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Começos inesquecíveis: Paul Auster
Posts / 04/02/2007

Seis dias atrás, um homem morreu em uma explosão à beira de uma estrada no norte de Wisconsin. Não houve testemunhas, mas parece que ele estava sentado na grama junto a seu carro estacionado quando a bomba que montava detonou por acidente. Segundo o relatório da perícia divulgado há pouco, o homem teve morte instantânea. Seu corpo explodiu em inúmeros pedacinhos, e fragmentos do seu cadáver foram encontrados a até quinze metros do local da explosão. Até hoje (4 de julho de 1990), ninguém parece ter a menor idéia de quem era o morto. Ninguém menos o narrador, é claro. E logo, se não abandonar o romance, o leitor poderá se juntar a ele. Tudo isso – para não mencionar a promessa, que será cumprida, de estudo ficcional sobre um tema que desde então só faz ficar mais atual e doloroso, o terrorismo – está contido nas linhas iniciais do excelente “Leviatã” (Companhia das Letras, 2001, tradução de Rubens Figueiredo), meu livro preferido de Paul Auster, lançado em 1992. Muito antes, portanto, de virar modismo entre intelectuais brasileiros espancar o escritor mais famoso do Brooklyn, como se ele fosse um escrevinhador chinfrim. Modismo gratuito, como quase todos, mas que parece…