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Juan Claudio Lechín: ‘A gula do beija-flor’
Primeira mão / 04/11/2006

O boliviano Juan Claudio Lechín, 50 anos, está deixando de ser inédito no Brasil: lança hoje, na Feira de Porto Alegre, seu romance “A gula do beija-flor” (Bertrand Brasil, tradução de Ernani Ssó, 332 páginas, preço a definir). Premiado na Bolívia, o livro acompanha um congresso secreto de grandes especialistas em sedução e sexo, organizado em La Paz pelo protagonista, dom Juan, homem idoso – e velha estrela do sindicalismo – que se recusa a entregar os pontos. Cada capítulo traz o relato picante de um dos congressistas, histórias que dom Juan passa a usar em benefício próprio para tentar seduzir Maya, a estudante de jornalismo que o entrevista. E o que poderia ser apenas um compêndio de machismo latino-americano acaba virando, por engenho do autor, um tributo à esperteza feminina. Não estará errado quem lê-lo ainda como painel das relações sociais num país em ebulição. Com arestas formais que a linguagem, freqüentemente à beira do neologismo, espelha, “A gula do beija-flor” é um livro no mínimo vigoroso em sua mescla de humor safado e uma profunda melancolia. Impossível ficar indiferente ao retrato, patético mas terno, de um homem que se recusa a desistir de uma fome que hoje está…