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Bernardo Carvalho: ‘O sol se põe em São Paulo’
Primeira mão / 12/03/2007

Um escritor frustrado de São Paulo é abordado num restaurante da Liberdade por uma velha senhora japonesa que diz se chamar Setsuko. Ela deseja lhe contar a história de um triângulo amoroso de desenho cambiante, nebuloso, passado no Japão do pós-guerra. É assim que o narrador entra, e atrás dele o leitor, num labirinto de sombras, simulacros, mentiras e mal-entendidos, com personagens desenraizados em busca de uma verdade que sempre lhes escapa, deixando em seu lugar a versão, o texto. Ou lacunas. Bernardo Carvalho volta a confirmar sua posição de mais “pós-moderno” dos escritores brasileiros – o que é um clichê, sim, mas não apenas isso – com o romance “O sol se põe em São Paulo” (Companhia das Letras, 168 páginas, 34 reais). Sucessor coerente de “Nove noites” e “Mongólia”, o novo livro se aproxima mais do segundo por não ter a urgência e a visceralidade que, no caso do primeiro, isentam os constantes dribles narrativos da acusação de artificialismo. Mesmo assim, e apesar de um certo desleixo formal que se manifesta sobretudo em alguns tiques de estilo e informações repetidas, é inegável que a amplitude histórica, geográfica e, digamos, filosófica da tela na qual Carvalho risca suas histórias…