A idéia foi roubada de um post do blog de livros do “Guardian”, blog que foi uma das melhores notícias da – em geral mais louvada do que merece – blogosfera literária em 2006: eleger o livro mais superestimado do ano. Soa antipático? Soa, claro. Uma antipatia à moda inglesa. Mas não deixa de ser uma forma inteligente de retrospectiva. Ao inverter os sinais habituais em busca de identificar aquele livro que ocupou mais espaço em nossas vidas do que – percebemos claramente agora – fazia por merecer, estamos refletindo sobre o passado recentíssimo e nos imunizando contra uma praga comum nas listas que proliferam nesta época do ano, a do “vamos dar uma força para o Zé”. No blog inglês, melhor do que o post em si foi a resposta que ele provocou nos leitores, cada um em busca do seu livro superestimado de eleição. Mãos à obra, portanto, moçada. Fica aqui a minha contribuição: “Mastigando humanos”, de Santiago Nazarian (Nova Fronteira), foi tratado por parte substancial de nossa imprensa literária como um livro de originalidade lancinante, apenas por ser narrado por um jacaré. O papagaio de Verissimo chegou poucas semanas depois, e com prosa bem melhor, mas não…