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Começos inesquecíveis: Bret Easton Ellis
Posts / 23/12/2006

“Você vai causar uma ótima impressão.” Esta é a primeira linha de Lunar Park e na sua concisão e simplicidade deveria supostamente ser um retorno à forma, um eco, da frase de abertura do meu primeiro livro, Abaixo de zero. “As pessoas têm medo de mudar de pista nas vias expressas de Los Angeles.” Desde então, as frases de abertura dos meus livros – não importa o quanto artisticamente compostas – tornaram-se supercomplicadas e ornamentadas, com uma ênfase pesada e inútil nas minúcias. Que fique claro: o começo de “Lunar Park” (Rocco, 2006, tradução de Aulyde Soares Rodrigues e Maira Parula) parece ser mais inesquecível para seu próprio autor, o americano Bret Easton Ellis, do que para o leitor. Paciência. Uma seção como esta não poderia deixar passar um início de romance feito de inícios de romance, numa apoteose metalingüística que, se não me deu vontade de ler o livro, tem lá o seu engenho – ainda que cabotino. De Ellis, li nos anos 80 o bom “Abaixo de zero”, que o transformou no jovem da moda nas letras americanas, e nos anos 90 “O psicopata americano”, tão equivocado que me fez desistir do sujeito.