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Nabokov, mestre da auto-reflexão
Posts / 25/12/2006

“Mestre da ficção auto-reflexiva”, assim já se chamou Vladimir Nabokov (São Petersburgo, 1890-Montreux, Suíça, 1977). A verdade é que este escritor genial que estava convencido de o ser criou um estilo que, se com certeza é único, paradoxalmente fecundou de maneira extensa a narrativa norte-americana que não depende exclusivamente do realismo. Mesmo assim, Nabokov é um detalhista consumado; a quantidade de gestos, trejeitos e outras coisas extraídas da realidade que utiliza é impressionante; verdadeiramente fascinante é o modo pelo qual as transmuta em literatura, porque é tão minucioso ao selecionar o que seu olhar observa como ao transpor tudo isso para o território da imaginação. O constante fluxo de imagens em sua prosa é resultado de uma poderosa reflexão sobre as qualidades expressivas da linguagem, pois, como assinala seu biógrafo com acerto, “só quando a mente tenta olhar além da generalização ou do lugar-comum as coisas começam de verdade (o grifo é meu) a se tornar reais, individuais, detalhadas, diferenciadas umas das outras”. O melhor realismo seleciona, para o imitar, o que considera significativo da realidade; Nabokov dá a sensação de operar de modo inverso, isto é: só aceita a realidade que sua imaginação iluminou previamente; sua magia – ele…