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Vida & arte – nesta ordem
Posts / 20/11/2006

“Sugerir que Jane Austen era lésbica ou Sófocles um travesti”, escreve o teórico da literatura Terry Eagleton, “é a forma encontrada por aqueles que não têm nada especialmente brilhante a dizer sobre a ironia ou o destino trágico para forçar sua entrada na cena literária. É um pouco como ganhar uma reputação de geógrafo eminente por achar o caminho do banheiro.” A literatura, em outras palavras, é grande demais, independente demais, importante demais para ser aprisionada nos domínios da vida. E de qualquer maneira, o que exatamente é tão importante na vida? O poeta John Ashbery uma vez me disse que nunca quis escrever sobre nenhum dos assuntos normais da vida porque “as mesmas coisas acontecem a todo mundo”. Há uma desconexão entre arte e vida que deveria nos pôr em alerta contra invasões morais ou psicológicas. Orwell se perguntou se nossos sentimentos em relação a Shakespeare seriam diferentes caso fosse descoberto que ele tinha o hábito de atacar menininhas sexualmente. Bem, seriam? A resposta, parece, é sim. O ótimo artigo de Bryan Appleyard no “Sunday Times” (acesso livre, em inglês, aqui) reflete sobre a fascinação do nosso tempo com a vida dos escritores, traduzida no boom das biografias, obras…