Entre na sua livraria de sempre. Uma bancada estará provavelmente inundada de tons pastéis, letras bordadas e títulos que falam de compras, sapatos e mamães apetitosas: é o canto das meninas. Outra mesa exibe cores agressivas e capas que mostram helicópteros, soldados, lasers e caveiras – o canto dos garotos. Fico exausta só de olhar para isso – será que os hábitos de leitura de homens e mulheres cabem em clichezinhos tão banais? Por que, oh, por que qualquer mulher moderna compraria um livro com uma capa lilás? O blog de literatura que Ceri Radford mantém no site do jornal inglês “Daily Telegraph” vale uma visita. O olhar da moça tem freqüentemente uma candura que faz falta nesse mercado povoado de gente calejada que finge que já leu tudo, que nada mais é motivo de espanto. Ceri preserva uma qualidade fundamental em qualquer repórter, a capacidade de estranhar. Embora pareça, nessa nota ela não está falando de literatura infantil ou infanto-juvenil. Está falando de certos tipos popularíssimos – mais febrilmente consumidos lá do que aqui, é verdade – de ficção para adultos. As raízes dos clichês que deprimem a blogueira são profundas: a nota me fez lembrar que, criança, eu…