Encontraria a Maga? Tantas vezes, bastara-me chegar, vindo pela rue de Seine, ao arco que dá para o Quai de Conti, e mal a luz cinza e esverdeada que flutua sobre o rio deixava-me entrever as formas, já sua delgada silhueta se inscrevia no Pont des Arts, por vezes andando de um lado para o outro da ponte, outras vezes imóvel, debruçada sobre o parapeito de ferro, olhando a água. E, então, era muito natural atravessar a rua, subir as escadas da ponte, dar mais alguns passos e aproximar-me da Maga, que sorria sempre, sem surpresa, convencida, como eu também o estava, de que um encontro casual era o menos casual em nossas vidas e de que as pessoas que marcam encontros exatos são as mesmas que precisam de papel com linhas para escrever ou aquelas que começam a apertar pela parte de baixo o tubo de pasta dentifrícia. Este é o começo “natural”, o do percurso de leitura que vai do capítulo 1 ao 56, do romance “O jogo da amarelinha” (Rayuela), lançado em 1963 pelo argentino Julio Cortázar (Civilização Brasileira, 4a edição, 1982, tradução de Fernando de Castro Ferro). Há ainda, no mínimo, um segundo e ziguezagueante livro…