Eis um belo paradoxo. Em todas as áreas da vida britânica, a acusação de falta de humor é um insulto cruel; não ser engraçado é praticamente um pecado nacional. Mas para ser considerado um dos “romancistas de verdade” deste país, hoje, você tem que ser mortalmente sério. Estou começando a temer que haja algum insidioso Zeitgeist rolando, uma estranha sopa em que se unem os Tempos Difíceis em que vivemos, um malformado desejo de categorizar e regras subterrâneas que ninguém articula mas todos sabem que estão lá. (…) Com raras exceções, o clima literário agora é de solenidade implacável. Uma noção nebulosa serpenteia em torno do subconsciente do romancista como uma trepadeira: você precisa ser sério, senão nunca vai ser resenhado nos jornais importantes ou terá a menor chance de conquistar uma vaguinha na posteridade. Tive vontade de aplaudir de pé esse pequeno artigo (em inglês, acesso livre) publicado no blog de livros do “Guardian” por Tania Kindersley. Ela cita Jane Austen e Graham Greene como escritores sérios dotados de fino senso de humor, para não mencionar o mais obviamente cômico Evelyn Waugh. Acrescenta que Martin Amis, cansado de jamais ganhar prêmios com suas comédias sombrias, “agora escreve sobre os…