Esta nota é destinada àquele cético que, ao topar numa livraria com a capa “cinematográfica” de “Dália Negra”, em que se vê Scarlett Johansson ombro a ombro com outras estrelas do elenco, tiver a – compreensível – tentação de classificar o (re)lançamento como um mero caça-níqueis destinado a atrair os pobres fãs do filme de Brian de Palma, que ainda está em cartaz, para uma literatura rasteira e oportunista. O cauteloso incauto deixará então de conhecer o melhor livro de James Ellroy, um dos mais originais e desconcertantes escritores do gênero policial da história. “Dália Negra” (Record, tradução de Cláudia Sant’Anna Martins, 3a edição, 432 páginas, R$ 45,90) é nada menos que uma obra-prima. O filme, infelizmente, não.