uma tradução mais precisa do original senderos, mas soa meio pesado.)