O romance “Les bienveillantes” (veja nota de 27/10, abaixo), escrito em francês pelo americano Jonathan Littell, confirmou hoje sua condição de grande fenômeno literário do ano ao ganhar o prêmio Goncourt, o mais importante da França – aqui, em francês, a notícia do “Le Monde”. O livro, um tijolaço narrado por um ex-oficial nazista gay, já havia levado o Grande Prêmio de romance da Académie Française e tido seus direitos para os Estados Unidos vendidos por US$ 1 milhão. No Brasil, o Goncourt de Littell foi intensamente comemorado num casarão do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, hoje de manhã. Um leilão disputado por quatro grandes editoras brasileiras terminou com a vitória da Alfaguara, leia-se Objetiva. O valor não foi revelado – é de cinco dígitos – mas consta que Littell, 38 anos, que cuidou pessoalmente da escolha das editoras em todos os 16 países para os quais o livro foi vendido, levou em conta outros fatores além do valor financeiro.
Chegou a hora de fazer a minha confissão. Eu pertenci à juventude salazarista, que se chamava Mocidade Portuguesa. Pertencíamos todos: alunos da instrução primária, do ensino secundário, do ensino superior, todos sem exceção. Era, por assim dizer, automático. Digo no livro como consegui escapar a usar o fardamento e creio que essa foi a minha primeira vitória contra o fascismo. Mais não podia fazer. E para a revolução ainda era cedo. Em entrevista (acesso livre) a Antonio Gonçalves Filho no “Estadão” de sábado, a propósito de seu novo livro, “As pequenas memórias”, José Saramago se solidariza com o alemão Günter Grass. Seu colega de Nobel confessou ter sido hitlerista aos 17 anos.